O longa-metragem que marca a estreia do diretor Eduardo Wannmacher, é um drama romântico que acompanha a vida de um jovem antropólogo, Raul (João Campos), a partir de seus romances passageiros, porém profundos, com três mulheres, com envolvimentos que vão de Porto Alegre até a Croácia, numa viagem atrás do amor e talvez até de um sentido para a vida.
O filme segue duas linhas temporais, uma em que ele chega à Croácia e depois as lembranças dele que explicam o que o fez chegar até ali. Na Croácia, Raul conhece Isabel (Elisa Volpatto), que é uma brasileira, que já vive no país à alguns anos, mas assim como ele está buscando um rumo na vida, só que no sentindo contrário, já que acabou de sair de um relacionamento.
Raul, que está atrás de um antigo amor, acaba acolhendo Isabel em sua viagem de carro, pois tudo que ela quer é fugir de seus problemas naquele momento, e, Raul parece ser a solução de seus problemas. Porém, mal sabe ela que ele é a pessoa mais problemática quando o assunto é relacionamentos.
Apenas nessa ocasião que entra em cena o passado de Raul. Essa fase de sua história se divide em duas partes, sendo a primeira com Suzi (Branca Messina), sua grande paixão, um amor jovial daqueles que parece que vai ser para a vida toda. Até o momento que ela vai embora estudar em outro país. Raul fica desolado, tudo que Suzi deixou foi um isqueiro e o nome de uma cidade. Nada de telefones, e-mails, endereços ou qualquer coisa que os dois pudessem manter contato.
Numa segunda fase, algum tempo já se passou desde que Suzi foi morar fora, mas Raul nunca superou sua partida. Portanto, como uma maneira de encarar o vazio deixado pela amada, ele começa a fazer terapia com a psicóloga Manuela (Silvia Lourenço). Os dois começam a estender os encontros para além das consultas e passam a se relacionar.
Depois de Ser Cinza tem o roteiro assinado por Leo Garcia (roteirista em Legalidade, 2019) que demonstra em sua obra os impactos que os relacionamentos causam em nossas vidas, tomadas de decisões e até mesmo os nossos rumos. No caso desse longa-metragem, no sentido mais literal possível, uma vez que em busca do amor, não existem fronteiras para o nosso personagem central que é Raul.
Com a questão da linha temporal pautada pelos relacionamentos de Raul com Isabel, Suzi e Manuela, o filme pode parecer confuso para algumas pessoas. Na verdade, baseando-se na personalidade de Raul, os rumos que o longa-metragem toma faz sentindo na confusão gerada por ele mesmo em sua vida, indiretamente demonstrando que tudo aquilo que ele fez não faz sentido.
Dentro do o que filme se propõe é interessante a reflexão acerca dos relacionamentos e das transformações que eles têm em nossas vidas. Ao mesmo tempo, a demonstração de que forma cada pessoa e suas características, agregam conhecimentos e experiências a nós mesmos. Depois de Ser Cinza é um filme sobre romances contemporâneos, podem ser passageiros, profundos, à distância, mas que cada um tem seu significado e valor no final das contas na nossa trajetória.
Além disso, os atores são muito bons, na verdade eles carregam a trama nas costas e em suas entregas, sem exceções, todos estão muito bem. Outro ponto positivo é ver uma obra brasileira que roda em locações além das nossas fronteiras, explorando novas linguagens e formatos, algo talvez pouco explorado em nosso cinema e interessante de se consumir. Justamente, nessas externas que rodam fora do país é possível apreciar uma bela fotografia, que apesar de ser cinza assim como o título do filme, tem o seu charme.
Título Original: Depois de Ser Cinza
Direção: Eduardo Wannmacher
Duração: 98 minutos
Elenco: Elisa Volpatto, Branca Messina, Silvia Lourenço, João Campos
Sinopse: A jovem artista plástica Isabel decide largar tudo no Brasil para tentar uma nova vida na Croácia. Após cinco anos, sofre um grande trauma e se encontra sozinha no país balcânico. É nesse momento que conhece um homem diferente, ainda mais atormentado que ela.
Trailer:
Conta para a gente de que forma relacionamentos já transformaram sua vida? Vai querer saber como a vida de Raul fica?
