A Pior Pessoa do Mundo é um dos filmes mais crus e sinceros sobre a vida adulta dos últimos tempos. E não é só eu que acho isso, o filme ganhou diversas premiações, entre elas, o Prêmio Goya de Melhor Filme Europeu, British Independent Film Award de Melhor Filme Estrangeiro Independente, New York Film Critics Circle Awards de Melhor Filme Estrangeiro, Prêmio Amanda de Melhor Atriz, entre outros!
O filme mostra alguns dos principais dilemas da vida adulta: carreira, vida amorosa, maternidade, e em todos esses pilares nós acompanhamos os dilemas da protagonista Julie, interpretada magistralmente por Renate Reinsve.
Quem nunca ficou em dúvida sobre que carreira seguir ou ficou pulando de galho em galho até se encontrar? E, sendo muito sincera, muito provavelmente muitos de nós partiremos para o segundo plano sem nunca de fato termos conseguido trabalhar com aquilo que nos transbordava paixão. No entanto, se você pudesse morrer tentando se encontrar, você não faria isso?
Quem nunca teve algumas relações rasas, vazias, problemáticas até encontrar alguém que sentiu ser a pessoa certa? E depois acabou tendo o desprazer de perceber que a pessoa certa não era a pessoa certa? E não seria maravilhoso termos um alto nível de autoconhecimento sobre tudo de nós mesmos para conseguirmos nos relacionar melhor com as pessoas, sem ficar acreditando que tem uma metade da laranja perfeita que vai encaixar à todo custo?
E quem nunca teve dúvidas sobre querer ter filhos? Quem nunca se perguntou se seria uma boa mãe, um bom pai? Ou se perguntou se estava fazendo a coisa certa, mesmo com um bebê à caminho?
Ao vermos todos esses conflitos serem explorados ao longo do filme, ficamos até meio agoniados de presenciar tantas incertezas da personagem. Durante o filme, nos pegamos com aquela feia mania de pai: julgando a Julie e querendo desesperadamente que ela conclua alguma coisa logo e faça algo da sua vida, que tome logo as decisões, que pare de se atrapalhar tanto, afinal, ela já tem 30 anos …
Mas e daí que ela já tem 30 anos? As pessoas não morrem mais com 30 ou 40 anos, ela ainda tem uma vida inteira pela frente. E daí que ela tem indecisões sobre sua carreira, seus relacionamentos e sobre maternidade? Por que temos tanto desespero para traçar o quanto antes todos os prismas da nossa vida? Alguém realmente tem certeza de alguma coisa?
Bom, isso é tudo que o filme vai te fazer pensar sobre! E enquanto isso tudo acontece, somos agraciados por essas atuações norueguesas belíssimas. Todos os personagens mandaram super bem, foram super convincentes em seus papéis, e deixo aqui uma menção honrosa para Renate Reinsve (Julie) e Anders Danielsen Lie (Aksel).
O estilo de história e filmagem me lembrou muito os filmes franceses, então para quem gosta do cinema francês, A Pior Pessoa do Mundo será um prato cheio, é perfeito para quem gosta de refletir na vida enquanto se deleita com um ótimo filme!
Título Original: Verdens Verste Menneske
Direção: Joachim Trier
Duração: 128 minutos
Elenco: Renate Reinsve, Anders Danielsen Lie, Hebert Nordrum, Ruby Dagnall, Maria Grazia Di Meo, Hans Olav Brenner, Sigrid Sollund, Anna Dworak, Helene Bjorneby
Sinopse: Julie é jovem, bonita, inteligente e não sabe exatamente o que deseja em uma carreira ou parceiro. Uma noite ela conhece Aksel, um conhecido romancista gráfico 15 anos mais velho que ela, e eles rapidamente se apaixonam. Ela também conhece um barista de café, Eivind, que também está em um relacionamento. Julie tem que decidir, não apenas entre dois homens, mas também quem ela é e quem ela quer ser. Entre idas e vindas, Julie escolhe com quem ficar e mais problemas surgem em sua vida.
Trailer:
E aí, você está preparado para começar a refletir mais e (se) julgar menos?