Crítica: Ursinho Pooh – Sangue e Mel (2023, de Rhys Frake-Waterfield)

Ursinho Pooh e sua turma marcou gerações com suas animações, que normalmente passavam na televisão ou era possível adquirir de alguma forma, seja em VHS ou DVD na época. Pooh, Leitão, Tigrão, Ió, Corujão, Abel, Can e Guru são personagens que, pelo menos aqui no Brasil, movimentaram a economia vendendo desde brinquedos à artigos escolares e de papelaria.

Originalmente, Ursinho Pooh foi criado por Alan Alexander Milne e quem teria o inspirado foi o urso de pelúcia do seu filho Christopher Robin Milne. Seu filho e o ursinho foi o que originou Winnie-The-Pooh, inicialmente contos, depois o livro e posteriormente a animação da Disney, que é quem detém os direitos da obra.

Em 2018, a Disney lançou Christopher Robin – Um Reencontro Inesquecível, um tiro certeiro do estúdio, pois a proposta do filme era o que? Dialogar com o adulto que cresceu vendo Pooh, consumindo coisas dele, mas que agora era apenas um adulto, vivendo uma vida de adulto e fazendo coisas de adulto. Exatamente como Christopher Robin era, a mensagem do filme é sobre o que deixamos para trás quando crescemos, desde sonhos, valores e outras belas reflexões sobre a vida.

Cinco anos depois, o público vai poder conferir uma versão medonha de Pooh em Ursinho Pooh – Sague e Mel,  escrito e dirigido por Rhys Frake-Waterfield. O cineasta resolve lançar uma proposta de Pooh (Craig David Dowsett) em que depois que Christopher Robin (Nikolai Leon) cresce e deixa para trás os seus amigos do Bosque dos 100 acres, esses mesmos amigos também deixam de ser fofinhos e passam a ser vilões sedentos por vingança.

Desde que saiu a notícia que o longa-metragem estava em desenvolvimento, as expectativas eram as piores possíveis, porque de fato não tinha como isso ser bom. Pois, não é como você pegar um boneco e transformá-lo em assassino ou pegar amigos imaginários e fazer deles espíritos malignos como muitos filmes de terror que já temos. Ursinho Pooh – Sangue e Mel pega uma história completamente sensível e delicada e tenta transformá-la em algo bizarro.

Bizarro, na verdade, é uma excelente expressão para definir esse filme. Pois, se pelo menos sua proposta em transformar os personagens clássicos em vilões fosse com um ursinho do mal, ou um leitão selvagem e sanguinário. Mas, não, o filme coloca dois homens com máscaras e fantasias de urso e porco. É tão grotesco que até mesmo os personagens não sabem se estão lidando com gente ou bicho.

Em defesa do longa-metragem, para os amantes de slasher, gore e trash, é um prato cheio. O filme é repleto de cenas violentas e mortes sangrentas. Vai rolar tripas, olhos, de tudo um pouco. Mas somente isso não sustenta um longa-metragem. Até o momento em que Pooh captura Christopher e a namorada faz sentido, porque trata-se de um acerto de contas, mas depois com os outros crimes e desaparecimentos, perde-se o rumo de vez.

Quando você pensa que não pode piorar, piora. Entra em cena um grupo de mulheres que resolvem se hospedar em uma casa, próxima ao Bosque dos 100 Acres, mesmo com todas as notícias e riscos evidentes do local, um dos mais velhos clichês de filmes de terror. Outra coisa clichê são as cenas de perseguição que me lembrou muito filmes como Pânico (1996) ou O Dia do Terror (2001) em que as vítimas, quando estão diante do agressor, em vez de pegar o caminho para se salvarem, escolhem o caminho que não tem escapatória. A diferença entre esses slashers e Ursinho Pooh – Sangue e Mel é que os outros citados dão medo, já esse chega a ser engraçado como a coisa se desenrola. Ele faz referências à Sexta-feira 13, tanto pela locação, quanto pelos assassinatos também.

Considerando que o filme foi feito com um orçamento de 100 mil dólares, eles fizeram milagre e entregaram um filme até acima do esperado. Peca em roteiro, atuações e alguns efeitos, mas dentro do que se propõe acho que cumpre a função de ser trash e violento. Não é um filme para ser levado a sério, dessa forma tem menos chances de você se decepcionar por completo.

Título Original: Winnie-The-Pooh: Blood and Honey

Direção: Rhys Frake-Waterfield

Duração: 84 minutos

Elenco: Nikolai Leon, Maria Taylor, Natasha Rose Mills, Amber Doing-Thorne, Daniele Ronald, Natasha Tosini, Paula Coiz, May Kelly, Danielle Scot, Craig David Dowsett, Chris Cordell

Sinopse: Christopher Robin vai para a faculdade e não tem mais tempo de cuidar de Pooh e Leitão. Quando a vida dos personagens se torna difícil, eles precisam se virar sozinhos e acabam se voltando às suas raízes animalescas.

Trailer:

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