Crítica: Nosso Sonho (2023, de Eduardo Albergaria)

“A gente é união. É Claudinho e Buchecha, não Buchecha sem Claudinho”

É impossível ter vivido os anos 90 e 2000 e ser imune ao fenômeno estrondoso que foi a dupla de maior sucesso do funk melody do Brasil, Claudinho e Buchecha. Em verdade, é impossível falar de música nacional sem lembrar dos MCs que levaram o funk da periferia para as ruas de todo o país com hits como “Só Love”, “Quero Te Encontrar” e “Nosso Sonho”, que dá nome ao filme. Realizar uma cinebiografia sobre a dupla, portanto, principalmente com o fim trágico e abrupto no auge da carreira, é uma tarefa desafiadora, delicada e perigosa. Tendo isso em mente, a maestria artística e técnica que Nosso Sonho apresenta o torna ainda mais digno de todo o reconhecimento que sua pré-indicação ao Oscar representa.

Mais do que uma história sobre a carreira da dupla e sua jornada rumo ao estrelato, o filme é um convite ao espectador a mergulhar no universo particular de uma amizade de infância que se tornou uma parceria de vida. Levados de volta onde tudo começou, em São Gonçalo da década de 80, não apenas descobrimos mais sobre Buchecha (Juan Paiva) e suas relações familiares conturbadas, como também nos sentimos cúmplices dessa amizade cada vez mais forte e estreita que se estabelece entre os protagonistas. O público é testemunha e ao mesmo tempo parte ativa dessa ligação. Nesse ponto, Nosso Sonho consegue balancear com precisão fatos e dramaticidade, alívio cômico e nostalgia.

“Tem que ter fé”

O ano é 1993 quando Buchecha se vê obrigado a deixar a mãe em São Gonçalo para ir viver com a tia no Salgueiro. Lá o garoto é salvo uma segunda vez por Claudinho (Lucas Penteado), que o “rebatiza” com o apelido que carrega até hoje e o apresenta o local e moradores. Inicialmente cético sobre a proposta de formar uma dupla de MC’s, Buchecha concorda em participar de um concurso ao lado do amigo para representar a comunidade. O que nenhum dos dois poderia prever, é que esse seria o início de suas carreiras no mundo da música.

A produção não deixa de abordar os percalços que eles enfrentam em seu caminho para o sucesso e reconhecimento e como isso interfere em outros aspectos de suas vidas. Em uma das cenas mais emocionantes do filme, Claudinho passa o telefone de um orelhão para os produtores musicais e aguarda fielmente a ligação ao lado de um Buchecha descrente. Ele acalma o amigo e negocia a gravação do que seria o primeiro álbum da dupla. Em suas palavras, “tem que ter fé”.

“Nosso sonho não vai terminar”

Por um aspecto técnico, o longa é a combinação perfeita de excelência de roteiro, fotografia, edição, direção de arte, atuação — com química absurda entre os protagonistas — e trilha sonora; por um aspecto artístico, Nosso Sonho emociona, diverte, envolve e tira o público da cadeira com músicas que marcaram uma geração. O longa é uma grande homenagem e carta de amor à Claudinho e à música brasileira. A combinação de tudo isso é imperdível e chega às telas no dia 21. Para quem é fã da dupla, quem quer conhecê-los ou apenas para aqueles que são apaixonados por um bom produto audiovisual, essa é a pedida certa com toda certeza. E vamos torcer para levar o funk melody ao Oscar.

Título Original: Nosso Sonho

Direção: Eduardo Albergaria

Duração: 117 minutos

Elenco: Juan Paiva, Lucas Penteado, Tatiana Tiburcio, Nando Cunha, Lellê, MC Negão da BL, Isabela Garcia, Antonio Pitanga e Clara Moneke.

Sinopse: “Nosso Sonho” é uma cinebiografia de “Claudinho e Buchecha”, dupla de maior sucesso do funk melody nacional de todos os tempos e ícone máximo do gênero na música brasileira. A história de uma amizade que se transforma em força de superação e conquista. Um filme que mostra como o ritmo e a poesia da periferia conquistaram o Brasil. Uma história real repleta de fantasia. Um musical, emocionante e divertido, feito de drama e tragédias, mas também de humor, surpresas e redenção.

Trailer:

E você, o que achou do filme? Já era fã da dupla ou conheceu agora? Deixa aí embaixo sua música favorita deles e vamos torcer muito pelo Oscar 😉

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