Triângulo da Tristeza (2023, de Ruben Ostlund)

Não se deixe enganar pelo título, Triângulo da Tristeza não é nenhum drama que vai te fazer chorar, mas sim uma sátira afiada e indigesta sobre a sociedade, mais especificamente sobre ricos e pobres, capitalismo e comunismo, opressores e oprimidos … 

Esse filme pode ser bom ou ruim dependendo da visão de mundo, ideologias, posicionamento político e classe social de quem o  assiste. Principalmente se quem assiste possui consciência de classe ou não. 

Por esses motivos, Triângulo da Tristeza será uma caixinha de surpresas até que você o assista e tire suas próprias conclusões. Mas de qualquer forma, vale muito a pena, porque sempre é um bom momento para refletirmos mais sobre o mundo que estamos inseridos e que parte das fatias sociais nós de fato pertencemos.

Ao longo do filme somos expostos a diversas provocações, como os ricos morrendo ou ficando em cima das merdas que eles mesmos fizeram (literalmente), ou os pobres trabalhadores saindo da condição de oprimidos e se tornando então os opressores, e você, enquanto assiste, fica naquele dilema moral de “o que será que eu devia estar achando disso tudo?”

E se eu pudesse dar um conselho é: por favor, coloca a caixola para funcionar e se proponha a refletir sobre tudo que você for exposto ao longo do filme e tente ir além disso e comece a questionar o mundo real que você está inserido, porque apesar de Triângulo da Tristeza ser um filme bastante exagerado, propositalmente feito para te causar desconforto, ele é muito mais real do que você pode imaginar, porém, nem tudo é tão 8 ou 80 e é dentro desse abismo que você precisa entrar e começar a questionar. 

A direção, fotografia e trilha sonora são fantásticas, essa tríade feita tão perfeitamente é a responsável por te causar ansiedade, agonia, desconforto e muito nojo, dependendo do quanto você for sensível a cenas explícitas de vômito e fezes. E não pense que todas essas sensações terão um fim, muito pelo contrário, toda a tensão do filme vai sendo construída gradativamente e acaba num clímax que você fica de boca aberta no fim se perguntando “O que? É isso mesmo? O que eu devo pensar agora? No que devo acreditar? Qual lado quero abraçar?” E acho que essa é exatamente a proposta do filme, tirar você da história e levar a reflexão para a vida. 

Desculpa por essa foto, mas é só para você ter uma ideia do tipo de nojeira que tem presente no filme. E olha que de todas as cenas absurdamente nojentas, essa da imagem acima é a mais levinha que tem, então, vá preparada(o).

O elenco por completo deu um show! Com menção especial para Charlbi Dean (Yaya), Harris Dickinson (Carl), Dolly De Leon (Abigail), Woody Harrelson (Capitão) e Zlatko Buric (Dimitry), pois apesar de todos terem sido fantásticos, foram esses nomes que fizeram Triângulo da Tristeza brilhar.  

Agora eu te pergunto, será que você está preparado para lidar com suas emoções para assistir a esse filme? E será que você está preparado para rever sua visão de mundo após ter assistido? Infelizmente ou felizmente, essas são perguntas que você só vai ter a resposta depois de assistir. Mas lembrem-se: ninguém é 100% bom ou 100% ruim, mas as nossas escolhas possuem consequências, você se importa com elas?

Título Original: Triangle of Sadness

Direção: Ruben Ostlund

Duração: 150 minutos

Elenco: Charlbi Dean, Harris Dickinson, Dolly De Leon, Woody Harrelson, Zlatko Buric, Carolina Gynning, Vicki Berlin, Sunnyi Melles, Alicia Eriksson, Eiris Berben, Arvin Kananian, Henrik Dorsin, hanna Oldenburg, Jean-Christophe Folly

Sinopse: O casal de modelos Carl e Yaya são convidados para um cruzeiro de luxo para super-ricos. O que a princípio parecia digno de ser postado nas redes sociais, termina catastroficamente quando uma brutal tempestade atinge o barco, deixando os sobreviventes presos em uma ilha deserta e lutando para sobreviver.

Trailer:

Todos a bordo para refletir sobre questões sérias da vida dando muita risada?

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