Crítica: Muti – Crime e Poder (2023, de George Gallo)

Não conseguindo lidar com a perda de sua filha, o Detetive Boyd (Cole Hauser) se vê encarregado da investigação de uma série de assassinatos brutais em Clinton, Mississipi, que tem como única pista uma inscrição na parede em uma língua aparentemente desconhecida. Em Roma, o Inspetor Lavazzi (Giuseppe Zeno) se vê tentando capturar um homem “fantasma” responsável por diversos crimes contra jovens mulheres. Duas histórias paralelas que colidem em um ponto: os crimes são cometidos de acordo com um ritual tribal do qual ambos desconhecem. A única pessoa capaz de ajudar a fazer sentido dos crimes recentes é o professor de estudos africanos, Dr. Mackles (Morgan Freeman). No entanto, o antropólogo parece ter um segredo terrível que pode ajudá-los ou atrapalhar completamente a investigação.

Afinal o que é considerado “normal”? O que nos separa do outro? E quem é esse outro de que tanto se fala? Muti: Crime e Poder levanta esses questionamentos enquanto permeia as fronteiras entre “nós” e “eles”, e “loucura” e “sanidade”. Na busca por respostas para a série de crimes brutais e a solução de um mistério que ultrapassa a fronteira entre países, os detetives, com auxílio do Dr. Mackles, devem começar encontrando a resposta para uma pergunta ainda maior: até onde o ser humano é capaz de ir por poder?

Com uma trilha sonora, direção, fotografia e montagem impecáveis e frenéticas, o longa prende o espectador desde os primeiros segundos em uma trama que parece testar cada vez mais a tênue linha entre proteção dos direitos intrínsecos humanos e a pluralidade cultural. Indo além, levanta uma reflexão sobre a cultura que condena e enxerga as práticas inerentes à africana como inferiores ser a mesma que faz uso dela para benefício próprio.

Costurando a progressão do caso em um ritmo perfeito com as descobertas sobre o que se esconde por trás dos traumas de Boyd, George Gallo consegue levar ambos a um clímax que prende o espectador mais tranquilo à beira da cadeira. O diretor parece encontrar a fórmula perfeita para o suspense, pecando apenas na revelação das circunstâncias da morte da filha do detetive. As expectativas de um plot twist que amarrasse melhor o caso ao passado são frustradas, gerando uma sensação agridoce de que as motivações pessoais de Boyd poderiam ser mais fortes e ter muito mais em jogo para ele.

Muti: Crime e Poder conta com atuações brilhantes, levando as emoções do espectador ao limite e o envolvendo até a cabeça em uma rede de mistérios, perseguições, crimes e disputas de poder. É a pedida ideal para os amantes de suspense, ação e um bom final para deixar todos de queixo caído e formulando centenas de teorias para explicar o que acabou de ver.

Título Original: The Ritual Killer

Direção: George Gallo

Duração: 92 minutos

Elenco: Cole Hauser, Morgan Freeman, Vernon Davis, Peter Stormare, Aurora Cossio, Giuseppe Zeno e Brian Kurlander

Sinopse: O filme segue o detetive Boyd, que, incapaz de lidar com a morte de sua filha, embarca em uma caça a um serial killer que mata de acordo com um ritual tribal brutal chamado Muti. A única pessoa que pode ajudar Boyd é o Professor Mackles, um antropólogo que esconde um segredo terrível. A linha entre a sanidade e a loucura diminui à medida que Boyd se aprofunda no mundo do assassino e entende a cultura por trás do ritual.

Trailer:

Preparado para se agarrar ao braço da cadeira e mergulhar na resolução desse caso transnacional, capaz de tirar o sono do detetive mais bem preparado? Comente aqui embaixo nos comentários e cuidado com quem escolhe confiar 😉

Deixe uma resposta