Crítica: O Porteiro (2023, de Paulo Fontenelle) | Uma comédia brasileira necessária para as famílias

O Porteiro, que inicialmente foi escrito e dirigido por Paulo Fontenelle para os teatros, levou mais de 100 mil pessoas às gargalhadas. Chegou a ganhar o Prêmio FITA e, foi indicado também, ao Prêmio de Humor do Fábio Porchat. Parte disso, deve-se ao enorme carisma do protagonista Alexandre Lino, que dá vida ao porteiro Waldisney e também a identificação gerada no publico, já que as histórias são inspiradas em relatos reais de porteiros, que Paulo Fontenelle coletou para a elaboração do roteiro da peça e, posteriormente, do filme. A dupla retorna agora no longa-metragem que estreia dia 31 de agosto nos cinemas.

Nas telonas, as histórias contadas por Waldisney ganham forma e personagens, tanto a família dele como os moradores do prédio. A peça era um monólogo, onde Waldisney (Alexandre Lino) compartilhava seus relatos cotidianos e contava com a interação da plateia para desenvolver a história. A trama do filme, segue basicamente a mesma premissa da peça, em que Waldisney precisa assumir a direção de uma reunião de condomínio na ausência do síndico.

Agora no longa-metragem, no mesmo dia dessa reunião, o prédio é assaltado por três homens. Dois deles sobem para saquear os apartamentos, enquanto o terceiro fica para manter Waldisney como refém. O filme começa após essa ocorrência, porque Waldisney é acusado de fazer parte da invasão e do assalto. Durante seu depoimento para o delegado (Mauricio Manfrini) é que a trama começa a se desenrolar, a partir dos relatos de Waldisney, exatamente como na peça.

Considero a solução narrativa para o filme proposta pelo diretor e roteirista Paulo Fontenelle muito boa. Pois a peça era bem divertida e chegava a ser bem emocionante, gerando uma curiosidade sobre uma provável adaptação cinematográfica. Mas a essência da peça é mantida e a história fica potencialmente mais divertida.

No elenco o destaque fica a cargo de Daniela Fontan, que interpreta Laurizete, a esposa de Waldisney, uma mulher nordestina, arretada e de sangue quente que não leva o menor dos desaforos para casa e vai colocar muito marmanjo no seu lugar. Cacau Protásio como Rosivalda está muito bem como a faxineira do prédio, que vê qualquer contato com o sexo oposto uma oportunidade de flertar, não importa a circunstância. Até José Aldo, que faz ele mesmo, é um divertidíssimo alivio cômico no filme, mesmo sem falar quase nada, consegue ser engraçado.

Há excessos, como o caso da personagem da Suely Franco, uma senhorinha que aparentemente vive fumando uma erva. O filme se prende a esse detalhe e volta a ele diversas vezes, o que ao meu ver erraram um pouco na medida. O delegado fica chato também, ao questionar Waldisney sobre o episódio com a droga. Outra coisa, é a dupla de adolescentes que seriam influencers e que querem registrar e postar tudo que acontece, aquilo também causa até um certo incômodo, porque ficou muito forçado.

Mas, eu não diria que ele peca pelo excesso, na verdade isso é a linguagem e a expressão do povo e para o povo. É o que vai arrancar gargalhadas da plateia enquanto assistem. Afinal, foi assim durante a minha sessão, não acho que vá ser diferente nas demais.

Além disso, O Porteiro conta com diversas situações e sacadas que com certeza quem mora ou já morou em condomínio, vai entender e se identificar. O filme tem um fotografia e cenografia que beira quase o teatral, nesse aspecto reforçando a essência de peça. Assim como as cenas isoladas, parecem esquetes de humor e funcionam super bem. Para quem curte, tem muito sertanejo na trilha-sonora. Em dado momento, eles fazem até referência a Dona Hermínia, de Minha Mãe é Uma Peça, por se tratar no mesmo prédio onde se passam ambos os filmes. Definitivamente, bons motivos não faltam para você ir conferir essa comédia nos cinemas, levar seus amigos e parentes e darem muitas risadas juntos.

Título Original: O Porteiro

Direção: Paulo Fontenelle

Duração: 83 minutos

Elenco: Alexandre Lino, Daniela Fontan, Cacau Protásio, Mauricio Manfrini, Bruno Ferrari, Aline Campos, Heitor Martinez, Suely Franco, Rosane Gofman, Raissa Chaddad, Alana Cabral, José Aldo

Sinopse: Confusão é o que não falta no prédio onde Waldisney (Alexandre Lino) trabalha como porteiro. Todo dia é um bafafá entre os vizinhos, mas ao lado da zeladora Rosivalda (Cacau Protásio), ele é craque em manter essa bagunça organizada. Tudo isso muda quando o prédio é assaltado e Waldisney agora precisa provar para o delegado (Maurício Mafrini) que ele pode até ser meio atrapalhado, mas ladrão ele não é, não!

Trailer:

Vai conferir essa comédia nos cinemas? Já deu “Bom dia” pro seu porteiro hoje? Fica a reflexão!

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