Crítica: Capitu e o Capítulo (2023, de Julio Bressane)

Chega aos cinemas dia 27 de julho o longa Capitu e o Capítulo, inspirado no clássico da literatura brasileira Dom Casmurro, de Machado de Assis. Com direção de Julio Bressane, os atores Mariana Ximenes (O Grande Circo Místico) e Vladimir Brichta (Bingo: O Rei das Manhãs) vivem respectivamente Capitu e Bentinho na fase adulta.

TRAIU OU NÃO?

Não espere assistir a história sendo cronologicamente contada; o filme permeia o ciúme exagerado de Bentinho, que beira a alucinação. O que de certa forma é como o filme se mostra: um recorte teatralizado das intrigas, os devaneios sendo dramatizados sob uma fotografia primorosa como pinturas, figurino excepcionais e interpretações acima da média. O diálogo no filme é muito presente, milimetricamente pensado, e a voz do eu lírico Dom Casmurro, interpretado por Enrique Diaz reforça as estrapolações mentais de Bentinho, narrando a história.

Mariana Ximenes está muito bem como Capitu, tendo aquele seu olhar naturalmente forte e já conhecido de outras tantas obras. Outra coisa que chama atenção é o fato de que todos os grandes elementos acima citados não conseguem transformar o filme numa experiência gostosa.

GENIAL, E CONTRADITÓRIO COMO EXPERIÊNCIA

Dom Casmurro é uma obra-prima e parece que nenhum cineasta consegue contar essa história de um jeito minimamente bom. Não é porque eles discutem, falam bem, que fiquemos interessados pelo que dizem (mesmo com grandes interpretações). É genial, em algum lugar, a junção de todos os elementos, mas parece um filme de genialidade picotada sem carisma como obra cinematográfica, dada a real possibilidade acerca da profundidade de Dom Casmurro.