Crítica: O Convento (2023, de Christopher Smith)

O gênero de terror é intrinsecamente ligado ao contexto social em que se insere. Como consequência disso, de tempos em tempos uma figura metafórica nova é eleita para ser explorada no imaginário do público, e após Invocação do Mal 2 e A Freira, a imagem das freiras parece ter sido escolhida para tal. Sob essa perspectiva, O Convento acompanha Grace (Jena Malone) em sua busca por respostas sobre a misteriosa morte de seu irmão, padre Miguel (Steffan Cennydd), em um convento repleto de segredos na Escócia.

Com uma premissa interessante e uma narração em off que inicia o filme aguçando a curiosidade do espectador, o filme peca, no entanto, ao se propor ser um filme de terror e se perder no desenrolar da trama. O resultado é uma obra que parece não se decidir entre terror e suspense, terror psicológico ou sobrenatural, e acaba entregando uma miscelânea de clichês que parecem forçados e conglomerados em uma mesma cena, sem executar nenhum com precisão.

O enredo, que lembra bastante produções como A Maldição da Residência Hill em sua alternância entre passado e presente e confronto com assustadoras memórias em busca de respostas, não apresenta, contudo, o mesmo ritmo metodicamente dinâmico e orquestrado que a série de Mike Flanagan possui. Com uma cadência lenta e contemplativa e uma direção um tanto desajeitada, o longa entrega cenas sem muito impacto e não consegue prender a atenção do público ou gerar qualquer emoção em relação às personagens.

Smith poderia ter melhor aproveitado a premissa interessante em suas mãos ao fazer um jogo de tensão com o espectador, brincando com o ritmo para produzir um terror psicológico à la A Bruxa; ou se apropriar dos clichês utilizados de forma autoconsciente e crítica como em Pânico e O Segredo da Cabana. Essa falta de direcionamento e comprometimento com uma linha narrativa só até o final leva a uma conclusão confusa e que não satisfaz.

Jena Malone, famosa por sua atuação em Jogos Vorazes e Donnie Darko, também aparece apática e não sustenta o protagonismo que o filme pede. As melhores cenas ficam por conta de Eilidh Fisher, que interpreta a ingênua freira Meg, além de ficar um gostinho de querer ver mais do padre Miguel e o que ele poderia trazer de interessante para o longa.

Trata-se de um filme moroso e esquecível, com um final que deixa a desejar. Para quem esperava um filme de terror de deixar o espectador à beira da cadeira ou uma volta triunfal de Christopher Smith após o conturbado O Ritual – Presença Maligna, talvez não encontre em O Convento aquilo que procurava, mas não deixa de ser uma opção para um sábado à tarde.

Título Original: Consecration

Direção: Christopher Smith

Duração: 90 minutos

Elenco: Jena Malone, Danny Huston, Kartik Aaryan, Janet Suzman, Thoren Ferguson, Ian Pirie, Steffan Cennydd, Will Keen, Jolade Obasola, Eilidh Fisher, Marilyn O’Brien, Charlotte Palmer e Alexandra Lewis

Sinopse: Em O Convento, Grace (Jena Malone), uma jovem oftalmologista, é chamada para ir até um remoto convento na Escócia após o suposto suicídio de seu irmão, que era um padre. Desconfiando do relato da Igreja, Grace inicia uma investigação para tentar descobrir o que realmente aconteceu com a ajuda do padre Romero (Danny Huston), do Vaticano. Ao mesmo tempo em que ela explora o local, Grace se vê em meio a uma grande trama de assassinato e sacrilégio, sendo obrigada a encarar uma verdade perturbadora sobre seu próprio passado – que promete trazer à tona alguns traumas que ela acreditava estarem há muito tempo enterrados.

Trailer:

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