Crítica: O Pálido Olho Azul (2022, de Scott Cooper)

O longa, que traz grandes nomes no elenco, conta uma história elaborada de suspense e ocultismo, com o pano de fundo de época e com a ilustre participação de Edgar Allan Poe. Confira o que achamos da obra, disponível na Netflix!

De fato o filme soube como envolver o telespectador numa aura de mistério e melancolia e nos levar a uma época quase sufocante, onde o investigador aposentado Augustus Landor (Christian Bale) é praticamente convocado a elucidar um crime na Academia Militar de West Point. O que parecia um simples suicídio, acaba se tornando algo muito mais macabro do que se poderia imaginar.

Conforme sua investigação começa a ganhar forma, um jovem cadete se aproxima de Landor, com ideias e pistas, das quais acabam ajudando. O cadete em questão é ninguém mais, ninguém menos do que Edgan Allan Poe (Harry Melling). Claro que no filme, o personagem ainda é um jovem desconhecido, ingressando no mundo da poesia. De fato Poe foi cadete em 1830, mas sua carreira não se destacou. Como é retratado no filme, Poe não se adequava às duras regras do lugar, tendo tendências a bebedeiras e certa dificuldade em seguir as normas da academia.

Apesar do suspense ser o ponto chave do enredo, quanto mais assistimos, mais fica claro os conflitos entre as histórias, já que uma coisa vai ligando à outra e, quando damos conta, parece que estamos acompanhando três histórias diferentes em um mesmo filme.

A direção de arte por outro lado é pontual na criação do ambiente. Melancólico é a palavra chave, com uma fotografia azulada e de tons sépia, cria-se assim uma atmosfera assustadora da academia e seus arredores. Nos figurinos e ambientes, sejam eles fechados ou abertos, sentimos uma certa inquietude, como se alguém sempre estivesse mentindo durante uma conversa, ou soubesse mais do que realmente diz. Infelizmente, lá pelo fim do segundo ato e início do terceiro, temos uma quebra da lentidão até então apresentada, com um ritmo acelerado deixando em aberto a quem esteja assistindo, deduzir certos acontecimentos que vem sendo investigados no filme, e que, para nossa surpresa, acaba tendo outro ponto de virada já nos “45 do segundo tempo”.

É sempre um prazer ver Christian Bale atuando, e aqui ele não deixa a desejar. Sua atuação casa muito bem com Melling e juntos, nos divertem e nos instigam a continuar a ver o filme. Porém, a mescla de várias histórias e as tamanhas reviravoltas, acabam deixando-o um pouco cansativo. A construção do ambiente é de fato excelente, somos levados novamente à uma época onde o misticismo era parte primordial na vida das pessoas, juntamente com a rigidez e uma certa tristeza que praticamente todos os personagens apresentam, como se simplesmente tivessem aceitado seu destino como ele é ou desistido dele, o filme mais nos agrada do que decepciona.

Não fui, na infância, como os outros
e nunca vi como os outros viam.
Minhas paixões eu não podia
tirar das fontes igual à deles;
e era outro o canto, que acordava
o coração de alegria
Tudo o que amei, amei sozinho.

Edgar Allan Poe

Título Original: The Pale Blue Eye

Direção: Scott Cooper

Duração: 128 minutos

Elenco: Christian Bale, Harry Melling, Gillian Anderson, Fred Hechinger, Lucy Boynton, Robert Duvall, Toby Jones, Charlotte Gainsbourg

Sinopse: Um detetive aposentado recruta um cadete chamado Edgar Allan Poe para ajudar a investigar um terrível assassinato na Academia Militar dos EUA.

TRAILER:

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