Crítica: Skinamarink – Canção de Ninar (2022, de Kyle Edward Ball) | Você vai amar ou odiar

O filme é definido como um terror experimental, que seria “todo aquele que experimenta com a linguagem cinematográfica, (…) que usa a linguagem para além de uma função narrativa”, ou seja, numa definição livre ele é um filme que foge um pouco do óbvio e entrega algo novo, explorando cenas e situações quase imersivas e, que, ao mesmo tempo transmite esse conceito do experimento e da experiência no sentido mais literal das palavras.

Skinamarink – Canção de Ninar chegou recentemente à alguns cinemas brasileiros e ele apresenta dois irmãos que acordam no meio da noite, sem os pais e ao mesmo tempo percebem que portas e janelas da casa simplesmente desapareceram. Um verdadeiro pesadelo, principalmente partindo da perspectiva de duas crianças. Como forma de neutralizar esse medo os irmãos fazem o que muita gente grande faz: deixam a televisão ligada nos desenhos como uma forma de distração e de certa maneira como uma segurança.

O longa-metragem escrito e dirigido por Kyle Edward Ball teve um orçamento de 15 mil dólares, parece brincadeira quando falamos de um longa, mas é verdade e na realidade é uma das coisas que mais chama atenção na obra. Em algumas entrevistas, o diretor disse até que as câmeras utilizadas foram emprestadas por amigos e parentes. Portanto, temos aqui o mais puro do cinema independente. Mas, esse detalhe, do meu ponto de vista é o que define os rumos desse filme.

Vemos alguns curtas-metragens que gastam milhares de vezes mais com histórias que não chegam a ter tanta visibilidade ou reconhecimento e são excelentes. Mas aqui temos um filme do Canadá de um cineasta que fez apenas mais um curta, um clipe e  outros vídeos no YouTube, e dando o que falar. Portanto, qual seria o segredo de Skinamarink? Francamente, eu não sei, o filme ganhou muito apreço nas redes sociais e provavelmente isso aumentou ainda mais sua visibilidade e consequentemente sua distribuição, mas isso não necessariamente o torna bom.

Por isso eu já adianto, você vai amar ou odiar. A maior parte do tempo o filme está no escuro, a câmera em pontos parados, mais ou menos estratégicos, mostrando perninhas de crianças andando de um lado para o outro. Às vezes uma luz ou outra é acendida, tem uns efeitos meio ruins de coisas desaparecendo e vez ou outra você pode levar um susto com algum brinquedo barulhento. O filme se resume a isso, em alguns instantes, ainda no começo pensei que pudesse ser algo como Atividade Paranormal (2007), mas acreditem diante desse, Atividade Paranormal se torna uma obra-prima.

Skinamarink pelos comentários e indicações que já vinha acompanhando através das redes sociais só consegue agradar ao público que faz cinema, curte obras independentes e novos conceitos e que acabam naturalmente tendo uma mente mais aberta para esse estilo de obra. Assim como é o caso de 2001 – Uma Odisseia no Espaço (1968), sem estabelecer um comparativo entre os dois filmes, até porque são conceitos completamente diferentes. O filme de Kubrick também entra nessa categoria de filme experimental, mas que para uma parcela do público é só uma viagem alucinante com mais de duas horas de valsa chata e hoje em dia é aclamado e considerado uma obra-prima. Talvez Skinamarink seja isso, um filme com uma proposta diferente que venha a ser conceitual e no futuro se torne um filme cult. Mas, por enquanto, ele é apenas um filme chato mesmo e, se você não faz parte desse último grupo que mencionei, não perca seu tempo com um filme que deveria ser no máximo, mais um curta-metragem.

Título Original: Skinamarink

Direção: Kyle Edward Ball

Duração: 100 minutos

Elenco: Jaime Hill, Daile Rose Treteault, Lucas Paul, Ross Paul

Sinopse:  Dois irmãos pequenos acordam no meio da noite e descobrem que seu pai se foi – nenhum sinal dele. Mas isso não é tudo, eles também descobrem que todas as janelas e portas de sua casa desapareceram, encontrando-se em uma terra da qual não podem escapar.

Trailer:

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