Crítica: Gato de Botas 2: O Último Pedido (2022, de Joel Crawford)

O longa animado Gato de Botas 2: O Último Pedido tem sido bastante comentado ultimamente no Brasil, visto que o ótimo Wagner Moura (Tropa de Elite) foi indicado ao Annie Awards por seu trabalho dublando o antagonista do bichano que calça botas, e o filme também garantiu indicação ao Oscar de Melhor Animação. Porém, creio que essa exposição tenha sido construída há pouco, inclusive a obra visivelmente não recebeu atenção digna. Logo, fica o questionamento se uma logomarca Pixar ou Disney não teria tornando, desde o lançamento, essa sequência mais badalada.

O conto de fadas que inspira esse personagem tão popular hoje é uma obra francesa do século XVII, embora atualmente tenha outro tom e um apelo hollywoodiano. Antonio Banderas (A Máscara do Zorro), novamente, interpreta o Gato de Botas e tem colegas de elenco como: Salma Hayek (Um Drink no Inferno), Florence Pugh (Adoráveis Mulheres) e Olivia Colman (Meu Pai). Dessa forma, penso que de time não pode-se reclamar, é realmente muito estrelado.

O enredo traz o Gato vivendo as glórias da sua fama, ele é uma lenda, uma espécie de Zorro. No entanto, esta obra não é rasa, nem simplória – me empolguei com a profundidade dos assuntos tratados. Creio que a filosofia por traz da mensagem que o filme quer oferecer é fascinante, me surpreendeu bastante.

Para Aristóteles, a felicidade é o resultado de uma vida virtuosa, e essa virtude é a justa medida entre os extremos da natureza humana, ou seja, fugir dos vícios. Nota-se que o protagonista é narcisista e, em sua última vida, a nona, é confrontado por sua fragilidade emocional, pois agora não é mais invencível. Seu medo tornou-se um vício e escancarou sua infelicidade. Por bem, no último ato, conseguiu ser virtuoso e agir com a razão perante o medo, o que lhe rendeu a felicidade.

Achei bem poética essa metáfora do ser que encontra sentido na sua vivência apenas no final da sua vida. É a remissão dos seus pecados e uma carta de aceite para felicidade, como se a natureza humana nos corrompesse em troca de ganhos efêmeros e nos afastasse do estado de paz. O apelo infantil das fábulas é maravilhoso, mas essa capacidade de provocar os adultos, em Gato de Botas 2: O Último Pedido, é fantástica.

Filmes de animação com bons recursos financeiros possuem inúmeras ferramentas visuais para encantar, e a obra em questão não foge disso. Sei que o filme não é perfeito, visto que encontrei uma transição pouco fluida entre os dois primeiros atos, talvez por tons diferentes entre os fragmentos. Dito isso, preciso destacar a ousadia dos criadores com as cenas de ação, pois remetem o estilo de Homem-Aranha no Aranhaverso.

Por fim, acredito que a obra é, sem dúvidas, um ótimo aperitivo para todas as idades, pois, além de divertido, aprofunda algumas questões interessantes. Quero muito outra sequência, estou muito surpreso e preciso que a DreamWorks lance outras ótimas animações, como é de praxe.

Título Original: Puss in Boots: The Last Wish

Direção: Joel Crawford

Duração: 100 minutos

Elenco: Antonio Banderas, Wagner Moura, Salma Hayek, Florence Pugh, Olivia Colman

Sinopse: Tendo queimado oito de suas nove vidas, o Gato de Botas deve partir em uma jornada para encontrar o mítico Último Desejo e restaurar suas vidas perdidas.

Trailer:

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