Crítica: Bye Bye Brazil (1980, de Cacá Diegues)

Cacá Diegues é um dos principais diretores brasileiros, e com Bye Bye Brazil mostra sua habilidade para criar um Road Movie, que acompanha a trupe circense liderada por um místico mágico, interpretado pelo saudoso José Wilker. Vale salientar que Cacá parece muito gostar de circos, uma vez que também lançou O Grande Circo Místico (2018). No entanto, a obra que inspira esta crítica é muito mais importante para a história do cinema brasileiro, enquanto também é substancialmente superior.

Outros astros canarinhos também estrelam o longa, entre eles: Betty Faria (Água Viva), Jofre Soares (Chuvas de Verão) e Fábio Júnior (Alô, Alô, Terezinha!). Dentre os eleitos para o elenco, o notório cantor tem, de forma destacada, a pior atuação. Em contraponto, Wilker se mostra tão bom quanto astros do cinema norte-americano, pois está muito bem nesse trabalho.

O sonho brasileiro é muito presente em Bye Bye Brazil, mesmo que regado por um sincretismo cultural, visto que o filme, desde o seu princípio, brinca com a vontade desmedida dos brasileiros em querer incorporar culturas internacionais, mesmo que de forma cafona. A obra, incessantemente, indaga ao seu público: o que é o brasileiro?

O patriotismo brasileiro deveria provir das fontes mais cruas da terra tupiniquim, e Cacá Diegues propõe isso o tempo todo. Dessa forma, ser brasileiro significa ter esperança e correr atrás do inalcançável. Parece um tanto quanto clichê, porém, em tempos de deturpação da identidade de um povo tão diverso, isso faz-se revigorante.

Quanto à linguagem cinematográfica, Cacá Diegues imprime belos planos, sua habilidade em enquadrar a figura humana é elogiável – em certos momentos, o objeto é colocado no centro da tela, lembrando Wes Anderson (Moonrise Kingdom). Por outro lado, o diretor, em Bye Bye Brazil, busca um encontro com o místico e com o surreal, que, mesmo tangenciando Glauber Rocha (Deus e o Diabo na Terra do Sol), jamais engrena.

Além disso, é uma composição da obra que merece destaque a trilha sonora. Isso fica evidente com a canção tema composta pelo grande Chico Buarque, um artista que muito entende de música brasileira e que pôde, também, deixar sua composição com traços internacionais, o que é consoante ao tom do filme. Desse modo, percebe-se que o título do filme é exato para o todo da proposta construída.

Diante do exposto, Bye Bye Brasil trata-se de um filme imprescindível quando se fala do cinema nacional e é bastante rico para a identidade brasileira. Assim, Cacá Diegues conseguiu se despedir de um antigo país, para relatar um novo, globalizado e que permanecia alegre. Portanto, é importante celebrar o cinema canarinho, não só de Hollywood vive um cinéfilo.

Título Original: Bye Bye Brazil

Direção: Cacá Diegues

Duração: 100 minutos

Elenco: José Wilker, Zaira Zambelli, Príncipe Nabor, Betty Faria, Fábio Jr

Sinopse: Salomé, Lorde Cigano e Andorinha são três artistas ambulantes que cruzam o país juntamente com a Caravana Rolidei, fazendo espetáculos para o setor mais humilde da população brasileira, que ainda não tem acesso à televisão. A eles se juntam o sanfoneiro Ciço e sua esposa, Dasdô, em uma jornada da Amazônia até Brasília.

Trailer:

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1 thoughts on “Crítica: Bye Bye Brazil (1980, de Cacá Diegues)”

  1. “ Em contraponto, Wilker se mostra tão bom quanto astros do cinema norte-americano, pois está muito bem nesse trabalho.” alguém não entendeu a mensagem principal da porra do filme.

    O saudosismo ao o que é de fora do Brasil é o que vai lhe afogar.

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