Crítica: A Mão do Diabo (2001, de Bill Paxton)

Quanto ao filme A Mão do Diabo, pegue Shyamalan, Hitchcock e algumas migalhas do noir dos anos 40 e 50 para ter uma noção básica da trama e da linguagem cinematográfica que são as referências do diretor Bill Paxton (Titanic), que também protagoniza o longa-metragem. Decerto, é uma seleta de ingredientes, mas será que a obra é apenas uma reprodução derivada de uma receita já saturada? É o que esta crítica vai tentar esclarecer como tese.

A Mão do Diabo – uma péssima escolha como adaptação do título original – conta a história de uma família, um pai e dois filhos, que teria recebido a missão de destruir o mal, na Terra. Se por um lado o filme se vende como um suspense que questiona o fanatismo religioso, por outro ele recria um ambiente de investigação de assassinatos em série, temática bastante comum nos anos 90. É notório que a obra consegue dizer muito, mesmo com pouca minutagem.

Auxiliando Paxton, o elenco traz o ótimo Matthew McConaughey (Interestelar) que atua, também, como narrador. Além disso, quanto aos os dois garotos, Jeremy Sumpter (Peter Pan) destoa um pouco, enquanto Matthew O’leary (Pequenos Espiões 2) vai muito bem. Em suma, os atores sustentam o filme e não prejudicam o andar da história, que busca um impacto no seu terço final.

Dentre os aspectos técnicos que alimentam a sétima arte, a fotografia e a montagem são fascinantes em A Mão do Diabo. Dessa forma, toda a composição da iluminação e as transições fluidas valorizam artisticamente o conteúdo. Assim, a qualidade é ratificada, não trata-se de um filme com pontos de irregularidade, e sim de uma forma composta por pontos em uníssono.

O diretor consegue abraçar uma série de convenções seguras nos dois primeiros atos. Assim, a sensação é de que o enredo iria de um ponto A à um ponto B, com um simples plot twist durante o trajeto. No entanto, o grande mérito de Paxton está na sua ousadia, já que ele opta pelo confronto e puxa o tapete do espectador.

A escolha disruptiva que o longa toma talvez tenha afastado a obra de um sucesso maior. É justo ressuscitar esse belíssimo filme com o status de cult que o mesmo merece. Há obras que não podem ser fadadas ao limbo no qual se encontram, e A Mão do Diabo é uma delas. Por fim, para quem gostar do longa em questão, são boas indicações os filmes: O Terceiro Homem (1949), Psicose (1960) e Se7en – Os Sete Crimes Capitais (1995).

Título Original: Frailty

Direção: Bill Paxton

Duração: 100 minutos

Elenco: Bill Paxton, Matthew McConaughey, Powers Boothe, Matthew O’leary, Jeremy Sumpter

Sinopse: Fenton Meeks confessa a um agente do FBI que seu pai, um religioso fanático, é o responsável por uma série de mortes na cidade. Fenton conta que seu pai acredita ser encarregado de uma missão divina para acabar com os demônios com suas próprias mãos.

Trailer:

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