Acampamento Intergaláctico (2022, de Fabricio Bittar)

Um longa bem filmado e com um roteiro enxuto, feito para crianças levadas, estreia dia 22 de Setembro.

Ainda que seja pouco interessante para a mentalidade de um adulto, é possível prever o divertimento do público-alvo do filme, que de fato, não precisa de muito para se deixar levar pela viagem (fica aqui o crédito à música do Balão Mágico pelo trocadilho involuntário). O filme pode parecer raso se olharmos com nossas interpretações amadurecidas pela pós-adolescência e adultez, mas apliquei sobre este filme a mesma técnica de quando reassisto clássicos que fizeram parte das fases da minha infância: a de revisitar o imaginário infantil para experenciar o filme. Quando somos crianças, queremos apenas ver e saber do que se trata para decidirmos se gostamos ou não e ainda que não gostemos, nos divertimos assim mesmo; tanto que temos memórias agradáveis de assistir desenhos e demais produções dos quais não gostávamos tanto quando comparados aos nossos favoritos mas que não deixavam de cumprir seu papel de entreter como fosse possível.

Eis aí a primeira reflexão despertada por esse filme: se chatear por não ter gostado tanto do que assistiu quanto gostaria é coisa de adolescente e adulto, porque a criança dá um jeito de se divertir literalmente com qualquer coisa. A segunda reflexão foi a de que em todas as épocas algum segmento das produções (séries, filmes, novelas, música) se direciona ao público infantil, desde os que ainda estão nas fraldas até os que estão a um passo de descobrirem que dali a pouco não serão mais crianças, e por essa razão não deveria pegar pesado com os esforços de Fabricio Bittar em fazer um filme de criança, para crianças e com a aura infantil que deve ter.

Seria fácil disparar reclamações sobre Acampamento Intergaláctico se me esquecer de que Detetives do Prédio Azul, Turma da Mônica, Carrossel, Gabi Estrela, Tudo por um Popstar, Ela disse, Ele disse, É FADA!, Sou Mais Eu, De Volta aos 15, Cinderela Pop, Fala Sério, Mãe! (que eu vi no cinema com minha mãe e irmã na época de lançamento), Meus 15 Anos, Uma Professora Muito Maluquinha (esse já mais antigo) são só alguns dos filmes brasileiros com veteranos e estreantes no elenco e com uma gigantesca equipe de produção que estiveram em cartaz no cinema e com filas gigantescas de pessoas com crianças para assistir.

Se considerarmos a teledramaturgia infantil, os canais de TV a cabo específicos para esta faixa etária e as obras que figuram entre os lançamentos e os mais assistidos dos serviços de streaming, vamos concordar com a equipe que investiu aqui em uma obra que casa muito bem com as previamente citadas no sentido de buscar agradar ao público a que se destina com qualidade e figuras reconhecíveis para esse público. Outro triunfo é poder mostrar atores mirins com potencial para seguir carreira assim como as outras obras o fizeram com crianças, pré-adolescentes e adolescentes que se destacavam na época.

As cores, os figurinos, a ambientação, a condução da história, tudo tem ar infantil e lúdico (que para quem não é mais criança parece bobo e vazio, mas para quem se destina é fantástico). A trama gira em torno de Ronaldo Ronaldo Silva, que sonha em conhecer o espaço e acredita poder se comunicar com extraterrestres por meio de uma invenção tecnológica que permita a vocalização, como um rádio transmissor intergaláctico; e a partir daí vemos Ronaldo e sua irmã Marianna (Marianna Santos) na tentativa de fazer com que o tal rádio funcione até que ambos, junto com outras equipes de inventores, vão para um acampamento e lá, além de desenvolverem suas habilidades de cientistas inventores, descobrem segredos e vivem aventuras. O filme conta também com músicas originais e números musicais muito bem coreografados; o filme como um todo é bem filmado, bem editado e com atuações boas.

Um filme feito para a criançada, com toques de ficção científica, aventura e musical.  Empolgante e simples, como deve ser  uma boa película para uma ida ao cinema com crianças de qualquer idade.

Em muitos momentos o filme me lembrou o Lucicreide Vai à Marte, mas sem a comédia de Fabiana Karla e seu personagem que é quase um alter ego (como a maioria dos personagens de comédia que fez no elenco de Zorra Total); tanto pela temática quanto pela boa vontade dos envolvidos em fazer algo bem feito. Com o policiamento da possível implicância por se tratar de um filme para menores de idade e por isso, com certa obviedade de desencadeamento de acontecimentos e suspensão da descrença à enésima potência, o filme consegue divertir exatamente por sua leveza de bola de festa.

Título Original: Acampamento Intergaláctico

Direção: Fabricio Bittar

Duração: 85 minutos

Elenco: Blota Filho, Lucas Salles, Marianna Santos, Pedro Miranda, Claudia Okuno, Ronaldo Silva

Sinopse: O garoto Ronaldo acredita em extraterrestres e um meteorito que caiu do céu quando ele era criança é sua maior prova. Agora, ao lado da irmã Marina, ele tem a chance de desvendar os segredos do universo no Acampamento Intergaláctico.

Trailer:

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