Crítica: A Garota Ideal (2007, de Craig Gillespie)

A Garota Ideal é um filme que oferece ao expectador um mix de gêneros e sensações. O longa traz como diretor Craig Gillespie (Eu, Tonya) e como trio principal de personagens os ótimos atores Ryan Gosling (Diário De Uma Paixão), Emily Mortimer (Ilha do Medo) e Paul Schneider (Prova de Amor). A obra completa 15 anos em 2022 e, apesar do desconhecimento, conseguiu, de certa forma, o status de cult.

Lars, interpretado por Gosling, é um jovem adulto com fobia social que só sai de sua casa, uma garagem, para trabalhar e ir à igreja. Em contrapartida, sua cunhada e seu irmão tentam resgatá-lo dessa condição, mas não entendem o quão difícil é para Lars a exposição e o contato social. O incidente incitante que dá movimento à trama é a chegada de Bianca, uma boneca erótica, que se torna namorada de Lars, por mais estranho que isso possa soar.

Até aqui, o leitor que não conhece A Garota Ideal deve ter pressuposto o tom do filme ou está confuso. Porém, a obra não é uma simples comédia fútil e repleta piadas para adolescentes – longe disso. O status cult nada tem a ver com exagero, e sim com a leveza do que é apresentado.

Entende-se que dramédia é um subgênero híbrido, composto obviamente por drama e comédia. Dessa maneira, Lars é o componente dramático e Bianca, o cômico, pelo menos a princípio. Interessante relatar que o humor escolhido é o de constrangimento, que casa perfeitamente com o tom do filme.

Uma armadilha que teria limitado o diretor seria o vício de gênero, o que causaria uma saturação da dramédia proposta. No entanto, isso não ocorreu, já que Gillespie trabalha, também, com a comédia romântica, e de uma forma bastante curiosa, pois ela não acontece entre Lars e Bianca, já que a obra forma uma triangulação amorosa um tanto quanto peculiar e sutil, dando fôlego e dinamismo à estória.

O que mais surpreende nem é a salada de gêneros, e sim a função de Bianca na trama. A boneca parece ser a extensão da personalidade de Lars, é o seu meio para socializar-se. Bianca possui os mesmos traumas de Lars e, quando as pessoas da pacata cidade retratada no longa a abraçam, ele se sente acolhido.

Ryan Gosling não é inexpressivo, como algumas pessoas um dia disseram, pois o ator não precisa de caras e bocas para se fazer notado. Assim, seu humor físico e empenho são indispensáveis para esse filme, tornando difícil imaginar outro rosto para Lars. Vale pontuar que todo o elenco de apoio é muito preciso e potencializa o protagonista o tempo todo.

A personagem que mais traz lucidez à obra é a médica e psicóloga interpretada por Patrícia Clarkson (Ilha do Medo), que já foi indicada ao Oscar por outro papel. No entanto, essa lucidez é superficial e requer certa suspenção de descrença, uma vez que o problema de Lars não é explicado de forma suficientemente técnica. Isso, de forma alguma, tira mérito da obra, mas deve ser pontuado, pois para alguns expectadores pode parecer que está faltando algo, que seria toda essa elucidação médica.

Em suma, é um deleite surpreendente assistir A Garota Ideal, pois causa reflexões interessantes e, quiçá, algumas lágrimas. Em tempo, é válido mencionar que Ryan Gosling será o interesse amoroso de outra personagem, já que o filme Barbie é esperado para 2023. Portanto, Ryan Gosling não será intimidado, visto que o ator tem experiência em ser par romântico de uma boneca.

Título Original: Lars and the Real Girl

Direção: Craig Gillespie

Duração: 106 minutos

Elenco: Ryan Gosling, Emily Mortimer, Paul Schneider, Patricia Clarkson, Kelli Garner

Sinopse: Por ser extremamente tímido, Lars acha impossível fazer amigos ou ter uma vida social. Seu irmão e a cunhada ficam felizes quando ele anuncia que tem uma namorada que conheceu na internet, mas descobrem que ela é apenas uma boneca de plástico. Por sugestão de um médico, a família e a comunidade acolhem a boneca como companheira de Lars.

Trailer:

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