Crítica: Meu Filho (2021, de Christian Carion)

O filme Meu Filho, lançado em 2021, passou a fazer parte do catálogo do serviço de streaming Prime Video neste ano. O longa tem como diretor o francês Christian Carion, que também assina o roteiro em conjunto de Laure Irmann. Sem sombras de dúvidas, o maior evento da obra é a presença do ator James McAvoy, muito conhecido por ter sido o Professor Charles Xavier na franquia X-Men. Vale salientar que os bons Claire Foy, Gary Lewis e Tom Cullen também fazem parte do elenco.

Meu Filho trata-se de um thriller sobre o desaparecimento de um garoto de sete anos. O pai do garoto, interpretado por McAvoy, vai às Highlands da Escócia para encontrar seu filho, com quem teve pouco contato desde o divórcio com a personagem de Foy. Assim, o pai ausente entra em conflito com o atual companheiro de sua ex-esposa e com a polícia local. A trama em questão é baseada em Mon Garçon, filme francês, de 2017, também dirigido por Carion.

É importante deixar claro que Meu Filho tem um objetivo bastante direto, que é enaltecer a atuação de James McAvoy. Nenhum roteiro foi dado a ele, nada mais do que alguns detalhes da trama chegaram ao ator, o que fez com que sua atuação tenha sido improvisada e reativa aos outros personagens. Se McAvoy tornou-se conhecido por ter estrelado blockbusters, aqui, ele tenta provar-se um grande ator, e consegue.

Diante do experimento dramaturgo e sua tentativa descarada de destacar o seu objeto de estudo, as atuações transpiram verdade, dor e urgência. Questões estas que são mal exploradas pelo filme em si, e que serão abordadas posteriormente neste texto. Desse modo, questiona-se: o que Meu Filho oferece além da atuação de McAvoy? Pouco.

A primeira cena do longa remete ao começo de O Iluminado, de 1980, dirigido por Stanley Kubrick. Voluntária ou não, essa referência faz sentido, pois o filme tenta o tempo todo vender suspense e medo. No entanto, o thriller também investe muito no drama em seus momentos iniciais, o que é justo, já que justifica o seu principal interesse fílmico, já supracitado.

Além disso, Meu Filho tem uma linda fotografia, uma trilha sonora envolvente e algumas tomadas inspiradas. O produto estético é bem feito, embora simplificado. O filme abusa de planos gerais para ostentar sua fotografia e para dar fôlego à sua história, que mais precisava mesmo é de inspiração.

Apesar dos seus pontos positivos, a obra não tem personalidade, é genérica e não soube explorar seu lado dramático com profundidade, pois perde um bom tempo com tentativas em vão de causar tensão no espectador com seu componente investigativo. Sobre isso, é um pouco frustrante e quase um desperdício do exercício proposto. Carion deu relevante protagonismo ao personagem de McAvoy na decupagem, mas poderia ter ido além, mediante uma história que explorasse ainda mais as aflições propostas no roteiro, jamais aprofundadas, e que desse maior valor aos personagens auxiliares.

Embora não seja um bom filme, Meu Filho é um interessante aperitivo para pessoas que dão muito valor às atuações. Pelo menos, James McAvoy aumentou e melhorou seu portfólio. Sendo rígido com suas escolhas e priorizando a valorização da sua atuação, James, em breve, poderá desvincular-se da imagem de Xavier e, quem sabe, começar a ser notado pelo Oscar, porque talento ele tem de sobra.

Título Original: My Son

Direção: Christian Carion

Duração: 96 minutos

Elenco: James McAvoy, Claire Foy, Tom Cullen, Gary Lewis

Sinopse: Um pai, que viaja muito a trabalho para fora do país, descobre que seu filho de sete anos está desaparecido. Dominado pela culpa de ter negligenciado seus deveres como pai, ele fará de tudo para encontrar o filho, descobrindo um lado seu que ele desconhecia.

Trailer:

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