Primeiramente, vamos recapitular: no primeiro filme de Invocação do Mal (2013), o sucesso foi estrondoso, tanto de crítica como de público. Com direção de James Wan, não tinha como ser diferente, ele é simplesmente o criador de Jogos Mortais e Sobrenatural, outras franquias de terror que dão frutos até hoje. Se as sequências são boas, isso já é outra história. O ponto é: ele sabe inovar na hora de criar e desenvolver novas narrativas do gênero do terror, sempre nos surpreendendo e apavorando de uma forma diferente.
Invocação do Mal 2 (2016) seguiu o mesmo padrão de qualidade do seu antecessor, o que em muitas franquias não acontece e, ali, James Wan entrega um longa-metragem ainda mais assustador que o primeiro. Você se pergunta: como é possível? Eu diria que a experiência, aliada a técnica e ao visionarismo de um dos maiores mestres do terror da atualidade.
Os dois filmes juntos fazem outra coisa, além de serem muito bons, abrem espaço para novas histórias. Em Invocação do Mal (2013) temos uma espécie de epílogo ou curta-metragem com a boneca Annabelle, mesmo a boneca não aparecendo no restante do filme ou tendo qualquer relação direta com a história principal. Assim como o caso de Maurice, que aparece em uma das aulas ou palestras ministradas pelo casal Warren ainda no primeiro filme da franquia. Em Invocação do Mal 2 temos a introdução da Freira na franquia, que na verdade é um demônio chamado Valac, que assume a forma de freira, mas que só vamos entender o porquê quando ela ganhou o seu spin-off.
A Freira estreou em 2018, com uma premissa boa e expectativas altas, pois ela causou muito pavor em Invocação do Mal 2, portanto não esperávamos menos ou pouco desse spin-off. Sem contar, a sequência majestosa Annabelle 2: A Criação do Mal de 2017, onde Valac também se manifesta, porque temos uma freira chamada Charlotte (Stephanie Sigman), que veio do mesmo convento de onde saiu Valac. O que explica a sua forma de freira, o demônio saiu de uma fenda do inferno, localizada abaixo do convento na Romênia, portanto ele se materializa como freira como uma forma de blasfêmia.
Ainda em 2018, A Freira não foi bem recepcionado pela crítica e pelo público, porque depois de uma sequência de filmes bons e que realmente davam medo, um nível de medo que tira o sono de quem assiste, A Freira caiu como uma bomba, por ter muitas sequências de cenas exageradas, que não davam medo e acabavam se tornando cômicas beirando a piada. Sem contar os efeitos visuais que eram bem ruins.
Agora chegamos em A Freira 2, que se passa 6 anos após o primeiro, ambientado ainda na década de 50. De um lado, temos a irmã Irene (Taissa Farmiga) e do outro temos Maurice (Jonas Bloquet), o dois foram os únicos que conseguiram sair vivos do Convento na Romênia. Sendo que, Maurice levou consigo a entidade demoníaca Valac, enquanto Irene pensou ter saído vitoriosa na luta contra o mal.
Os roteiristas Akela Cooper, Ian B. Goldberg e Richard Naing resolvem se aprofundar mais nos dois personagens principais. Irene segue sua vida dedica a fé e a religião enquanto lida com memórias de infância com sua mãe, que mais tarde tem alguma função narrativa. Já Maurice, sem ter controle de si mesmo e sem perceber, fez quase uma Eurotrip fazendo diversos membros da igreja católica morrerem de formas bem suspeitas. Essas mortes começam a chamar a atenção da igreja e, Irene é convocada a investigar, já que eles suspeitam estar lidando justamente com o mesmo demônio que, ela em teoria já teria derrotado antes, essa então torna-se a premissa de A Freira 2.
O diretor Michael Chaves esteve à frente de dois dos últimos filmes baseados nos casos dos Warren: A Maldição da Chorona (2019) e Invocação do Mal 3: A Ordem do Demônio (2021). Os dois filmes não foram tão bem recebidos pela crítica e pelo público, somam notas entre 5 e 6, ou seja, medianos se comparados aos seus antecessores. O mesmo acontece com a A Freira 2, o que temos é mais um filme de terror mediano.
O que Michael Chaves junto ao trio de roteiristas consegue fazer em A Freira 2 é melhorar o que foi mal em A Freira (2018), como a questão das sequências exageradas que mais parecia um terrir e os efeitos visuais ruins. No novo longa-metragem temos mais dramatização, cenas bonitas e cenografias de época até bem deslumbrantes para contrastar com as cenas de terror que ainda estariam por vir. Técnica que funcionou bem em Invocação do Mal 1 e 2 e que servem para demonstrar a presença do mal e o quanto ela transforma o ambiente e as pessoas em volta.
Na minha opinião, esse é o ponto alto do filme e que comparado ao seu antecessor ele se superou: nos aspectos técnicos. Sejam eles no roteiro com o aprofundamento narrativo dos personagens ou no sentido artístico, que temos melhores cenografias, fotografia, efeitos visuais e até os atores mesmo estão bem melhores, percebemos uma evolução, principalmente por parte de Taissa Farmiga.
Entretanto, se você está pensando em assistir A Freira 2 com a expectativa de sentir medo e levar sustos: não perca o seu tempo ou o seu dinheiro. Como mencionei, o filme é mediano, porque na parte técnica e artística ele está muito bom, mas no aspecto narrativo dentro do gênero de terror, deixa a desejar. Durante a minha sessão, não houve esboço de reações praticamente a sessão inteira, nem se quer risada. Já que nas críticas gringas o filme vinha sendo descrito como “divertido”.
Diferente de James Wan que tem técnica e o time certo para saber quando inserir o medo e instalar o pânico, os novos diretores que ficaram à frente dos últimos lançamentos baseados nos casos dos Warren, parecem precisar beber muito da fonte que é James Wan para fazer uma sequência digna de filmes de terror. Para ter susto, para ter clímax e tensão você precisa construir esse cenário, algo que Wan é ótimo em fazer. Falta isso em A Freira 2, você não se assusta porque tudo é previsível e risível e você já nem sente medo, porque já está tudo muito manjado.
Portanto, concluo com o seguinte raciocínio: ou param de explorar as mesmas histórias dos Warren, que geram sequências fracassadas, com a única finalidade de lucrar sem entregar filmes minimamente descentes, ou então ampliam esse leque de produções. Por exemplo, no caso de Annabelle 3: De Volta Para Casa (2019), no longa que tem o roteiro assinado por James wan, entramos no museu de objetos amaldiçoados dos Warren e no local nos deparamos com diversas entidades e histórias que ficam em aberto e poderiam gerar novos spin-offs. Sem contar, o Homem Torto que aparece em Invocação do Mal 2, com o objeto e em forma física. Havia especulação sobre o filme dele, mas aparentemente já foi descartada. Esse universo merecia mais.
Título Original: The Nun 2
Direção: Michael Chaves
Duração: 110 minutos
Elenco: Taissa Farmiga, Jonas Bloquet, Storm Reid, Bonnie Aaarons, Anna Popplewell, Katelyn Rose Downey
Sinopse: Em 1956, na França, um padre é assassinado e parece que um mal está se espalhando. Determinada a deter o maligno, irmã Irene mais uma vez fica cara a cara com uma força demoníaca.
Trailer:
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