Crítica: Fale Comigo (2023, de Danny Philippou & Michael Phillippou)

O novo lançamento da produtora queridinha do momento, A24, chega aos cinemas no dia 17 de agosto e trata-se de um filme de terror. Desde seus primeiros anúncios, trailers e as primeiras críticas, já o apontavam como o melhor filme desse gênero no ano e a pergunta que fica é: Fale Comigo é o melhor filme de terror de 2023?

Que fique bem claro que, ainda temos filmes como Exorcista: O Devoto, A Freira 2, Toc Toc Toc: Ecos do Além entre diversos outros filmes de terror, suspense e thriller psicológico para estrear em 2023. Portanto, acho um tanto precoce dizer que se trata do melhor filme do ano, quando ainda temos estreias interessantes para chegar aos cinemas ao longo desse ano.

Fale Comigo empolga por ter uma proposta diferente que explora os GenZ e sua relação com a tecnologia e as mídias sociais, criando assim um novo formato e tendências para produções futuras dentro do gênero do terror e de outros gêneros consecutivamente. Mas, não é a primeira vez que a produtora A24 lança um filme com essa pegada. Apesar de ser menos comentado e menos hypado, Morte Morte Morte de 2022 já fez isso, mas em vez de ser sobrenatural explorou o formato slasher, tendo os hábitos e as características da GenZ como fio condutor da narrativa satirizando os costumes dessa geração.

No filme australiano que conta com a direção de Danny Philippou e Michael Phillippou, Danny que por sua vez, também assina o roteiro com colaboração de Bill Hinzman, seremos apresentados a um grupo de jovens que descobrem uma mão embalsamada, que permite que eles falem com espíritos e também sejam possuídos pelos tais espíritos, enquanto estão segurando a mão. Funcionando da seguinte forma: a pessoa segura a mão, fala “Fale Comigo”, nesse momento o espírito aparece e pode falar com ela; e para que o espírito possua a pessoa, ela precisa falar “Pode entrar”.

Toda essa ação é filmada pelo restante dos colegas e acaba viralizando nas redes sociais, porque é algo que vem sendo praticado à algum tempo entre adolescentes. O primeiro conflito após essas sessões de possessões e entretenimento sobrenatural, se dá logo no primeiro take do filme com Duckett (Sunny Johnson), que pouco tempo depois de ter participado dessas sessões, começa a demonstrar traços paranoicos e obsessivos chegando ao ponto de cometer suicídio.

Mesmo diante de uma tragédia, Mia (Sophie Wilde), Hayley (Zoe Terakes), Joss (Chris Alosio), Daniel (Otis Dhanji), Jade (Alexandra Jensen) e Riley (Joe Bird) estão fissurados nos vídeos e nas aventuras vividas pelos internautas com a mão embalsamada. Joss e Hayley estão sob a posse da mão e juntos são quem tem promovido as novas sessões sobrenaturais, a fim de embarcarem na adrenalina e garantirem mais views e likes. Mia, Jade e seu irmão caçula Riley, resolvem ir a uma dessas reuniões e Mia resolve participar, esse é um dos momentos de maior clímax do longa-metragem, pois além de demonstrar como a pessoa fica durante a sessão, ela já demonstra que dali para a frente não vem coisa boa, principalmente, em relação a Riley que é apenas um garoto.

Quando Mia participou das sessões, abriu de alguma forma um portal entre os dois mundos, além de ultrapassar o tempo determinado da ação, Mia tem uma maior sensibilidade devido à perda recente de sua mãe, que acabou se matando. Essa perda acabou se tornando uma fragilidade, deixando-a ainda mais vulnerável às ações espirituais.

Fale Comigo tem uma premissa interessante, um enredo instigante e ao mesmo tempo apavorante. Complementado pelas boas atuações que além dos personagens primários, interpretam também os espíritos obsessores, as atuações estão excelentes e são um prato cheio para aqueles que são fãs de filmes sobrenaturais bem encenados. O filme abusa de sequências violentas e impactantes beirando quase o gore de tanta aflição que algumas passagens podem causar nas pessoas mais sensíveis, e esse é o outro ponto positivo e que para muitos é o que o torna tão bom.

Por outro lado, algumas coisas ficam sem respostas como: Porque a mãe de Mia cometeu suicídio? Ela tinha segredos que o pai de Mia também escondia? Será que ela já tinha alguma relação com a mão embalsamada? Talvez, a sequência que já foi confirmada pela A24 traga essas informações, além de mais respostas, como: a origem da mão, a quem pertenceu, o que essa pessoa representava e fazia. Enfim, são muitas questões que vão além de jovens inconsequêntes que gostam de se arriscar, se possuindo como forma de diversão e de popularidade.

Portanto, o que dá para adiantar sobre Fale Comigo é que não é um filme ruim, mas também não merece o título de melhor filme de terror do ano. Afinal, satirizar a GenZ é divertido, além de se criar uma nova tendência, abre um leque de possibilidades para novas histórias de terror. Mas, apenas isso, somado às sequências violentas, não fazem um ótimo filme. Ele entretém, em alguns momentos diverte pelo sarcasmo e em outros apavora pelo exagero. Vale o ingresso, mas não o status de melhor do ano.

Título Original: Talk To Me

Direção: Danny Philippou e Michael Phillippou

Duração: 95 minutos

Elenco: Sophie Wilde, Alexandra Jensen, Joe Bird, Otis Dhanji, Miranda Otto, Zoe Terakes, Chris Alosio, Sunnny Johnson

Sinopse: Um grupo de amigos descobre uma mão embalsamada que lhes permite conjurar espíritos. Viciado na emoção, um deles vai longe demais e abre a porta para o mundo espiritual.

Trailer:

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