Morte a Pinochet traz luta contra a ditadura chilena (2020, de Juan Ignacio Sabatini)

*Filme disponível para aluguel digital nas principais plataformas.

Entre 1973 e 1990 o Chile viveu uma assassina ditadura militar, similar ao período de autoritarismo e violência militar pelo qual o Brasil também passou de 1964 a 1985. O longa Morte a Pinochet traz um grupo de pessoas elaborando um plano para matar o ditador Augusto Pinochet, e o perigo em que se colocam ao tentar fazer isso.

Narrativamente, o roteiro é básico e enxuto, indo direto ao ponto, focando na união dessas corajosas pessoas, o recrutamento de alguns indivíduos, sua visão de direito de liberdade, a elaboração e execução do plano, e por fim, as consequências trágicas. Apesar do roteiro pecar em não aprofundar tantos os personagens, culminando numa montagem frenética em um filme rápido, que poderia explorar melhor e com mais cadência os acontecimentos, em momento algum é uma obra monótona ou desinteressante.

Pelo contrário, ficamos querendo saber mais dos fatos históricos da época. Mas roteiro e direção optam por algo mais didático, direto e curto, mostrando apenas o resumo dos fatos. Pena, pois aqui é um caso onde pedia-se mais contextualização histórica, mais detalhes, mais ambientação de época, mais cadência e tensão nos acontecimentos.

Mas o filme não é raso, longe disso, é apenas “cortado” demais por assim dizer, para talvez não ser muito indulgente ou longo e afastar o público, especialmente o povo chileno, que seria o espectador alvo. Em tempos de vídeos curtos e uma internet e vida imediatistas, faz-se necessários filmes de teor político que vão direto ao ponto (poderia aqui citar os brasileiros Marighella e Medida Provisória, obras nada sutis, mas super necessárias devido a ressurreição do perigoso conservadorismo no Brasil). Acredito que aqui o mesmo é válido para esta obra chilena, muito bem executada por sinal, especialmente no seu terceiro ato.

Na sua reta final, o diretor Juan Ignacio Sabatini entrega ótimas cenas de ação e suspense, com um senso real de urgência e perigo, tiroteios bem filmados, mas realistas, e com uma bela direção de fotografia, aproveitando-se muito bem dos belos cenários naturais do Chile. Realmente de encher os olhos. E a atuação de Daniela Ramírez é eficiente, segurando bem a tensão proposta.

Apesar de inicialmente pessimista, o longa mostra a bravura e a importância da resistência, e nos lembra que se opor a um lado político opressor é o certo, mesmo que isso lhe coloque contra a lei, a lei sanguinária de quem está no poder. Parafraseando a obra-prima de mesma temática, o premiado Argentina, 1985: ditadura nunca mais!

E nisso praticamente toda américa latina tem um grito em comum.

Título Original: Matar a Pinochet

Direção: Juan Ignacio Sabatini

Duração: 81 minutos

Elenco: Daniela Ramírez, Cristián Carvajal, Juan Martín Gravina, Gabriel Cañas, Gastón Salgado, Julieta Zylberberg

Sinopse: Chile. Em setembro de 1986, um grupo de jovens tinha nas mãos a oportunidade de mudar o destino de um país: acabar com a ditadura de Pinochet matando-o. Enquanto o Chile vivia uma das ditaduras mais cruéis de Augusto Pinochet, poucos ousados consideravam o impossível: matar o tirano. O professor de educação física Ramiro, a psicóloga Tamara, e Sasha, nascida na favela, marcam o ataque armado para uma tarde de domingo em 1986. Ramiro, ex-professor de educação física que se dedicou à luta armada, esquecendo-se das relações pessoais; Sacha, um jovem humilde das favelas de Santiago, um entusiasta do futebol, sem formação política, e Tamara, uma psicóloga atraente que deixou uma família de classe alta para viver na clandestinidade e se tornou a única mulher com posto de comandante na Frente Patriótica: todos eles têm um objetivo comum – matar Pinochet. Baseado na história real de um ataque fracassado lançado por um braço armado do Partido Comunista Chileno.

Trailer:

Alugue o filme nas principais plataformas digitais, vale a pena. Prestigie o cinema latino!

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