Crítica: A Morte Habita à Noite (2022, de Eduardo Morotó)

O filme nacional que estreou ainda em dezembro, trata-se de um longa-metragem com um viés mais artístico e um recorte social baseado em uma ótica pessoal do roteirista e diretor Eduardo Morotó. Esse recorte acompanha a jornada de Raul (Roney Vilela), através de seus relacionamentos.

Raul é um homem que para os olhos comuns seria um fracassado: com um subemprego, fumante, alcóolatra e que vive se mudando de cortiço em cortiço, até o momento em que é deixado pela mulher Ligia (Mariana Nunes), pessoa que ainda o mantinha nos eixos.

Depois que Ligia vai embora, Raul parece cair em um poço sem fundo, inclusive, essa é a energia que o filme inteiro transmite. Pois não basta ele estar na pior, na sequência da trama Raul conhece e se envolve com outras duas mulheres e ambas têm tendências suicidas.

Cássia (Endi Vasconcellos) aparentemente exala o frescor da juventude e da liberdade, o que para o solitário Raul poderia ser uma forma de superar ou no mínimo se divertir, uma vez que a jovem se mostra interessada. Em contraponto, Cássia é problemática, arruma encrencas por onde passa, vive uma vida sem rumo ou perspectivas, o que pode acabar culminando em um fim trágico.

Por fim, Raul conhece Inês (Rita Carelli) através de um conhecido que deixa a mulher na casa de Raul, depois de achar que ela podia estar morta em decorrência de uma tentativa de suicídio. Inês parece trazer novos ares na vida de Raul, diferente de Cássia, com Inês ele se demonstra mais aberto e envolvido, mas o envolvimento deles soa entreaberto.

A Morte Habita à Noite poderia ser resumido em um curta-metragem, especialidade do diretor e roteirista. O longa parece ser um filme bem “sem pé nem cabeça” como se diz no popular. Mas trata-se de uma viagem imagética no submundo, tanto da introspecção e pessoalidade do protagonista, como do meio social em que vive. Com isso fica a tentativa de demonstrar esse universo com um quê, um ar sofisticado, artístico e poético, mas que no fim das contas só causa incômodo e aflição. Se isso é um trunfo ou não, cabe ao expectador refletir e decidir, após a exibição. Apesar das esforçadas atuações e das intenções nobres do cineasta, fica a sensação de que o roteiro e o resultado final poderiam ser melhor trabalhados.

Título Original: A Morte Habita à Noite

Direção: Eduardo Morotó

Duração: 94 minutos

Elenco: Roney Vilela, Mariana Nunes, Rita Carelli, Endi Vasconcelos, Pedro Gracindo, Everaldo Pontes

Sinopse: Aos cinquenta anos, alcoólatra e desempregado, a tábua de equilíbrio de Raul é sua paixão por Lígia, que nos últimos anos foi sua parceira de uma vida sem regras. Mas a relação entre os dois não é mais a mesma. Durante uma noite conturbada, Raul cruza com Cássia, uma jovem desgarrada e cheia de vida que vai despertar nele um lado antes desconhecido.

Trailer:

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