Crítica: A Luz do Demônio (2022) | O papel feminino no contexto do exorcismo

O exorcismo é apresentado em A Luz do Demônio sobre uma nova ótica. O filme dirigido por Daniel Stamm, traz como protagonista a atriz Jacqueline Byers no papel da irmã Ann, uma freira que descobre que sua vocação é o exorcismo. Porém, as regras da igreja católica são bem claras: apenas Padres especializados podem executar exorcismos.

Irmã Ann é uma freira enfermeira que trabalha em um centro de tratamento e estudo de casos de possessão da igreja católica nos Estados Unidos. Justamente por cuidar dos enfermos possuídos, Ann acaba se afeiçoando e criando vínculo com eles. Porém, o maior laço afetivo se estabelece com a paciente Natalie (Posy Taylor), uma menina de no máximo 10 anos, doce e simpática, mas que quando o mal se revela demonstra o lado mais sombrio e assustador que Ann já presenciou.

Acaba que Natalie desperta ainda mais a curiosidade de Ann pelo exorcismo, pois ela descobre que o caso da menina pode ser mais grave do que se imagina e que têm algo diretamente relacionado a ela. Essa é a trama central da história, o que talvez deixe a coisa do feminismo e da heroína espiritual até como pano de fundo apenas, quando para o espectador isso era o que o filme tinha de diferencial e mais interessante.

Pois, sejamos francos, desde de O Exorcista (1973) de William Friendkim, uma obra-prima do gênero, todos tentam explorar a temática de formas diferentes, graças ao apelo ao oculto, ao que não se conhece e ao sobrenatural, assuntos que despertam a curiosidade e atiçam o imaginário. Usam sempre da mesma fórmula, uma criança ingênua, frágil e boa que vira algo surrealmente amedrontador e no final um padre cuja batina é como capa do herói e salvando aquela alma.

Acontece que, justamente por ter muitos filmes do gênero, um assunto de certa forma saturado, se não for bem explorado e com um roteiro que convença ele não vai vingar e vai ser apenas mais um filme de exorcismo esquecível. Infelizmente, é o que acontece com A Luz do Demônio, o filme poderia emplacar com a personagem feminina, fazendo e acontecendo tanto com a instituição da igreja católica ao inovar e transformar regras quanto com a questão demoníaca/espiritual. Entretanto não é o que acontece, pelo menos não da forma que deveria.

A atriz Jacqueline Byers merece até uma parabenização, porque praticamente carrega o longa-metragem nas costas, mesmo com a história pouco convincente e um drama superficial, ela entrega uma boa atuação e gera até uma empatia pela personagem, mas é a única. A relação dela com Natalie e a dela mesma com a mãe, poderiam ser de repente mais aprofundadas já que o filme acabou sendo direcionado mais para um thriller dramático de uma mulher que virou freira porque sua mãe foi possuída por um demônio, ao invés de uma freira exorcista super-heroína.    

Em resumo, se você que está lendo espera ver um terrorzão com sustos e cenas de te fazer tapar os olhos de medo, esquece, porque isso não vai acontecer em momento algum. O filme não tem sustos, não tem plot-twist, inclusive o que talvez estivesse previsto para ser uma surpresa no roteiro, acaba ficando na cara logo do início para a metade do filme, o que tira ainda mais a graça da coisa. Fora o que o filme tem de mais interessante, acaba sendo pouco explorado dando destaque para um drama pessoal que é atiçado por uma entidade demoníaca, a obra poderia ser resumida a essa última frase.

Gostaria de destacar também a escalação do elenco que foi pouco explorado como Virginia Madsen de Evocando os Espíritos (2009) e Colin Salmon de Resident Evil: O Hóspede Maldito (2002), rostos que são automaticamente reconhecidos dessas e de outras produções e que tem papéis importantes, mas também pouco ou quase nada desenvolvidos. Sobre a personagem de Virginia então, quando a freira Ann vai sempre falar com ela, não fica claro o seu papel ali. De certo modo, o filme parece preguiçoso e acaba despertando esse sentimento em quem assiste, prefiro nem comentar sobre os efeitos para não piorar ainda mais a decadência.  

Título Original: Prey for the Devil

Direção: Daniel Stamm

Duração: 93 minutos

Elenco: Jacqueline Byers, Christian Navarro, Virginia Madsen, Colin Salmon, Nicholas Ralph, Posy Taylor, Debora Zhecheva, Bem Cross

Sinopse: Uma freira se prepara para realizar um exorcismo e fica cara a cara com uma força demoníaca com laços misteriosos com seu passado.

Trailer:


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