Crítica: Sorria (2022) | Um filme de Parker Finn que traz de volta as clássicas correntes de maldição

“Sorria, você está sendo filmado!” Uma frase que vemos em praticamente qualquer lugar monitorado por câmeras, geralmente só de ler a gente se sente meio incomodado, provavelmente pelo fato de agora sabermos que estamos sendo filmados e isso automaticamente gerar um desconforto. Mas, em Sorria, a sua frase de efeito deveria ser “Sorria, você acabou de ser amaldiçoado!”, pois é isso que a psicóloga Rose Cotter (Sosie Bacon, de 13 Reasons Why) vai viver após presenciar o suicídio de uma paciente.

Quem for aos cinemas assistir ao filme Sorria, vai automaticamente lembrar de filmes como Corrente do Mal (2014) ou O Chamado (2002), não pelo enredo em si, mas pela dinâmica. Pois o que ambos têm em comum é: são correntes de maldição que vão passando de pessoa para pessoa.

Em O Chamado, quem não se lembra da fita do mal? Você assistia, o telefone tocava, era Samara Morgan dizendo “Sete Dias”, esse era o prazo que a pessoa tinha, para fazer uma outra pessoa assistir ao filme ou então ela (Samara) sairia do poço em algum televisor, independente de qualquer coisa e mataria a pessoa que viu a fita a sete dias.

Já em Corrente do Mal, a maldição age de forma diferente, ela é passada através de relações sexuais, entre o amaldiçoado e aquele que no caso vai receber a maldição. Porém, se o futuro amaldiçoado for morto pela entidade, a maldição volta para a pessoa anterior, o que torna o filme ainda mais tenso e deixa a vítima ainda mais em alerta, pois ela passa a ter duas preocupações: se livrar daquilo e se manter livre garantindo que a outra pessoa não morrerá!

Além da semelhança com esses filmes, muitas pessoas vão associar Sorria a Verdade ou Desafio (2018), mas esse tem uma proposta completamente diferente, a única semelhança é a entidade maligna com um sorriso bizarro e que se traveste de qualquer pessoa. Entretanto, Sorria, apesar ter todas essas semelhanças com outros longas de terror, ele é na verdade uma adaptação do curta Laura Hasn’t Slept (2020) que também é do diretor e roteirista Parker Finn. O curta já tinha dado certo e teve uma boa recepção, o que levou Finn a transformá-lo em longa-metragem.

Posso adiantar que a proposta do diretor funciona, pois o que temos aqui é um thriller psicológico que vai prender o espectador do início ao fim. Na trama acompanharemos a jornada de Rose Cotter (Bacon), ela é uma psicóloga, mas que carrega traumas que são apresentados ao espectador desde o começo do filme.

Rose tem uma mãe ausente e problemática que acaba se matando e tudo isso quando ela tinha apenas 10 anos de idade. Ela revive essa experiência traumática quando atende a paciente Laura Weaver (Caitilin Stasey, do curta Laura Hasn’t Slept, 2020) que está nitidamente perturbada, com o que ela diz ser uma presença maligna, algo que aparece para ela como as pessoas que ela conhece e até como pessoas que já morreram. E o pior, com o aquele sorriso macabro. Laura então fica com o mesmo sorriso e se mata na frente de Rose. A partir dessa ocasião Rose passa a ver e ouvir coisas e aparentemente a ser perseguida por essa entidade que estava com Laura.

Em meio a essa loucura que Rose viverá seremos apresentados ao resto de elenco que conta com a presença de Jessie T Usher (The Boys) como Trevor, o noivo de Rose, inclusive um parceiro bem distante e pouco empático. Kylle Gallner (Evocando os Espíritos) como o Policial Joel e ex-namorado de Rose que no final das contas é quem mais vai apoiá-la. Gillian Zinser como Holly, irmã de Rose, mas também distante e que acha que a irmã está pirando igual a mãe.

Conforme os dias vão passando e depois da ajuda de Joel, Rose descobre que está amaldiçoada e tem no máximo sete dias, foi o tempo máximo que a maioria das vítimas duraram e agora é o tempo que ela também tem para tentar arranjar uma solução para esse problemão. Joel descobre apenas um homem que conseguiu se safar dessa corrente maligna. Robert Talley (Rob Morgan, Não Olhe Para Cima, 2021) conseguiu sobreviver e a forma com que ele conseguiu isso foi matando outra pessoa com uma testemunha ocular, onde então quem recebe a maldição é a pessoa que presenciou o assassinato.  

A maldição é algo que está atrelada ao trauma de presenciar alguém morrendo e segundo o próprio Robert, já dura anos e já existiram correntes que passaram até aqui pelo Brasil. Mas, chegamos a um ponto que o filme peca: afinal, qual é a origem dessa corrente? Quem é essa entidade? Porque ele(a) age dessa forma? E adivinha, essas questões não são respondidas!

Outro ponto do filme que acaba se tornando uma falha é que o noivo de Rose, Trevor, simplesmente desaparece em determinado momento, sem nenhum tipo de explicação, desde o início ele é uma pessoa ausente, passa o tempo todo no trabalho aparecendo apenas no fim do dia, mas depois de certo momento, nem isso.

Em resumo, o filme é muito bom, tem poucos detalhes que deixam a gente com algumas interrogações, mas tem uma estética e uma pegada dos filmes de terror dos anos 2000 e com muitos sustos. Acho muito difícil você sair do cinema sem ter levado pelo menos um. Todo o elenco é muito bem escalado, com destaque para a protagonista Sosie Bacon que entrega uma personagem com um arco perfeito dentro dessa loucura maligna. Sorria é um dos melhores longas de terror dentro do que se propõe lançado recentemente, garante agonia, bons sustos e ainda acaba com gancho para uma possível sequência, provavelmente para poder responder essas questões que acabam ficando no ar.   

Título Original: Smile

Direção: Parker Finn

Duração: 115 minutos

Elenco: Sosie Bacon, Kyle Gallner, Jessie T. Usher, Caitlin Stasey, Robin Weigert, Kal Penn, Judy Reyes, Kevin Keppy, Rob Morgan, Gillian Zinser

Sinopse: Em Sorria, tudo na vida da Dra. Rose Cotter (Sosie Bacon) muda, após uma paciente morrer de forma brutal em sua frente, e ela testemunhar o incidente bizarro e traumático no consultório. A partir daí,ela começa a experimentar ocorrências assustadoras que ela não consegue explicar, mas que de alguma forma, se relacionam com a morte que ela presenciou. Para entender o fenômeno que não sai de sua cabeça, a Dra. irá atrás de respostas, mesmo que o mal também já esteja perseguindo-a, e tudo que ela mais quer, é também fugir. Rose irá até as últimas consequências, com o objetivo de desvendar e combater o mal desconhecido que começou a afetar sua vida e de todos ao seu redor. Cada dia mais imersa nessa teia de acontecimentos assustadores, para sobreviver, ela deverá enfrentar a situação perturbadora que se apresenta, e tentar escapar de sua nova e horrível realidade.

Trailer:

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