Crítica: Adeus, Idiotas (2020, de Albert Dupontel)

Chegou aos cinemas na semana passada (24/02/22) aqui no país a comédia francesa Adeus, Idiotas, que fez bastante sucesso de bilheteria e premiações lá na sua terra de origem em 2020 e já havia sido exibida no circuito do Festival Varilux em 2021. Dirigida pelo também ator e aqui protagonista Albert Dupontel, a obra ainda tem Nicolas Marié e a sensacional Virginie Efira (do ótimo Benedetta) completando o trio principal.

O longa é uma comédia de erros, personagens cansados, tropeçando e tentando resolver suas situações, que acarretam em consequências tragicômicas. Suze está doente e decide ir de trás do filho que um dia foi obrigada a abandonar. JB está cansado do trabalho e da vida, quase que naquela situação de Um Dia de Fúria. Blin é o mais positivo deles, de um entusiasmo que até mesmo faz esquecer de sua necessidade especial: ser cego. Conforme os três vão se topando acidentalmente e se unindo, sua amizade os faz conseguir alguns feitos impressionantes, mesmo que isso os torne foragidos da polícia, o que acarreta em más consequências.

Embora o cineasta opte por um humor com situações absurdas que às vezes flerta com a ação e em outras são nonsense, busca-se ainda uma certa razoabilidade para carregar situações de forma humana e palpável, embora os conflitos nunca sejam aprofundados a ponto de serem complexos, apenas lapidados para que isso seja uma força motriz, que move as personagens até o destino. Então o roteiro busca um senso de ridículo contido, para não destoar em excesso da proposta simplista e eficiente da obra.

As atuações são excelentes, especialmente Virginie Efira, que vem se revelando uma das grandes artistas belgas em exercício na França atualmente. Ela é a que mais consegue passar a dramaticidade da sua situação, sem deixar de ter um senso de humor, por vezes áspero ou contrário à situação prática em si. Apesar do relativamente baixo orçamento, o visual é eficiente ao menos por situar bem a história em que se passa, com direção de arte por vezes inspirada. Trilha sonora é eficiente e o trabalho de edição de som é ótimo, inclusive surpreendendo nas cenas de ação.

Com um trio protagonista carismático e que apresenta um bom timing, essa comédia agridoce leva nossos heróis por um caminho de erros e acertos, até um final um pouquinho contraditório e inesperado, que poderá desagradar alguns, mas que não deixa de cumprir com sua proposta inicial. Bom filme, ótima pedida para amantes de cinema francês. Não deixe de conferir nos cinemas.

Título Original: Adieu Les Cons

Direção: Albert Dupontel

Duração: 87 minutos

Elenco: Virginie Efira, Albert Dupontel, Nicolas Marié

Sinopse: Quando Suze Trappet descobre, aos 43 anos, que está seriamente doente, decide ir procurar a criança que foi forçada a abandonar quando tinha 15 anos. Sua busca vai fazê-la cruzar com JB, um quinquagenário em pleno esgotamento mental, e com o Sr. Blin, um arquivista cego de um entusiasmo impressionante. Juntos, eles embarcam em uma missão tão espetacular quanto improvável.

Trailer:

Gosta de filmes franceses? Não deixe de conferir essa boa produção!

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