Crítica: A Felicidade das Pequenas Coisas (2022, de Pawo Choyning Dorji)

O longa butanês que conta com a direção e roteiro de Pawo Choyning Dorji traz às telonas a história de um jovem professor, Ugyen (Sherab Dorji) que na verdade sonha ser cantor na Austrália. Mas Ugyen trabalha para o governo e se surpreende quando é encaminhando para trabalhar em Lunana, uma aldeia glacial no Himalaia, a mais remota do mundo. Para atingir seu sonho de ser cantor, ele precisará completar essa etapa de seu trabalho como professor.

Desde o momento de tomar a decisão de ir e encarar a viagem, muitas são as dúvidas e muitas questões são colocadas em cheque por seus amigos e parentes, como a questão de valorizar a sua cultura e reforçar os seus valores através da educação. Ao contrário de correr atrás de um sonho em outro país, onde Ugyen seria apenas mais um estrangeiro procurando mudar de vida em um país de primeiro mundo.

Na jornada a caminho de Lunana, Ugyen já nota a distância do local, pois são horas e horas caminhando por trilhas e morros, o trajeto é tão exaustivo que em dado momento ele pensa em desistir ali mesmo. Mas o seu guia explica o quanto o trabalho dele é importante e necessário com aquelas crianças e o homem o convence a seguir a diante.

Em Lunana, assim como Ugyen o espectador descobrirá um lugar humilde, isolado e muito carente. Povo carente de tudo, alimento, serviços básicos e péssima qualidade de vida. Um local onde a energia elétrica até chega, mas não é sempre e que é predominantemente frio.

Mesmo sem os recursos necessários, Ugyen passa a dar aulas para cerca de dez crianças e ali naquele ambiente e naquela localidade apesar dele ser o professor, ele é quem mais acaba aprendendo. Através da simplicidade e dos desafios enfrentados por aquele povo Ugyen revê conceitos e valores. Inclusive, um dos momentos mais comoventes é quando ele retira o papel que reveste suas janelas para protegê-lo do frio e doa esse papel para que seus alunos tenham onde estudar.

O longa não recebeu o título A Felicidade das Pequenas Coisas à toa, realmente a simplicidade narra a história e ao mesmo tempo é o que transforma o protagonista Ugyen. Há um contraponto que fica bem claro que é contado através da fotografia, são os contrastes entre os ambientes fechados e a paisagem do lado de fora. São lindos cenários, mas do lado de dentro há uma pobreza extrema, enquanto do lado de fora parece que eles estão em um paraíso, o que o local não deixa de ser apesar de todas as limitações. O que nas entrelinhas seria: você tem tudo isso do lado de fora, mas tem muito para fazer aqui dentro.

O ritmo é um pouco lento, não é o filme que agrada a todos. Mas, do meio para final a partir do momento que Ungye está em Lunana conseguimos compreender o propósito do filme que é mostrar a transformação que uma mudança de ares causa em uma pessoa, principalmente quando essa mudança trata de sair da sua zona de conforto, o que gera uma grande reflexão. Afinal, não é só Lunana, mas em qualquer país existe a miséria, a pobreza, povos que são praticamente esquecidos. E esse longa-metragem volta o olhar justamente para essa parcela da sociedade, ou seja, vale conferir e refletir.

Título Original: Lunana A Iak In The Classroom

Direção: Pawo Choyning Dorji

Duração: 110 minutos

Elenco: Sherabi Dorji, Kelden Lhamo Gurung,Sanghay Lham, Oriana Chen, Dophu, Art Finch, Tadim Sonan

Sinopse: O professor Ugyen Dorji, de 20 e poucos anos, sonha em se mudar para a Austrália e ser um cantor famoso. Em seu último ano de contrato com o governo, ele é mandado para Lunana, onde deve assumir uma escola infantil.

Trailer:

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