WHAT IF…? – A queda do Doutor Estranho (Análise do episódio 4)

Estamos chegando da metade da quarta série do Marvel Studios exclusiva do streaming Disney+ e continuamos nos surpreendendo com as infinitas possibilidades sendo quebradas a cada semana, onde o episódio recente de WHAT IF …? revelou uma história que poderia facilmente ir para o cinema pela escala e pelo peso intenso em seus personagens, suas escolhas, tudo isso elevado pelo grande trabalho técnico de animação e demonstrando o real poder de um dos personagens mais poderosos do universo Marvel.

E continuamos a nossa cobertura anual de produções do Marvel Studios seja para o cinema ou streaming, onde a cada semana debatemos os acontecimentos e destrinchamos as referências encontradas nos quadrinhos e no MCU , com a intenção de trazer um acréscimo maior para sua experiência na série, nós fizemos isso na história da Capitã Carter, no T’Challa Senhor das Estrelas, no serial killer dos Vingadores, e agora debateremos os acontecimentos dessa história que revela o real e perigoso poder do Mago Supremo.

Então agora se acomode, pois vamos debater o novo episódio de WHAT IF…?

Atenção: spoilers do episódio da semana!

De releituras de personagens a exercício de gêneros, a série WHAT IF…? está se demonstrando um interessante experimento de elevar os seus personagens ao nível que não conseguíamos conceber, pois, o que vimos nesse episódio é que até mesmos os heróis são capazes de destruir o universo completamente por motivações egoístas e até arrogantes. Tudo isso narrado num curto episódio de 30 minutos que consegue nos fazer degustar desse universo alternativo que demonstra o lado obscuro de Stephen Strange, fazendo de tudo para salvar o seu grande amor.

Logo no início do episódio já descobrimos a ruptura do universo que se cria, pois o Vigia sempre nos lembra que apenas uma escolha de uma única pessoa pode mudar o traço do universo inteiro, e nesse caso vimos que a decisão que muda tudo foi que vemos que a enfermeira Christine, vinda do filme do mago de 2016, aceitou ir com Strange ao evento de homenagem ao trabalho exemplar cirúrgico, sendo que no longa ela se recusou a ir por conta de não apoiar um evento feito para glorificar Stephen. Sendo o fato que altera todo o andamento do universo, vimos que no fatídico acidente de carro que Strange sofre e fica com as mãos danificadas para sempre, invés disso o que ocorre é que Christine acaba morrendo no acidente. Isso demonstra uma total inversão da motivação de Strange para a entrada nas artes místicas, onde ao invés de querer consertar as mãos para voltar a ser o cirurgião, ele adentra nesse novo mundo pelo ressentimento de luto por perder o seu grande amor, ou nas palavras do Vigia, o seu coração.

Até então a trama aparentemente segue o que acontece no filme de 2016, até se tornar o Mago Supremo e protetor do sanctum de Nova York, mas a grande diferença é que agora o Stephen está tomado pelo luto pela Christine, o que torna sua vida muita amarga e mais solitária. É nesse ponto que a história de WHAT IF…? se desenrola fazendo uma releitura de um clássico filme da década de 1960, chamado de A Máquina do Tempo, estrelado por Rod Taylor inspirada na obra clássica de H.G. Wells, onde na trama de exploração de viagens do tempo há elementos no tempo e espaço que não podem ser alterados, como o que vimos no episódio, que é a morte de Christine que motiva Strange a querer adentrar no campo místico, que por ventura faz ele conseguir derrotar o Dormammu e salvar a realidade da Dimensão Negra. Então se cria um imenso paradoxo que o mago está preso e não consegue alterar, mesmo na montagem trágica em que o Stephen utiliza poder do Olho de Agamotto para tentar reverter a morte dela, sendo frustrado constantemente por eventos trágicos imparáveis, que, aliás contém uma referência interessante ao primeiro filme do MCU, o Homem de Ferro. No caso, quando Chistine acaba morrendo numa explosão de um prédio, esse acontecimento é noticiado por uma repórter que é a Christine Everheart, a pessoa que entrevista o Tony Stark logo no início do longa, o que consequentemente faz os dois terem uma noite “quente”. Isso mostra que até detalhes no MCU não são deixados de lado.

Retornando a trama do episódio, vemos o Strange sendo tomado pela culpa e luto de perder o seu amor, isso faz ele ser tomado pela própria ignorância de provar que consegue alterar a realidade e salvar Christine, mesmo recebendo aviso de Wong e da própria Anciã, retornando em forma de projeção astral, avisando-o que esse caminho é perigoso demais para o universo dele. Naturalmente ele acaba resistindo a esses avisos, o que faz ele partir para a biblioteca de Cagliostro, um mago que existe nos quadrinhos e é responsável pela criação do Olho e detentor de todo o conhecimento das artes místicas. É lá que vemos o nosso mago se aprofundando no conhecimento supremo da magia, o que leva ele a buscar o total domínio desse poder, ao ponto de sugar todas as criaturas de múltiplos universos misteriosos, desde inocentes gnomos, até criaturas perigosas como dragões, fênix, e entre elas uma curiosa criatura colossal de tentáculos. Relembrando o episódio da Capitã Carter, essa tal criatura tentacular é a mesma na que vimos naquele episódio, marcando de novo a presença nas tramas de multiverso e trazendo o caos desenfreado. Ainda fãs especulam que possa ser o Shuma-Gorath, a criatura destruidora de realidades que possa ser a grande ameaça no filme Multiverso da Loucura, ainda não podemos definir 100% se é o monstro em questão ou se ela pode ser a tal grande ameaça a ser desencadeada no final da temporada que é a união dos heróis de realidades diferentes. Até lá teremos que ver o que se reserva nos próximos capítulos.

Sendo o Shuma-Gorath ou não, sabemos que ele detém inúmeros poderes que o Strange busca para conseguir quebrar o ponto fixo do universo que é a morte de Christine, e ele consegue absorver uma quantidade absurda de poder, adquirindo a possibilidade de transformar toda a sua persona e atitudes perante ao que conhecemos do Doutor Estranho nesse universo e em sua trajetória. Chega a ser muito interessante ver como o WHAT IF…? está extrapolando o limite dos seus personagem ao nível de poder e ações diferentes, mas respeitando a essência do que foi construído no MCU, pois sabemos que no seu filme de estreia, Strange já detinha uma arrogância prepotente aos seus poderes e certas atitudes rebeldes, e com o tempo ele foi aprendendo e resolveu agir de jeito centrado e formal do seu nível de magia, como em Guerra Infinita, por exemplo. Mas no que vemos nesse episódio é como numa realidade alternativa conseguimos ver como ele age com ações mais descontroladas de seus poderes e como a irresponsabilidades se eleva ao ponto de destruição mais destrutivo, como veremos a seguir.

Mais à frente descobrimos de que o tal paradoxo do Strange se fragmentando acaba levando aos poucos o universo junto, pois retornando ao ponto de partida que Strange toma a decisão de impedir a morte de Christine, vimos que a realidade está se deteriorando e se tornando num nível que ele possa ser destruído, como é revelado pela Anciã, que na tentativa de salvar o universo em que esta história se passa, utilizou poderes da Dimensão Negra e conseguiu dividir em dois Strange, um estável com o seu poder e o outro que detém o grande poder destrutivo de sugar inúmeras criaturas e alimentando toda a sua magia e se tornado mais perigoso, o que leva eles a um grande confronto épico, garantido pela ótima qualidade da animação, com mesclas de animação 3D e 2D e efeitos especiais de tirar o fôlego. Garante-se aqui a ótima experiência do episódio e se mostra até aqui o episódio mais impactante visualmente em WHAT IF…?!

O duelo termina com o Doutor Estranho Maligno vencendo e sugando toda energia de seu sósia e adquirindo a magia caótica necessária para destruir o paradoxo e assim salvar Christine do destino inevitável, porém não dá certo, pois Strange está monstruoso, descontrolado e todo o seu universo inteiro está se despedaçando e nem a Christine o reconhece mais. O nível de destruição chega em um ponto que acontece algo inusitado: Strange sente a presença do Vigia, é a primeira vez que um personagem do MCU interage com o misterioso ser cósmico e chega até a implorar pelo salvamento desse universo, mas o Vigia nega falando a sua frase icônica que ele não pode interferir em nenhum momento e ele deixa o caos todo destruir a realidade dele. Strange até consegue criar um escudo de cristal para proteger ele e seu amor, mas é inútil, pois ela é também apagada da existência, e assim em um clima mórbido e depressivo, o episódio termina com o Strange maligno sozinho em sua esfera de cristal, com toda a dor e peso de ter destruído toda a realidade para salvar o seu amor de um destino irremediável.

O quarto episódio de WHAT IF…? é um verdadeiro ponto fora da curva em toda história do Marvel Studios, extremamente sombrio e ambicioso pelo visual, a ideia de colocar o Doutor Estranho adquirindo o máximo de poder absoluto e pelo peso de escolhas egoístas e arrogantes, onde conseguiu levar a destruição no seu próprio universo, demonstra o real potencial que essas histórias são capazes, conseguindo até ser mais profunda e mais desafiadoras que muitos filmes do MCU. Vemos a primeira história de um herói do MCU perdendo de fato, não contando apenas como o Guerra Infinita que mostrou os heróis sendo derrotados pelo Thanos, mas que no Ultimato vimos isso ser revertido. Aqui a Marvel se garantiu de que consegue entregar algo grandioso e único em sua trajetória.

Por enquanto a história do Doutor Estranho Maligno se encerra nesse episódio, mas a grande pergunta é: será que veremos ele de novo? Sabemos que irá retornar no grande crossover no episódio final da temporada onde veremos os Guardiões do Multiverso se unindo contra uma grande ameaça, que aparentemente será o Ultron com as joias do Infinito, mas será que veremos mais além disso? Segundo rumores recentes, esse Doutor Estranho pode marcar a presença no aguardado Multiverso da Loucura e muitos fãs estão teorizando que o tal Stephen Strange que aparece no trailer de Homem-Aranha: Sem Volta para Casa e erra o feitiço e desencadeia o Multiverso possa ser esse Doutor Estranho Maligno que vimos nesse episódio. É uma teoria válida, mas não podemos esquecer que antes mesmo de ser um filme do Marvel Studios, o aguardado Homem-Aranha 3 ainda é um filme da Sony, e soaria algo muito difícil para o grande público que geralmente é casual com essa produção de quadrinhos, ver um prólogo de um personagem que apareceu num streaming da Disney, para depois ser explorado numa produção de outro estúdio que apesar de haver essa parceria, ainda é concorrente da Casa do Mickey Mouse. Por isso tudo é muito improvável de que veremos isso no novo longa do Teioso, mas claro ninguém sabe o total dos planos no comando do MCU, então teremos que aguardar os próximos lançamentos…

Encerramos a análise do quarto episódio de WHAT IF…?, um episódio muito sombrio e impactante do que conhecemos no MCU e continuaremos aguardando as próximas histórias desses universos alternativos. E pelo jeito teremos um pouco de diversão no próximo, pois, segundo alguns vazamentos, a trama da quinta história é o que aconteceria se Thor abdicasse do trono de Asgard e só vivesse de festas o tempo inteiro. E iremos comentar na nossa análise semanal, então fique ligado no nosso site!

WHAT IF…? é uma produção Marvel Studios e exclusiva do streaming Disney+.

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