Crítica: Space Jam: Um Novo Legado (2021, de Malcolm D. Lee)

Space Jam: O Jogo do Século é um clássico. Sim, tem defeitos; pode ser analisado como um filme medíocre, com atuações medianas e roteiro preguiçoso. Mas não deixa de ser um clássico que marcou a vida de crianças como eu que, assistindo à Sessão da Tarde, se encantava com um coelho falante em 2D beijando a boca do Michael Jordan e depois lutando contra aliens do mal em um jogo de basquete que não fazia o menor sentido. E esse era o espírito: a junção de absurdos despretensiosos e divertidos que não exigia lógica ou raciocínio específico; era uma experiência nonsense feita para entreter em sua minúscula duração quem quer que assistisse. Por conta disso, eu esperava que Space Jam: Um Novo Legado, estrelando LeBron James, fosse ser sim, uma reciclagem do antigo, mas que nos trouxesse uma aventura divertida para desligar o cérebro do mundo real e esquecer dos problemas. Mal sabia eu que, definitivamente, seria uma das piores experiências fílmicas dos últimos tempos.

O longa, apesar de ser escrito por uma longa lista de roteiristas, parece não precisar de um roteiro para existir. Acompanhamos LeBron James, que após se desentender com seu filho por não querer seguir os passos do pai como jogador, é sugado pelos processadores dos estúdios Warner e vai parar dentro do conglomerado Warner Media, em um mundo 3D cheio de detalhes e easter eggs do catálogo HBO Max. Lá, ele tem que enfrentar o extremamente malvado Algorítimo (Don Cheadle), que controla esse universo. O problema é que, seu filho, ainda magoado com pai, se junta ao vilão para derrotar LeBron em uma partida de basquete. Cabe a LeBron, então, pedir ajuda para os Looney Tunes e tentar evitar que sua família desmorone.

Primeiramente, vale destacar que LeBron tem sim carisma e o elenco não é ruim. Além disso, todo trabalho CGI, seja 2D ou 3D é muito bem feito, em uma construção de mundo que chama atenção para si, com muitos e bonitos detalhes e uma fotografia que valoriza tudo isso (com exceção do terceiro ato). Posto isso, todo resto beira ao inassistível. Uma vez que James entra nos servidores Warner, lá pelos 20 minutos de duração, os próximos 40 minutos de filme são nada menos do que uma propaganda do catálogo HBO Max. Passamos pelo universo Harry Potter, Game Of Thrones, Matrix, Casablanca, entre outros, sem o menor propósito. Veja, o problema não são os easter eggs existirem, e sim que eles são a própria história. Não é divertido passar por cada um desses universos, muito pelo contrário, cansa o expectador que anseia pela partida de basquete e pelo confronto entre os personagens. Em suas quase duas horas de projeção, Space Jam: Um Novo Legado tem um ritmo lento, numa progressão narrativa que está mais preocupada em mostrar quão incrível é assinar o streaming da Warner para ter acesso ao Mundo DC do que narrar a história de pai e filho de LeBron e Dom ou de mostrar o jogo de basquete.

Não bastasse isso, o humor não funciona e há pouquíssimos momentos realmente engraçados. Os Looney Tunes, por exemplo, praticamente não têm falas. E, o jogo de basquete, apesar de bem montado, é a pior parte técnica do filme, em que a poluição visual compromete a atenção completa na partida; mais uma vez, os easter eggs parecem ter mais importância que a partida em si. Sem se preocupar com os elementos que fizeram o longa original tão icônico, a essência desse filme é apenas o marketing.

É claro que, o original também era pura propaganda, sendo patrocinado inteiramente pela Nike como um comercial de 80 minutos de duração. Mas ao menos ali havia uma preocupação de fazer os Tunes brilharem, e de criar uma partida de basquete cativante, ainda que o elo dramático fosse fraco. Infelizmente, Um Novo Legado não consegue nem isso. A boa notícia é que, caso você não saiba se deve assinar o HBO Max ou não, o filme é uma ótima amostra completa do catálogo, onde pode conferir e tirar suas conclusões se o material lá presente é do seu interesse. No mais, é um desperdício de 150 milhões de dólares, de um jogador tão famoso, de nomes como Steven Yeun e Don Cheadle, e de personagens tão maravilhosos como os Looney Tunes.

Título Original: Space Jam: New Legacy

Direção: Malcolm D. Lee

Duração: 114 minutos

Elenco: LeBron James, Don Cheadle, Cedric Joe, Khris Davis, Sonequa Martin-Green, Ceyair J Wright, Harper Leigh, Diana Taurasi, Aja Wilson, Randy Mims, Gerald ‘Slink’ Johnson, Sarah Silverman, Steven Yeun, Ernie Johnson, Lil Rel Howery, Michael B. Jordan, Jeff Bergman, Zendaya, Xosha Roquemore, Stephen Kankole, Jalyn Hall, Wood Harris, Jordan Thomas, Sue Bird, Anthony Davis, Draymond Green, Damian Lillard, Klay Thompson, Nneka Ogwumike, Gabriel Iglesias, Eric Bauza, Rosario Dawson, Justin Roiland, Kimberly Brooks Candi Milo, Bob Bergen, Fred Tatasciore.

Sinopse: O superastro do basquete LeBron James se junta à gangue Looney Tunes para derrotar o Goon Squad e salvar seu filho.

Trailer:

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