Os filmes essencias de Billy Wilder

Nascido na Polônia no ano de 1906, Billy Wilder começou sua carreira no cinema em 1929 como roteirista, quando ainda atuava como jornalista de um tabloide em Berlim. No entanto, em 1933, ocorreu a ascenção de Adolf Hitler, e Wilder, judeu, achou melhor deixar a Alemanha rumo à França. Seus avós e sua mãe foram assassinados no campo de concentração de Auschwitz. Após pouco tempo na França, o diretor resolveu ir aos Estados Unidos, e logo, com a ajuda do ator lendário Peter Lorre e a parceria de Charles Brackett, começou a escrever roteiros de filmes de sucesso, como Ninotchka (1939) e Bola De Fogo (Ball Of Fire, de 1941). No ano seguinte, dirigiu seu primeiro longa nos Estados Unidos, A Incrível Suzana (The Major and The Minor, de 1942), e daí pra frente se consolidou como um dos grandes diretores do cinema americano de todos os tempos, graças a seu estilo sarcástico e que tratava de temas considerados como tabus na época. Esse texto apresentará cinco de seus filmes mais importantes.

1 – Pacto de Sangue (Double Indemnity, de 1944)

Pacto de Sangue é uma adaptação do livro Indenização em Dobro, escrito por James M. Cain, lançado em 1943 e inspirado por um crime real, ocorrido no ano de 1927 na cidade de Nova York. O roteiro, escrito por Wilder em parceria com Raymond Chandler, conta a história de Phyllis (Barbara Stanwyck) uma mulher que faz um seguro de vida para seu marido e convence seu amante, Walter (Fred MacMurray) a matá-lo.

O longa arrebatou sete indicações ao Oscar de 1945, nas categorias de Melhor Filme, Melhor Direção – primeira indicação de Billy Wilder ao prêmio – Melhor Atriz para Barbara Stanwyck, Melhor Som, Melhor Fotografia em Preto e Branco, Melhor Trilha Sonora e Melhor Roteiro. Apesar de ter saído de mãos vazias da premiação, até hoje é considerado um dos melhores e mais icônicos filmes noir de todos os tempos.

2 – Crepúsculo dos Deuses (Sunset Boulevard, de 1950)

Frequentemente citado como a obra-prima de Billy Wilder, Sunset Boulevard foi lançado em 1950 e trata do roteirista Joe Gillis (William Holden), que escreve um roteiro para Norma Desmond (Gloria Swanson) grande estrela da época do cinema mudo que caiu no ostracismo após o domínio do cinema falado – algo que também aconteceu na vida de Swanson.

O filme é conhecido por ser um dos mais brilhantes usos de metalinguagem do cinema – o mordomo e protetor de Swanson, por exemplo, é interpretado por Erich Von Stroheim, um dos grandes diretores do cinema mudo, e várias cenas mostram fatos que aconteceram de verdade na vida da atriz – que, por sua vez, mostrou que, se ela havia sido esquecida durante as décadas anteriores ao filme, azar do cinema, pois Swanson ficou eternizada por seu papel como Norma Desmond. Sua performance calculadamente exagerada como uma mulher que não consegue deixar o passado para trás ou aceitar que já não é mais relevante como um dia foi se revela um trabalho altamente complexo ao longo da projeção e foi suficiente para tirar a atriz do status de “estrela esquecida” e alçá-la a um patamar lendário, protagonizando algumas das cenas mais icônicas do cinema americano – especialmente a cena final de Sunset Boulevard.

O filme rendeu treze indicações ao Oscar, vencendo três categorias – Melhor Roteiro Original, Melhor Direção de Arte em Preto e Branco e Melhor Trilha Sonora Original.

3 – A Montanha dos Sete Abutres (Ace In The Hole, de 1951)

A Montanha dos Sete Abutres conta com uma das mais clássicas performances de Kirk Douglas, como o jornalista Chuck Tatum, que, após ser demitido de inúmeros jornais por motivos de indisciplina, começa a trabalhar em um jornal local de Albuquerque, capital do estado estadunidense do Novo México, mas sente que está desperdiçando seu potencial em um jornal com tão pouco alcance. Quando está viajando para cobrir uma corrida de cobras no interior do estado junto com um jornalista novato, Herbie Cook (Robert Arthur) os dois param para abastecer o carro e descobrem que há um homem soterrado em uma montanha logo atrás do posto. Tatum vê naquilo uma história com potencial de fazê-lo dar a volta por cima na carreira, explora o máximo possível do fato e extrapola totalmente os limites da ética ao visar sua carreira mais do que qualquer outra coisa.

É um dos filmes sobre jornalismo mais importantes de todos os tempos. O filme discute o papel do jornalismo, o sensacionalismo, o circo midiático criado em muitas situações e a natureza perversa de alguns que tentam tirar proveito de toda e qualquer situação, não importa o quão trágica ela seja.

Indicado ao Oscar de Melhor Roteiro, A Montanha dos Sete Abutres pode não ser um dos filmes mais badalados de Billy Wilder, no entanto, é, certamente, um dos mais indispensáveis, relevantes e atuais.

4 – Quanto Mais Quente Melhor (Some Like It Hot, de 1958)

Em 1958, chegou aos cinemas a comédia Quanto Mais Quente Melhor, que conta a história de dois músicos de Jazz que, para fugir de uma perseguição da máfia, se vestem de mulher, se maquiam e se juntam a uma banda de mulheres.

Amplamente considerado como uma das melhores comédias de todos os tempos, o filme traz algumas das performances mais celebradas de lendas como Marilyn Monroe e Jack Lemmon. Em 1989, foi escolhido como um dos vinte e cinco primeiros filmes a serem preservados na biblioteca do congresso norte-americano por sua contribuição cultural, histórica e estética.

Recebeu seis indicações ao Oscar, nas categorias de Melhor Direção, Melhor Ator (Jack Lemmon), Melhor Roteiro Adaptado, Melhor Cinematografia em Preto e Branco, Melhor Direção de Arte em Preto e Branco e Melhor Figurino, tendo vencido a última.

5 – Se Meu Apartamento Falasse (The Apartment, 1960)

Dando continuidade à parceria entre Billy Wilder e Jack Lemmon, em 1960, foi lançada a comédia Se Meu Apartamento Falasse, que conta a história de Bud Baxter (Jack Lemmon), um funcionário de uma empresa de seguros que, buscando ascensão na empresa, empresta seu apartamento para seus chefes poderem se encontrar com suas amantes, e acaba se apaixonando por uma das moças, Fran Kubelik (Shirley MacLaine).

Em um filme cheio de personagens multi-facetados, o diretor trata de temas considerados como tabus para a época, como o adultério, a chantagem em ambiente de trabalho e o corporativismo, tudo isso com uma sensibilidade muito grande ao tratar de seus personagens.

A produção foi indicada a dez categorias no Oscar de 1961 e venceu cinco estatuetas, por Melhor Filme, Melhor Direção, Melhor Roteiro Original, Melhor Direção De Arte em Preto e Branco e Melhor Montagem. Foi o último filme de Billy Wilder a ter sido indicado a Melhor Filme ou Melhor Direção.

E você, é fã de Billy Wilder? Já assistiu a algum desses filmes? Deixe seus comentários!

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