A Equipe Comenta: Terceira Temporada de Dark (2020, de Jantse Friese e Baran bo Odar)


Em mais uma edição do nosso especial onde vários membros da equipe dão sua opinião sobre uma obra, hoje o A Equipe Comenta fala sobre a aguardada conclusão da brilhante série Dark, que se tornou um fenômeno na Netflix! Confira abaixo o que achamos!


Luc Da Silveira:

Numa profusão climática de reviravoltas emocionantes, plots na maior parte bem orquestrados e uma dinâmica narrativa instigante, Dark encerra sua jornada pelo streaming do mesmo jeito que começou: excelente. Ainda que tenha suas falhas e conveniências de roteiro aqui e ali, os showrunners definitivamente souberam amarrar todos os detalhes importantes e peças desse grande tabuleiro às suas devidas proporções, com exceção, é claro, da rápida explicação no arco de Cláudia no fim da temporada (a única personagem que poderia ser melhor aproveitada). Desse modo, Dark termina não apenas como uma das melhores séries do gênero, como também um dos melhores produtos da Netflix, com destaque à sua fotografia cuidadosa, trilha sonora marcante, engajamento único e um dos melhores castings dos últimos anos. 
Nota da temporada: 9
Nota da série completa:9



Léo Costa:

Perfeitamente planejada e coesa, a brilhante e complexa Dark entrega um final que caminha entre o explicativo e o desafiador. Mesmo que algumas coisas sejam narradas de forma didática para que compreendamos alguns fatos, ainda assim a série se apresenta lindamente como um intrincado mosaico do tempo-espaço e na genealogia das famílias da trama. Com roteiro, direção e atuações acima da média, e “soluções” inteligentes que nunca são fáceis, a obra alemã mostra-se um ponto fora da curva, algo fora do padrão nas produções de fantasia, sempre fugindo do óbvio. 

A nervosa trilha sonora e os elegantes e contidos efeitos especiais ajudam a dar o tom, juntamente das personagens secas e complexas dessa odisseia. Mas mesmo que tenhamos esse “ar frio e seco” permeando o tempo todo, ainda assim temos muita humanidade e afeto na história que está sendo contada. Dark encerra-se como uma bela carta de amor à ficção científica, às possibilidades infinitas, aos amores impossíveis e às gerações das famílias. Uma das melhores séries dos últimos anos! Uma das melhores séries de fantasia de todos os tempos!

Nota da temporada: 10
Nota da série completa: 9,5


Rodrigo Zanateli: 

As outras duas temporadas de Dark me deixaram com a pulga atrás da orelha, pois o último episódio delas sempre pareciam expandir a série para uma lógica que não fazia sentido. A expansão de um outro período de tempo além dos três muito bem trabalhados por Baran Bo Odar na primeira temporada, e a aparição de um novo mundo de repente sem explicação nenhuma, na segunda, me fizeram terminar as duas temporadas desconfiando que a série entregaria algo que não podia cumprir. 

Então chegou a já anunciada terceira e última temporada, e sem poder usar esse recurso novamente, a expectativa era de saber se o realizador alemão conseguiria fechar as tantas pontas soltas já apresentadas pela série e as novas que seriam abertas pela apresentação deste novo mundo. E a expectativa foi cumprida até o penúltimo episódio da série, tão didática quanto a segunda temporada, a série mostrava em tela direitinho e sem confusão o nó narrativo se desatando, não deixando quase nada a esconder para os personagens. (“mistério” certamente não é uma palavra do vocabulário da temporada de 2020).

Porém, no último episódio, eles escorregam ao tentar dar um final feliz para a série. A conclusão óbvia ali seria que Jonas e Martha conseguissem acessar o mundo original, e o fato de conseguirem causaria o acidente da família de Tannhaus, motivo que faria a triquetra se completar e a série se fechar. Ao tentar surpreender o espectador somente no último episódio, que era justamente onde precisávamos de resposta, Dark se torna imperfeita e deixa algumas pontas soltas. 

Mesmo com seus erros, é inegável que Dark esteja em outro patamar em relação a qualquer obra da Netflix, e é uma das melhores séries destes últimos anos, e que bom que podemos criticar pequenas falhas na sua complexidade.

Nota da temporada: 8,5
Nota da série completa: 9,5


Karine Mendes:

Dark foi um diferencial nas séries originais da Netflix. A obra alemã se caracterizou pela sua complexidade dentro da temática de viagem no tempo, abordando conceitos como determinismo e histórias bíblicas (o que me lembra a ótima The Leftovers da HBO), e deixando isso de forma explícita ao apresentar personagens com nome de Adão e Eva, sendo até o título de um dos episódios da terceira temporada. 

Em um mundo tomado por produções que ganham um número exagerado de temporadas em vista do lucro, Dark merece nossos parabéns por ser limitada a apenas três, que foram pensadas desde o começo a fim de criar um ciclo perfeito. E seu final é realmente excelente! Mas para não ficar somente nos elogios, tenho sim algumas ressalvas para a última temporada, apesar de não serem nada que estraguem a experiência da série, acredito que algumas respostas e explicações dos fatos apresentados foram deixadas de lado. Gostaria de pelo menos mais dois episódios para que pudéssemos mergulhar mais profundamente nesse universo, além de ver um pouco menos da cara da Martha (Lisa Vicari) e mais de personagens que foram meio esquecidos durante a jornada final.

Mas a competência dos criadores e da equipe em geral é de se exaltar, visto que com uma série tão difícil, com várias linhas temporais e uma árvore genealógica pra lá de complicada, eles conseguiram nos presentear com tantos detalhes e uma conclusão muito satisfatória. Além de todo o cuidado com as datas importantes da trama, que nos permitiram ter uma experiência com a história não somente enquanto assistimos, mas também antes disso, como a ansiedade pela estreia da última temporada ser no dia 27 de junho de 2020, mesmo dia do apocalipse da série. E são essas particularidades que ajudaram Dark a se destacar e ser um deleite audiovisual.

Nota da temporada: 9
Nota da série completa: 9,5


Igor Motta:

Baran bo Odar e Jantse Friese, nesse ponto, são quase mutantes de quadrinhos. Como showrunners, e consequentemente cabeças da equipe de roteiristas da série, é de se espantar o domínio que possuem sobre o roteiro. Temos a todo momento a prova de que eles sabem o que estão fazendo, sabem os caminhos e destinos de todos os personagens com uma clareza espantosa, mesmo ainda que nós, os telespectadores, estejamos simplesmente perdidos no enredo. Quando achamos que a coisa está desandando, eles provam que tudo não passava, mais uma vez, de um planejamento a longo prazo. Maior prova disso é a forma como todos os pontos da série, todos os loopings e paradoxos, são dispostos e sequenciados em uma forma organizada e concatenada no plot twist final. 

Por isso, Dark é uma série muito acima da média na junção incrível de planejamento e desenvolvimento de roteiro. Temos a sensação de que a produção segue um caminho pré-estipulado antes da primeira temporada, sem aqueles famosos, e decepcionantes, desvios de um ano pra outro; ainda mais com a curta duração, que se mostra na medida cirúrgica de o que era necessário para contar na história. Ouso a dizer que não vejo uma série tão bem estruturada desde Breaking Bad.

Dark encerra sua trajetória com a certeza de que é uma das melhores produções da Netflix. Um respiro de qualidade dentre as recentes, trágicas e pífias produções da empresa. Termina de uma forma incrível, tão boa como a forma que se desenvolveu, tão boa quanto a forma que começou.

Nota da temporada: 9
Nota da série completa: 9


Nota média geral da equipe para a 3° temporada:


Nota média geral da equipe para toda a série:


Título Original: Dark

Direção: Jantse Friese e Baran bo Odar

Episódios: 8

Duração: 60 minutos

Elenco: Louis Hofmann, Lisa Vicari, Karoline Eichhorn, Julika Jenkins e Oliver Masucci. 

Sinopse: É 27 de junho de 2020 e o apocalipse está acontecendo. Uma Martha recém-materializada na casa de Jonas leva-o para o ano de 2019, um mundo estranho e ao mesmo tempo familiar: é a cidade de Winden, ainda em choque com o desaparecimento de um jovem chamado Erik Obendorf.

Trailer:



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