Especial: Meu Amigo Secreto MVDC #3



No amigo secreto do Minha Visão do Cinema, o presente é uma recomendação cinematográfica. Cada colaborador do site indicou um filme de que gosta para o seu amigo secreto assistir e criticar aqui no site.


Eu tirei a Natália Vieira, que escolheu o filme Farol das Orcas.

O filme conta a história de Beto, um guarda florestal que vive na Patagônia, no extremo sul da Argentina, um lugar frio e inóspito, porém tranquilo e agradável. Cercado pelo mar, por orcas e leões-marinhos, ele vive sozinho em uma pequena casa ao lado de um farol, onde também é o seu ambiente de trabalho.

Certo dia, ao chegar em casa, é surpreendido pela presença de uma completa desconhecida com uma criança em sua porta. Lola havia viajado da Espanha até ali movida por um documentário que Beto fizera com as orcas, a única coisa que tinha feito o seu filho autista expressar qualquer emoção. A partir de então, ela via as orcas como uma perspectiva de melhora para seu filho.

A princípio, Beto não tem muito interesse em ajudar aquela família, esquivando-se a cada instante. Todavia, após pesquisar sobre o autismo, ele decide dar uma chance e começa a passar algum tempo com eles, levando-os para conhecer os animais marinhos de perto, por mais que a aproximação seja proibida por lei.

Baseado em uma história real, o filme, diferente do que aconteceu, traz para a narrativa não somente o autismo de Tristán, mas cria, desde o princípio, um romance entre Beto e Lola. Ao mesmo tempo em que isso pode ficar bem na tela, faz parecer que a história de Tristán por si só não bastava para segurar o roteiro, e talvez não bastasse. O desenvolvimento desse romance, embora não seja o foco, auxilia no desenrolar da trama e dá a ela um toque a mais de emoção.

A atuação de Maribel Verdú como Lola, a mãe que luta com todas as forças para ajudar o filho, foi, de longe, a melhor. Joaquín Furriel, pelo contrário, pareceu muito quadrado no papel de Beto. Sua personagem, por ser bastante fechada, precisava de uma profundidade que o roteiro não permitiu expandir, apesar de ter tido tempo o suficiente para isso, o que pode ter acabado prejudicando o ator. Por fim, Guinchu Rapalini, no papel de Tristán, por vezes parecia pouco natural, e no começo isso foi algo que me incomodou bastante, pois era difícil criar qualquer tipo de relação com a personagem.

Mesmo simples, a fotografia, definitivamente, é um dos pontos altos do filme. Ela não é forte o suficiente para roubar a atenção, todavia não é tão esquecida a ponto de não ser lembrada. As cenas que se passavam no mar eram, de longe, as mais belas do filme, e a escolha de contraste entre a cor do barco de Beto e a tonalidade da água foram acertadas.

Por ser uma história simples, o filme tem muitos momentos arrastados, sem diálogos, cenas que querem se deixar ser, o que não é um ponto negativo, embora não seja, para mim, um positivo. Gerardo Olivares perde um pouco na direção quando tenta fazer esses momentos de reflexão acontecerem, mas nem sempre eles acontecem, são apenas cenas bonitas mostradas em tela.

Em suma, O Farol das Orcas é um filme interessante, e o tratamento de Tristán com as orcas, o ponto chave da narrativa, é ótimo para repensarmos também a respeito de outros métodos de terapia. Apesar de lenta, a história se desenvolve bem e sem furos. Para os mais sensíveis, pode ser uma experiência emocionante, mas mesmo para os que não são, o filme é capaz de arrancar um belo sorriso ao chegar ao fim, mostrando-nos como pequenas coisas podem mudar a vida de alguém.

Título Original: El Faro de las Orcas

Direção: Gerardo Olivares

Duração: 110 minutos

Elenco: Maribel Verdú, Joaquín Furriel, Guinchu Rapalini, Ana Calentano, Ciro Miró, Osvaldo Santoro, entre outros.

Sinopse: Beto (Joaquín Furriel) mora na Argentina e é um homem solitário que trabalha como guarda florestal num Parque Nacional. Lola (Maribel Verdú) é espanhola e é mãe de Tristán (Joaquín Rapalini), um menino de onze anos, autista. Depois de ver Beto num documentário, desesperada, Lola vai com o filho para Argentina em busca de ajuda. Um pouco relutante no início, Beto concorda em ajudar Tristán.

Trailer:

E aí, já assistiram ao filme? Não se esqueçam de acompanhar o nosso amigo secreto. A próxima crítica a sair é a da Natália. Quem será que ela tirou?

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