Crítica: Duas Coroas (2019, de Michal Kondrat)



Santo Maximiliano Kolbe, pouco conhecido no Brasil, é o personagem principal de Duas Coroas, dirigido pelo polonês Michal Kondrat. O filme narra a vida do beato que, ao longo de sua jornada, se dedicou à eclesiástica, até que se tornasse um mártir ao morrer em um ato de altruísmo em um campo de concentração nazista. 


O filme recorre à hagiografia, método milenar pelo qual a vida de um personagem santificado pela Igreja Católica é narrada. Assim, torna-se comum a prática das narrativas que, em busca das virtudes heroicas da pessoa retratada, suspendem momentos específicos da vida do mártir para que sua história seja contada. 




Interpretado (em vida adulta) por Adam Woronowicz, premiado ator polonês, o filme mescla documentário e drama ao narrar momentos distintos da vida de São Maximiliano Kolbe. O personagem, que percorreu a Polônia, a Itália e o Japão, divide o tempo de tela com um narrador presente, que percorre os mesmos caminhos que o santo percorreu, nos dias atuais. 


É notável, no decorrer do filme, o apuro de pesquisa e de levantamento biográfico que se debruça sobre a vida e morte do santo. A técnica no entanto peca, com o perdão da palavra. Soa confuso e pouco atrativo o método de filmagem, que afasta da narrativa a capacidade de exercer sua fluidez. Assim, os planos de ficção elencam episódios singulares, de relevância ou não, que se esforçam no trabalho de construção de um personagem que pouco nos dá. Com poucos diálogos nas cenas em que o fictício é proposto, a trilha sonora perceptivelmente tenta comover o espectador (e pouco funciona). 


Duas Coroas deixa ainda a sensação de um universo pouco explorado. Cabe ao contexto da Segunda Grande Guerra, ricamente explorado pelo cinema mundial, infinitas possibilidades de aprofundamento. O diretor, no entanto, explora sem dinamismo e com pouca contextualização a história que pode fornecer a ponte entre Hiroshima e Auschwitz. 



Título Original:  Dwie korony


Direção: Michal Kondrat


Duração: 92 minutos


Elenco: Adam Woronowicz, Cezary Pazura, Antoni Pawlicki, Artur Barcis

Sinopse: No dia 14 agosto de 1941, em Auschwitz, na Polônia, o sacerdote Maximiliano Kolbe (Adam Woronowicz) fez uma difícil escolha: dar a sua vida para salvar um pai de família que mal conhecia. Sem ter ideia do grande legado que deixaria para as gerações futuras, Kolbe dedicou sua jornada à compaixão e solidariedade, e anos depois de sua morte foi proclamado santo pelo Papa São João Paulo II.


Trailer: 




Gostou da matéria? Nos conte qual é o seu filme favorito sobre a Segunda Guerra!

Deixe uma resposta