Crítica: Boas Intenções (2019, de Gilles Legrand)





 O longa dirigido por Gilles Legrand e roteirizado por ele e Léonore Confino, acompanha Isabelle (Agnès Jaoui), uma mulher de 50 anos, com dois filhos e casada com um ex-refugiado bósnio. Ela é voluntária em diversas instituições de caridade, como professora de francês. Apesar de seu trabalho voltado ao próximo, Isabelle muitas vezes impõe seu ponto de vista, o que gera desentendimento com o diretor do centro social onde trabalha.

Ao perceber que seus alunos precisam de ajuda para passar no exame de licença de habilitação, ela decide estabelecer uma parceria com uma autoescola e conta com a ajuda de um atrapalhado instrutor. Enquanto se dedica ao voluntariado, sua família passa a demandar mais atenção. Cansados de serem colocados em segundo plano, seu marido e filhos querem receber o mesmo carinho e atenção que ela distribui aos outros.


Infelizmente, Boas Intenções acaba utilizando o humor em detrimento da mensagem principal que quer passar. Em vez de humanizar os personagens, os mesmos acabam sendo apenas estereótipos preconceituosos de seus países de origem. Há até um nerd brasileiro, cuja representação do que se passa em sua mente consiste num videogame com samba tocando de fundo. Quando ele erra as questões da aula, Isabelle o chama atenção gritando “não estamos em Copacabana!”. Há alguns personagens do leste europeu que são tratados como se fossem bandidos e prostitutas. E esses são apenas os piores casos, dentre vários outros que são rechaçados ao longo da projeção.


O resto do filme é um marasmo de ideias. Afinal, ele se divide em dois núcleos: o de Isabelle dando tais aulas e enfrentando a concorrência de uma nova professora; e outro dela tentando lidar com a família, enquanto fica cada vez mais obcecada pela ajuda humanitária. Como já dito, o primeiro núcleo falha pelo preconceito idiota que tenta ser transformado em humor. Já o segundo falha pela falta de originalidade. É a velha história da pessoa que não consegue dissociar seu trabalho da família.

Desperdiçando a chance de usar o humor de forma crítica e como ponto de partida para uma mensagem reparadora, Boas Intenções acaba sendo uma grande decepção. Pode até ser que ele realmente tivesse a pretensão de passar uma ideia positiva, no fim das contas. Mas, dada sua execução extremamente frágil, acabou ficando apenas nas boas intenções mesmo.


Titulo Original: Les Bones Intentions

Diretor: Gilles Legrand

Duração: 103 Minutos

Elenco: Agnès Jaoui, Alban Ivanov, Michèle Moretti

Sinopse: Sempre envolvida em uma série de trabalhos humanitários, uma professora de francês se envolve em uma competição, realizada no centro social onde trabalha. Lá, ela conta com a ajuda de Thiago, um monitor bastante tolo, para ajudá-la na difícil tarefa de alfabetização.

Trailer:


                         

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