Pânico 6 – O slasher mais querido do momento consegue manter o ritmo atravessando décadas e gerações

A crítica contém alguns spoilers

Quem diria que um longa-metragem lançado na década de 90, com um assassino fanático por filmes de terror e que mata inspirado nos seus filmes favoritos, se tornaria um sucesso e uma franquia POP que vem ganhando novos fãs conforme o tempo passa, nessa trajetória de quase 30 anos de sucesso?

Entre Pânico 3 (2000), Pânico 4 (2011) e Pânico 5 (2022), a franquia teve um hiato de 11 anos entre novos capítulos. Na maioria das vezes que isso acontece com outras franquias, tende a ser um fracasso, porque muito tempo já se passou, o elenco original já envelheceu, em alguns casos alguns atores podem até ter morrido, o hype para a franquia diminui, realmente é algo bem delicado e que preocupa os fãs.

Um bom exemplo disso, seria a franquia de filmes Halloween, eles resolveram lançar uma nova trilogia e dar um final fatídico a Michael Myers. Halloween (2018) e Halloween Kills: O Terror Continua (2021), até que funcionam super bem, se você descartar o fato de que eles anulam todas sequências feitas antes. Porém, o último Halloween Ends (2022) deixa muito a desejar, principalmente pelo desempenho de Michael e pelo seu final desastroso.

Pensando nisso, avaliando a médio e longo prazo, até quando a franquia Pânico vai funcionar?

Onde até mesmo os personagens desenrolam teorias sobre franquias de terror, uma coisa já ficou clara. E no caso dessa teoria é um fato. Desde Pânico 5 (2022) temos uma nova safra, uma extensão de Pânico (1996), onde a protagonista Sam Carpenter (Melissa Barrera) é filha de Billy (Skeet Urich), o assassino do primeiro longa-metragem.

Além da ligação direta com o primeiro filme, para atrair os fãs dos clássicos, Pânico 5 trouxe de volta: Sidney (Neve Campbell), Dewey (David Arquette) e Gale Weathers (Courtney Cox). Vale lembrar que, além do quinto filme, o trio está presente nos 4 filmes anteriores também. Já era meio que uma tradição ou uma das regras básicas da franquia.

O ponto que quero chegar é, que por exemplo, Neve Campbell que interpreta Sidney já não está no elenco de Pânico 6 por questões contratuais. David Arquette já saiu da franquia no quinto filme, quando seu personagem Dewey morre esfaqueado. Assim gradativamente, cada um dos elementos do clássico irá deixar a saga, surgindo outro ponto: o novo elenco conseguirá sustentar a franquia Pânico?

Eu posso adiantar que sim, agora se por muito tempo, apenas vendo as sequências que ainda virão. Em Pânico 6, temos todos os elementos dos clássicos, uma introdução violenta e majestosa, sempre realizada por alguém já conhecido. Nesse caso temos Samara Weaving (Casamento Sangrento, 2019, dos mesmo diretores que os novos Pânico) que, interpreta a professora Laura e acaba sendo assassina por um Ghostface nos primeiros minutos do longa.

Além disso, o filme traz no elenco Courtney Cox na pele de Gale Weathers, Billy (Skeet Urich) nos flashes de Samantha e, talvez para suprir a ausência de Sidney (Campbell), quem retorna a franquia é a atriz Hayden Panettiere, como uma agente do FBI no seu papel de Kirby Reed (Pânico 4).

Com alguns pré-requisitos já preenchidos, o que os roteiristas James Vanderbilt e Guy Busick inovam é transportar a história para Nova York, isso muda completamente a dinâmica da trama e dá uma nova roupagem para a franquia que até então se passava apenas na pacata Woodsboro. Eu diria que o filme está audacioso, mas que mesmo assim consegue manter a essência dos clássicos, dialogando com as antigas e novas gerações. Um detalhe que vai chamar a atenção, pelo menos chamou a minha, é que os assassinos aqui fazem questão de tirar as máscaras.

Samantha (Barrera) foi para Nova York para acompanhar a irmã Tara (Jenna Ortega), agora uma universitária e que divide apartamento com os amigos na maior metrópole do país. Inseridas nesse contexto, como algo poderia dar errado ou como elas poderiam correr algum risco?

Mas, não importa para onde elas vão, as duas irmãs lidam constantemente com fantasmas do passado, principalmente, Sam. A irmã mais velha carrega o fardo de ser a filha de um assassino, ainda mais que a história se repetiu com ela, mesmo ela sendo uma vítima, na internet espalham fake news e boatos de que na verdade ela seria uma assassina igual ao pai. Além disso, Samantha encara o trauma psicológico, descontando isso como uma superproteção em cima da irmã Tara. Ao ponto de a jovem não conseguir ficar mais que alguns minutos distante ou em uma festa porque estaria correndo perigo constante.

Com uma narrativa já bem desenvolvida, vão surgindo os primeiros assassinatos de modo que eles se cruzam com esses problemas que Samantha já enfrenta, colocando ela como principal suspeita dos crimes. Diante disso, assombradas pelo Ghostface, as irmãs pensam em sair da cidade a fim de se protegerem, mas são impedidas pela polícia por serem consideradas suspeitas. O cenário perfeito para o assassino e para o espectador pensar: “agora já era!”

O longa é dirigido por Matt Bettineli-Olpin e Tyle Gilett, a dupla que dirigiu Pânico 5 (2022), Casamento Sangrento (2019) e VHS (2012), ou seja, de terror eles entendem. Isso fica bem evidente aqui, já que de fato temos provavelmente um filme com mais facadas, violência e sangue. Na verdade, eu não diria mais violento, mas uma violência mais crua, que acaba deixando o público mais chocado. Pois o simples fato do filme ser sobre um serial killer que mata pessoas para tentar se tornar popular na mídia, por si só isso já é muito violento é até bizarro. Mas é sobre esse tipo de bizarrices e brutalidades que geralmente se traz no subgênero slasher.

Pânico 6 não conecta apenas os elencos das sequências anteriores, mas conecta também elementos, como: roupas dos assassinos e máscaras, armas utilizadas nos crimes, roupas das vítimas e o principal, as máscaras são usadas pelos assassinos de forma decrescente e deixadas nos locais dos crimes como uma espécie de assinatura ou pista.

O elenco está bem grande dessa vez, pois além das irmãs Carpenter, também retornam do quinto filme Mindy (Jasmin Savoy Brown) e Chad (Mason Gooding), que ironicamente são irmãos e moram com as duas irmãs perseguidas pelo Ghostface. De quebram entra em cena Anika (Devyn Nekoda), namorada de Mindy, Danny (Josh Segarra), vizinho e namorado de Sam, Quinn (Liana Liberato), colega de quarto dos irmãos e Ethan (Jack Champion), um colega da faculdade da galera. Todos são suspeitos, afinal essa é outra regra básica de todos os Pânicos. Até eles mesmos fazem piadas com essa possibilidade.

Para finalizar, acho que essa coisa da piada é uma coisa que está manjada, porque os outros clichês funcionam. Até porque eles são os ganchos para o desenvolvimento do roteiro e para uma possível sequência. Mas, piadas requentadas e sem time foi algo que demonstra certo desgaste. Esse sexto capítulo, comparado ao seu antecessor, peca apenas nisso, pois há uma seriedade maior em Pânico 5. Afinal de contas, estamos falando de pessoas sendo assassinas, pessoas que eles conhecem, convivem, não é o tipo de coisa que se leva na boa ou se faz piada. Há até uma certa banalização disso. Esperamos que melhorem apenas pequenos aspectos no próximo longa, já que Pânico 7 está confirmado .

Título Original: Scream VI

Direção: Matt Bettineli-Olpin e Tyle Gilett

Duração: 122 minutos

Elenco: Melissa Barrera, Courteney Cox, Jenna Ortega, Jasmin Savoy Brown, Mason Gooding, Hayden Panettiere, Devyn Nekoda, Josh Segarra, Jack Champion, Liana Liberato, Tony Revolori, Samara Weaving, Dermoty Muroney, Henry Czerny

Sinopse: Sam, Tara, Chad e Mindy, os quatro sobreviventes do massacre realizado pelo Ghostface, decidem deixar Woodsboro para trás em busca de um novo começo em Nova York. Mas não demora muito para eles se tornarem alvo de um novo serial killer.

Trailer:

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