Crítica: Um Lugar Bem Longe Daqui (2022, de Olivia Newman)

Inspirado na obra literária de Delia Owens, Um Lugar Bem Longe Daqui conta a história de Kya Clark, uma menina que aos 10 anos se vê sozinha, em uma casa isolada e no meio da floresta. Acontece que desde muito pequena Kya e seus irmãos presenciam quase que diariamente episódios de violência doméstica, pois seu pai é um homem muito grosseiro, violento e agride sua esposa frequentemente. Até que em um momento ela vai embora, deixando os filhos e o lar para trás.

Com o passar do tempo, os irmãos de Kya ao atingirem certa maturidade passam a ir embora, um atrás do outro, restando apenas ela e Jodie, o irmão mais jovem depois dela, porém ele também vai embora e então fica apenas ela e o seu pai, com toda sua rispidez. Mas ainda assim, ela encara aquela dura realidade e fica convivendo com seu pai, até o dia em que ele também a abandona.   

Além do pai, a única referência que Kya tem de um amigo ou alguém em quem confiar é Tate, um menino da sua idade e que frequenta o lago e outros locais do pântano, onde Kya vive. O jovem menino tem a mesma paixão que a garota por aves e pela natureza, quando ele atinge a idade madura e entra para a faculdade resolve estudar biologia, justamente para viver de pesquisa e estudos voltados para a natureza. Tate torna-se o grande amor de Kya, porém assim como os membros de sua família, ele acaba deixando-a sozinha também no período em que fica na faculdade.

Isso, por si só, já daria um super drama, mas esse é apenas o início da história de Kya, não do início do longa-metragem. No filme a história de Kya começa quando ela é responsabilizada pela morte de Chase Andrews. O corpo dele é encontrado na floresta, como ela é única que vive ali por perto e os dois tiveram um envolvimento, alguns indícios acabam apontando para ela como a principal suspeita, mas a verdade é que as pessoas da cidade resolvem culpá-la por ser o alvo mais fácil, afinal ela é a “garota do brejo”.

O filme se passa em duas linhas temporais, inicialmente uma em que Kya (Daisy Edgar-Jones) já é adulta e então é indiciada pelo assassinato de Chase Andrews (Harris Dickson) e em paralelo a fase de sua infância, encarando o abandono de sua família e precisando lidar com os desafios de viver sozinha sendo apenas uma menina sem recursos.  

Apesar de eu não tera referência do livro, no filme ficam claras duas coisas: o poder da natureza e a força da mulher. Ao menos no filme dirigido por Olivia Newman e roteirizado por Lucy Alibar, a todo momento o longa demonstra a relação de Kya com a natureza que é de onde ela tira todos os recursos que precisa para sobreviver, principalmente, quando fica sozinha e, quando passa pelos piores perrengues que são muitos. Sobre a força feminina, está justamente no fato de uma menina de apenas 10 anos encarar a vida e seus desafios sem ter nada, apenas muita coragem e bravura.

Provavelmente o filme vai encantar quem já leu o livro e os novos espectadores que não conhecem a história de Kya Clark. O longa é de uma beleza, a soma de uma excelente fotografia e um jogo de cores e efeitos visuais que em alguns momentos são de tirar o fôlego e encantadores em outros. A natureza e seus elementos de certo modo compõem a história e ajuda ela a ser contada, estabelecendo o forte vínculo entre ela e a protagonista.

O elenco cumpre bem o seu papel, todos em suas posições, com destaque para Daisy Edgar-Jones e Jojo Regina, Kya jovem e criança respectivamente, ambas as atrizes dão um show de interpretação e garantem a emoção do público. Outro que chama a atenção é Tom Milton (David Strathairn), advogado e um amigo de Kya, tem papel fundamental na resolução do julgamento. Pois, apesar de ser um romance dramático, a história gira também em torno da morte de Chase: afinal foi um acidente ou Kya realmente o matou?

Bom, se você quer descobrir, apenas assistindo o filme ou lendo o livro. Mas já adianto que ao menos no filme o mistério não é dos mais impressionantes, na verdade já fica evidente o que aconteceu, mais ou menos, do começo para o meio do filme, o que pode desagradar alguns. Mas, outra coisa que posso adiantar é que o final compensa, pois é muito bonito, comovente e a obra como um todo deixa mensagens muito bonitas e reflexões sobre a vida em geral.  

Titulo Original: Where The Crawdads Sing

Direção: Olivia Newman

Duração: 125 minutos

Elenco: Daysi Edgar-Jones, Taylor John Smith, Harris Dickson, David Strathairn, Michael Hyatt, Ahna O’Reilly, Garret Dillahunt, Jojo Regina, Sterling Macer Jr.

Sinopse: Em Um Lugar Bem Longe Daqui, abandonada por sua família, Kya Clark, também conhecida pelos habitantes da cidade de Barkley Cove como a Garota do Pântano, é misteriosa e selvagem. A jovem Kya vive isolada na pequena cidade da Carolina do Norte, e o filme segue duas linhas temporais: A primeira sobre as aventuras da menina, e a segunda é sobre a investigação de um assassinato de uma celebridade local na cidade fictícia de Barkley Cove. Enquanto a história acompanha o amadurecimento da jovem criada pelos pântanos do sul dos EUA na década de 1950, quando o figurão da cidade é encontrado morto e inexplicavelmente ligado a Kya, a Garota do Pântano é a principal suspeita em seu caso de assassinato. Baseado no romance de Delia Owens.

Trailer:

Já leu o livro? Se sim, imagino a ansiedade em assistir o filme. E se já assistiu, nos diga o que achou!?

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