O Palestrante é o que eu chamaria de uma versão longa-metragem das produções já feitas no canal Porta dos Fundos, por duas razões: o elenco é praticamente o mesmo dos vídeos e o estilo humorístico também é o mesmo.
O filme conta a história de Guiherme (Fábio Porchat), um contador de classe média que vê sua vida ir para o ralo, pois em um mesmo dia ele é demitido e abandonado pela noiva Luciana (Letícia Lima). Porém, seu chefe acaba morrendo em decorrência de um infarto e ele tira proveito da situação para continuar no trabalho, já que a sua demissão não tinha sido informada aos demais.
Ao continuar no serviço, ele é enviado ao Rio de Janeiro à trabalho como uma das tarefas rotineiras da empresa. Mas, durante a viagem, Guilherme conhece Manoel (Evandro Mesquita), um homem pra frente, alto astral e que o questiona sobre: “Qual a coisa mais louca que você já fez na vida?”
Guilherme percebe que ao tentar dar uma resposta, para o que aparentemente é uma pergunta tão simples, ele se dá conta de que nunca fez nada de tão especial ou que o tirasse da zona de conforto. Pelo contrário, sempre fez tudo certinho, o que o tinha trazido até aquele momento em que sua vida encontrava-se sem rumo.
Quando desembarca, ele vê dois caminhos à sua frente, um homem com a placa com o nome dele “Guilherme” e uma mulher com uma placa com o nome “Marcelo”. Ele pensa e em segundos decide assumir o lugar de Marcelo e embarcar na primeira e provavelmente a maior loucura de sua vida. A mulher com a placa é Denise (Dani Calabresa), ela é presidente de uma empresa que resolveu contratar um palestrante motivacional para melhorar sua relação com seus funcionários e motivá-los no trabalho.
O grande conflito de Guilherme no longa-metragem dirigido por Marcelo Antunez (diretor em Um Suburbano Sortudo, 2016) é exatamente o de conseguir sustentar o personagem de Marcelo, o palestrante motivacional, quando ele nunca nem chegou perto de fazer algo parecido na vida, e ainda equilibrar a farsa com o sentimento que acaba surgindo por Denise durante o tempo em que passam juntos.
Fábio Porchat assume o roteiro com colaboração de Cláudia Jovin, o que explica muito as piadas e o time delas. O que para velhos espectadores do canal Porta dos Fundos vai ficar muito clara a semelhança, as piadas, o humor, o modo como pegam situações cotidianas e fazem piada com aquilo. O que gera muita identificação por parte do espectador, já que ninguém está privado de passar pelas mesmas situações, como: ser demitido, ser deixado pela parceira, ter um chefe que faz piadas ruins, etc.
O filme traz um fotografia muito característica de obras de comédia nacionais, bem colorida, clara, alternando rapidamente entre planos abertos e closes nos personagens. Algo que colabora no desenvolvimento da piada e para que ela tenha mais efeito cômico, praticamente uma receita de bolo no circuito brasileiro de comédia.
Até a trilha sonora é selecionada e pensada para fazer humor, em determinado momento Guilherme usa a música como forma de terapia e funciona bem, descontraidamente eles resgatam o hit Asereje – Las Ketchup o que deixa Denise mais confiante e levando-a a atingir seu objetivo com seu funcionários de se tornar mais humanizada e menos chata. Fora isso, o ritmo é de fato envolvente, não apenas nesse, mas em outros momentos apresentados no longa.
Cinematograficamente o filme não é nenhuma obra-prima, mas no que se propõe como filme de comédia ele cumpre o seu papel que é fazer rir, isso é algo incontestável. Não dá para negar que em certos momentos o filme beira o caricato, o que para alguns pode soar exagerado e até desnecessário. Mas, para o público em geral consumidor assíduo de comédias, isso é um detalhe que passa batido e com certeza esse público que certamente é o alvo sairá das salas de cinema satisfeitos e contentes.
Título Original: O Palestrante
Direção: Marcelo Antunez
Duração: 104 minutos
Elenco: Fábio Porchat, Dani Calabresa, Antônio Pedro Tabet, Otávio Muller, Maria Clara Gueiros, Miá Mello, Paulo Vieira, Pablo Pandolfo, Débora Lamm, Ernani Moraes, Evandro Mesquita, Letícia Lima
Sinopse: Guilherme é um contador que trabalhou a vida inteira numa mesma empresa. É infeliz e não sabe. Ou sabe? É mandado embora e se percebe sem amigos, sem família e completamente perdido no mundo. Ao viajar de avião para o Rio de Janeiro, para assinar a papelada de sua demissão, se depara no desembarque com uma pessoa esperando a chegada de alguém com uma placa: Marcelo Gonçalves. Mexido com a falta de perspectiva em sua vida, ele assume o lugar do tal Marcelo sem nem saber do que se trata. O verdadeiro Marcelo é um palestrante motivacional que foi contratado por uma empresa para passar uma semana animando e empolgando os funcionários. Agora, Guilherme tem que colocar todos pra cima e entende que talvez ele também precise desse novo Marcelo para mudar de vida.
Trailer:
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