CRÍTICA: TINTORETTO – Um Rebelde em Veneza (2022, de Giuseppe Domingo Romano)

Dirigido por Giuseppe Domingo, o fascinante documentário Tintoretto, Um Rebelde em Veneza celebra os 500 anos do nascimento do pintor renascentista. E quando uma personagem é boa, a garantia de uma boa história é evidente até mesmo quando se trata de uma não-ficção! Jacobo Robusti, apelidado Tintoretto por ser filho de um pintor de tecidos, já na infância decorava as paredes da tinturaria do pai, chamando atenção pela qualidade inata de seus traços. Seu pai o levou para ter aulas com o mestre Ticiano Vecellio, e com seu talento singular acabou causando inveja em seu próprio professor. As consequências dessa rixa o acompanharam por toda a sua jornada em vida, mas como um bom artista, Jacopo não teria sua obra silenciada, tamanha era a inovação proposta em seu olhar.

Com imagens de tirar o fôlego e uma narração envolvente na voz de Helena Bonham Carter (a Bellatrix Lestrange de Harry Potter), e Stefano Accorsi; o documentário conduz o expectador a retornar 500 anos atrás em Veneza, assolada pela peste – esta que ao invés de intimidá-lo intensificou ainda mais sua visão dramática. Sempre trabalhando em obras esporádicas, mas grandiosas, que traziam uma noção diferente da perspectiva da luz. Às vezes Jacopo moldava esculturas e as distribuía dentro de uma caixa furada, simplesmente para estudar as relações desses corpos em poses, conforme os feixes de luz formavam sombras.

O cineasta Peter Greenaway faz uma participação especial no documentário, e compara o pintor ao cineasta Stanley Kubrick, o que por si só demonstra como sua força sombria. Aliás, Tintoretto era conhecido como Il Furioso por suas pinceladas tidas como furiosas e extremamente rápidas. Outra citação exposta durante o filme pode vir a ser bastante empolgante aos amantes da sétima arte, e vem de um pensamento do filósofo Jean Paul Sartre afirmando que Tintoretto foi o primeiro diretor cinematográfico da história. Já a referência musical David Bowie o tinha como pintor favorito e dizia que o artista havia construído sua carreira tal como um rock-star faria. Essas duas falas são importantes porque não deixam de ser verdades: o pintor foi revolucionário ao quebrar padrões de composição cênica; e viveu como um rebelde rejeitado, mas impossível de não reconhecer a grandiosidade.

É simplesmente um documentário exemplar. Para quem se interessa por obras de arte, o rebelde de Veneza trará somente calor no coração, no melhor dos sentidos. Satisfatório é pouco. É tudo tratado com muita elegância e respeito. Uma bela homenagem que é como uma intensa visita guiada a um museu dos sonhos.

Apresentando Tintoretto, a edição de 2022 da Festa Internacional do Cinema Italiano 2022 exibe esse título e diversos outros gêneros do cinema italiano entre 28 de Julho a 10 de Agosto, em algumas cidades como Rio de Janeiro, São Paulo e Brasília. A programação está disponível no site: https://br.festadocinemaitaliano.com/

Título Original: Tintoretto: Un Rebelle a Venezia

Direção: Giuseppe Domingo Romano

Duração: 96 minutos

Elenco: Helena Bonham Carter, Peter Greenaway, Melania Gaia Mazzucco, Stefano Accorsi

Sinopse: Uma celebração dos 500 anos de Tintoretto, o último grande artista do Renascimento Italiano. A vida e a obra desse artista revela como era a vida na efervescente Veneza do século 16.

Trailer:

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