Crítica: Falcão e o Soldado Invernal (2021, de Kari Skogland)

 

Quando foi anunciado que a Marvel
Studios faria séries televisivas para o novo streaming Disney+, sempre foi
dito que as produções manteriam a qualidade cinematográfica em efeitos
especiais e em grande escala. A série do novo Capitão América era vendida como
tal exemplo, afinal antes da pandemia, ela seria a primeira a ser transmitida
para o grande público. Porém devido a crise global, a primeira exibição adiantada foi WandaVision,
que se dedicava numa simulação de espírito e clima da era de ouro das sitcoms
americanas, e até então seguia uma identidade mais próxima da televisão
tradicional, tirando o seu clímax.

Agora Falcão e o Soldado
Invernal
chega no streaming e pelo que foi visto, a série entregou o que
foi prometido com grandes cenas de ação, cujo clima remete ao excelente Capitão
América 2: O Soldado Invernal
no sentido de lutas realistas e muito mais
coreografadas do que apenas uso de CGI excessivo, como de costume em produções de quadrinhos.
Porém o real destaque que chama a atenção na nova produção televisiva do MCU é o
inesperado alinhamento da trama com a nossa realidade com os fatos atuais e dilemas
globais que enfrentamos, sugerindo uma substância muito mais densa para uma produção tradicional Marvel Studios.

A série se passa depois dos
eventos de Vingadores: Ultimato, onde vimos enfim as consequências
sociais e políticas do grande evento catastrófico que ficou estabelecido como
blip, onde Thanos estalou metade da vida no universo e bilhões de pessoas
desapareceram. Após cinco anos, quando o estalo foi revertido e todas as pessoas
retornaram, o mundo está confuso e em dúvida, e a crise
global do blip afeta a todos, tanto quem retornou quanto quem ficou, onde a falta
de cooperação de todos botam o mundo num sentimento pessimista de reorganização
social.

É nesse contexto que
encontramos os nossos protagonistas, Sam Wilson (Anthony Mackie) e Bucky Barnes
(Sebastian Stan), enfrentando seus dilemas pessoais, como Sam em dúvida de
aceitar a missão de ser o novo Capitão América, e Bucky tentando fugir do seu
passado violento como Soldado Invernal. Porém ambos precisam se unir para
enfrentar uma ameaça chamada Apátrias, um grupo revolucionário liderado por
Karli Mongenthaun (Erin Kellyman) que exige uma atitude extremista nas
resoluções dos conflitos globais do blip, além de lidar com um novo Capitão
América imposto pelo governo americano chamado John Walker (Wyatt Russell), que
também quer lidar com os conflitos atuais do seu jeito violento.

A série soube lidar com essas
questões de problemas sociais na trama ao redor de seis episódios, não apenas a
trama da crise global do blip, que é algo muito receptivo para nós
espectadores, pois afinal estamos ainda enfrentando uma crise global atualmente,
então tendo uma conexão mais próxima aos nossos problemas atuais torna o seriado algo mais diferenciado e íntimo do que o esperado.

Além dessa questão, a série
soube trazer um pouco da questão do racismo contra pessoas negras nos EUA no arco de evolução de Sam ao longo dos episódios. Sua relação com o personagem Isaiah
Bradley (Carl Lumbly), o primeiro super soldado negro, trouxe um entendimento
maior sobre a real missão de ser um novo Capitão América diferente para a atualidade,
cuja identidade diferente e atitudes novas deixam uma impressão de novidade que
será muito atraente de explorar nas futuras produções do MCU, com as possibilidade
de histórias mais políticas e mais avançadas em abordagens de temas atuais.


Esse contexto também se
alinha a construção de seus vilões. Karli e Walker são ótimos antagonistas em
suas formas diferenciadas, ela está alinhada ao tema de crise global, cuja
motivações se mostram muito palpáveis e até compreensivas de certa forma. Já
Walker cativa pelas atitudes cinzentas e extremistas nas ações de um Capitão América
mais impulsivo e problemático, e ao que foi plantado nos episódios finais,
Walker pode se tornar um personagem com uma presença muito mais forte e
interessante nas produções da Marvel.

O Bucky já é um personagem que
tem o seu espaço devido, mesmo que não tenha uma presença tão forte como Sam
possuiu na trama como um todo. Seu caminho de se desvincular da imagem que tinha
dentro de si como um assassino é bonito de certa forma, ele consegue transmitir um senso de veterano em conflito com o seu passado e sua relação com Sam rende
uma parceria tanto cômica como importante para o entendimento de Sam como o novo
Capitão América.

O seriado também se preocupa
com alinhamentos e conexão no MCU como um todo, desde o retorno do Barão
Zemo, cuja profundidade é maior na sua figura e o certo carisma que Daniel
Bruhl conquistou na internet, e também a volta de Sharon Carter (Emily VanCamp)
que soa como se faltasse mais uma parte da trama principal para explorar melhor ela, como o mistério do Mercador
do Poder. Isso além da presença das Dora Milajes de Wakanda na trama central do
seriado.


A série é alinhada com temas atuais e
aposta ainda mais no aprofundamento de seus coadjuvantes, cujo carisma dos
atores em cenas exige força mais dramática e também momentos cômicos. 
Falcão e o Soldado Invernal é mais uma produção diferenciada que
utiliza cenas grandiosas de ação para os padrões televisivos e um roteiro mais
polido para transmitir a redefinição do legado e mudança de atitudes no mundo atual.
Apostando muito mais em um clima de passagem de bastão do que apenas plantar
terreno para futuros personagens para futuras produções, é mais uma prova de que
os seriados do Marvel Studios estão arriscando em terrenos muito mais
abrangentes e desafiadores, aumentando mais as expectativas para os próximos
lançamentos no streaming da Disney+.


Titulo Original: The Falcon and The Winter Soldier

Direção: Kari Skogland

Episódios: 6 episódios

Duração: 50 minutos – 1 hora

Elenco: Anthony Mackie, Sebastian Stan, Erin Kellymann, Wyatt Russel, Daniel Bruhl e Emily VanCamp.

Sinopse: Sam e Bucky tentam seguir com as suas vidas depois de derrotar o Thanos num mundo divido e sem esperança, porém quando um grupo revolucionário e extremista e um novo Capitão América os força a retornar a ação, ambos precisam proteger o legado de Steve Rogers.

Trailer:

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