Crítica: Os Embalos de Sábado À Noite (1977, de John Badham)

Há filmes que, logo quando os créditos finais começam, deixam uma sensação confusa em relação ao que acabamos de ver. Em mim, Os Embalos de Sábado à Noite causou isso e vou explicar o porquê durante esta crítica.

O filme traz como protagonista John Travolta, que não é um dos melhores atores existentes, mas que aqui entrega uma performance um tanto quanto competente. Ele interpreta Tony Manero, um jovem que trabalha em uma loja de tintas e durante à noite gosta de sair para uma discoteca. Ele se inscreve no concurso de dança e chama uma moça mais velha, Stephanie (Karen Lynn Gorney), para ser seu par. Os dois acabaram de se conhecer e a curiosidade de Tony em relação à Stephanie é grande. Ela é uma ótima dançarina e logo chama sua atenção, a atriz está muito bem no papel e consegue demonstrar uma garota que pode ser tanto madura quanto boba.

O problema começa no próprio ritmo narrativo da história, quase tudo que acontece entre a inscrição no concurso até a concretização dele, parece uma encheção de linguiça. Não estou falando que todo o filme é condenável, Os Embalos de Sábado à Noite se tornou um clássico e tem o seu mérito, os melhores momentos são definitivamente os que acontecem ao som das músicas da banda Bee Gees, como a cativante Stayin’ Alive, a dançante Night Fever e a romântica How Deep Is Your Love. Não há dúvidas quanto a ótima escolha sonora e como ela se tornou marcante.


Além disso, o filme é legal de ser assistido, você se empolga com as danças e até os momentos “encheção de linguiça”, como citado anteriormente, se tornam envolventes. O grande problema do filme, e o que me incomodou de fato, é ele ficar forçando falas de cunho racista, machista e misógino. Não apenas falas, mas cenas de estupro também são mostradas em um contexto que é difícil de engolir. Quando essas partes finalmente acabam, a gente percebe que elas poderiam ser facilmente retiradas do roteiro, o que deixaria o resultado bem melhor. Mas em vez disso, elas estão lá e atrapalham a história pois não servem para nada. É muito bom quando um filme utiliza desses elementos para depois trazer alguma crítica, mas aqui isso não acontece e não tem a ver com o filme ser do final da década de 70. Há muitos materiais de antes desse período que são mais responsáveis. O efeito que essas cenas me causou não foi de repulsa pelos personagens e o que eles representam, pois o filme não era sobre isso. O que eu senti foi incômodo ao ver cenas ofensivas sendo mostradas de forma gratuita, o que não é legal.

Fora isso, Os Embalos de Sábado à Noite tem esse entretenimento que é esperado e é um bom e divertido filme, um daqueles que ficariam melhores com alguns cortes. O resultado obtido em sua estreia foi em ótimo nível, mas o filme não envelhece tão bem em todos os seus aspectos, apesar de ainda ser salvo por várias coisas.


Título Original: Saturday Night Fever

Direção: John Badham 

Duração: 118 minutos

Elenco: John Travolta, Karen Lynn Gorney, Barry Miller, Joseph Cali e outros.

Sinopse: Tony Manero vive em Brooklin, trabalhando em uma loja de tintas. Ele só é realmente feliz quando está na discoteca e resolve participar de um concurso de dança, a partir daí Tony sofre com alguns dilemas em sua vida.

Trailer:
E vocês? O que acham do filme?

2 thoughts on “Crítica: Os Embalos de Sábado À Noite (1977, de John Badham)”

  1. Tenho 56 anos e na época gostei demais desse filme marcou minha juventude.so quem foi adolescente nos 70 e que sabe como era bom viver nos anos 70.desculpem mas me soa como hipocrisia e mimimi as críticas politicamente corretas apresentadas aqui.

    1. Olá anônimo, acontece que quaisquer críticas postas em um texto fazem parte do crescimento do senso crítico. Como vistes o filme foi bem avaliado, mas apontado defeitos claros que não apenas nosso site, mas muitos do público apontam hoje. Um bom filme não é perfeito, assim como um filme ruim não é 100% inválido, apontar esses detalhes é o que faz um crítico. Os anos 70, 80 e 90 podem ter sido bons (e foram), mas isso não invalida muita coisa errada feita na época, até porque se as gerações anteriores tivessem agido corretamente o mundo seria um lugar melhor. Os problemas atuais são consequências das gerações passadas, sempre foi assim. O modo como as mulheres são tratadas, muitas vezes estupradas e agredidas por culturas e regiões conservadoras é um problema claro e que no passado era minimizado. Expor esses problemas que muitas vezes são amenizados por quem não experimentou o desconforto dessa situação é algo crucial para quem exerce pensamento crítico. Expor e lutar contra esses problemas é algo básico de qualquer cidadão que quer um mundo melhor. Não fazer isso é que é hipocrisia, assim como usar "mimimi" e outras expressões de baixo intelecto para diminuir a luta por dias melhores é que parece ser o verdadeiro "choro" (ou "mimimi") de quem não aceita que hoje são novos dias, de novas atitudes, e que atitudes estúpidas do passado não serão mais aceitas. O filme é bom e sua fama perdurará. Detalhes e atitudes incorretas de pessoas dentro e fora das câmeras, essas não perdurarão. Espero ter elucidado um pouco o contexto e a visão da escritora da crítica, na qual concordo plenamente. Um forte abraço e bons filmes.

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