Há filmes que, logo quando os créditos finais começam, deixam uma sensação confusa em relação ao que acabamos de ver. Em mim, Os Embalos de Sábado à Noite causou isso e vou explicar o porquê durante esta crítica.
O filme traz como protagonista John Travolta, que não é um dos melhores atores existentes, mas que aqui entrega uma performance um tanto quanto competente. Ele interpreta Tony Manero, um jovem que trabalha em uma loja de tintas e durante à noite gosta de sair para uma discoteca. Ele se inscreve no concurso de dança e chama uma moça mais velha, Stephanie (Karen Lynn Gorney), para ser seu par. Os dois acabaram de se conhecer e a curiosidade de Tony em relação à Stephanie é grande. Ela é uma ótima dançarina e logo chama sua atenção, a atriz está muito bem no papel e consegue demonstrar uma garota que pode ser tanto madura quanto boba.
O problema começa no próprio ritmo narrativo da história, quase tudo que acontece entre a inscrição no concurso até a concretização dele, parece uma encheção de linguiça. Não estou falando que todo o filme é condenável, Os Embalos de Sábado à Noite se tornou um clássico e tem o seu mérito, os melhores momentos são definitivamente os que acontecem ao som das músicas da banda Bee Gees, como a cativante Stayin’ Alive, a dançante Night Fever e a romântica How Deep Is Your Love. Não há dúvidas quanto a ótima escolha sonora e como ela se tornou marcante.
Além disso, o filme é legal de ser assistido, você se empolga com as danças e até os momentos “encheção de linguiça”, como citado anteriormente, se tornam envolventes. O grande problema do filme, e o que me incomodou de fato, é ele ficar forçando falas de cunho racista, machista e misógino. Não apenas falas, mas cenas de estupro também são mostradas em um contexto que é difícil de engolir. Quando essas partes finalmente acabam, a gente percebe que elas poderiam ser facilmente retiradas do roteiro, o que deixaria o resultado bem melhor. Mas em vez disso, elas estão lá e atrapalham a história pois não servem para nada. É muito bom quando um filme utiliza desses elementos para depois trazer alguma crítica, mas aqui isso não acontece e não tem a ver com o filme ser do final da década de 70. Há muitos materiais de antes desse período que são mais responsáveis. O efeito que essas cenas me causou não foi de repulsa pelos personagens e o que eles representam, pois o filme não era sobre isso. O que eu senti foi incômodo ao ver cenas ofensivas sendo mostradas de forma gratuita, o que não é legal.
Fora isso, Os Embalos de Sábado à Noite tem esse entretenimento que é esperado e é um bom e divertido filme, um daqueles que ficariam melhores com alguns cortes. O resultado obtido em sua estreia foi em ótimo nível, mas o filme não envelhece tão bem em todos os seus aspectos, apesar de ainda ser salvo por várias coisas.
Título Original: Saturday Night Fever
Direção: John Badham
Duração: 118 minutos
Elenco: John Travolta, Karen Lynn Gorney, Barry Miller, Joseph Cali e outros.
Sinopse: Tony Manero vive em Brooklin, trabalhando em uma loja de tintas. Ele só é realmente feliz quando está na discoteca e resolve participar de um concurso de dança, a partir daí Tony sofre com alguns dilemas em sua vida.
Trailer:
E vocês? O que acham do filme?
Tenho 56 anos e na época gostei demais desse filme marcou minha juventude.so quem foi adolescente nos 70 e que sabe como era bom viver nos anos 70.desculpem mas me soa como hipocrisia e mimimi as críticas politicamente corretas apresentadas aqui.
Olá anônimo, acontece que quaisquer críticas postas em um texto fazem parte do crescimento do senso crítico. Como vistes o filme foi bem avaliado, mas apontado defeitos claros que não apenas nosso site, mas muitos do público apontam hoje. Um bom filme não é perfeito, assim como um filme ruim não é 100% inválido, apontar esses detalhes é o que faz um crítico. Os anos 70, 80 e 90 podem ter sido bons (e foram), mas isso não invalida muita coisa errada feita na época, até porque se as gerações anteriores tivessem agido corretamente o mundo seria um lugar melhor. Os problemas atuais são consequências das gerações passadas, sempre foi assim. O modo como as mulheres são tratadas, muitas vezes estupradas e agredidas por culturas e regiões conservadoras é um problema claro e que no passado era minimizado. Expor esses problemas que muitas vezes são amenizados por quem não experimentou o desconforto dessa situação é algo crucial para quem exerce pensamento crítico. Expor e lutar contra esses problemas é algo básico de qualquer cidadão que quer um mundo melhor. Não fazer isso é que é hipocrisia, assim como usar "mimimi" e outras expressões de baixo intelecto para diminuir a luta por dias melhores é que parece ser o verdadeiro "choro" (ou "mimimi") de quem não aceita que hoje são novos dias, de novas atitudes, e que atitudes estúpidas do passado não serão mais aceitas. O filme é bom e sua fama perdurará. Detalhes e atitudes incorretas de pessoas dentro e fora das câmeras, essas não perdurarão. Espero ter elucidado um pouco o contexto e a visão da escritora da crítica, na qual concordo plenamente. Um forte abraço e bons filmes.