Especial: Meu Amigo Secreto MVDC #9

Dando continuidade ao amigo secreto mais divertido do Mundo Cinéfilo e da Internet, eu tirei o Rodrigo Zanatelli, e o filme escolhido por ele foi O Sacrifício do Cervo Sagrado.

Como o Rodrigo foi o idealizador deste excelente formato de amigo secreto, iniciou as postagens, e portanto, já deixo aqui escolhido quem vai continuar nossa brincadeira: Helen dos Santos.

Agora, sem mais delongas, vamos à crítica.

Yorgos Lanthimos pra mim é sinônimo de estudo do comportamento humano. Os filmes do diretor e roteirista são carregados de acidez quando o assunto é até onde a humanidade é capaz de ir quando colocados em situações extremas. Foi assim em Dente Canino, em O Lagosta e não foi diferente, no que é meu favorito entre os filmes que o grego dirigiu e roteirizou, O Sacrifício do Cervo Sagrado.
Aqui, o grego se utiliza de uma tragédia de 400 anos a.c., conhecida como tragédia de Ifigênia de Eurípedes, evento no qual um membro da família é sacrificado em detrimento de uma vingança, para fazer sua crítica acerca de o quanto o ser humano e a vida em sociedade não evoluíram.

Essa crítica inclusive, faz coro ao personagem principal, que no decorrer do longa, percebemos como um ser extremamente vaidoso e completamente livre de falhas (nas palavras do próprio personagem).

O filme é protagonizado por Colin Farrell, que dá vida ao cardiologista Steven. Nicole Kidman surge como uma oftalmologista e esposa de Steven e Raffey Cassidy e Sunny Suljic dão vida aos filhos do casal, Kim e Bob, respectivamente. 
De início, somos apresentados ao cardiologista Steven e ao então enigmático Martin, interpretado magistralmente por Barry Keoghan! O relacionamento de ambos nos é revelado pouco a pouco, e principalmente no começo, nos passa uma impressão completamente deturpada do que realmente está acontecendo. Lanthimos faz isso propositalmente, e quase pisca pra tela perguntando aos seus espectadores: “Que julgamento é esse rapaz?”

Com a evolução do longa, entendemos o que é na verdade aquele relacionamento, e começamos a nos deparar com diversos temas pesados a serem discutidos: entendimento da culpa, peso da culpa, estupro, necrofilia, ego, enfim, muitos detalhes e sem nenhum pudor ou medo de ser polêmico. 
Num filme com Farrell e Kidman, dificilmente eles não serão destaques e donos de uma boa atuação. Aqui, no entanto, além deles, me chamaram bastante atenção a ponta da sumida Alicia Silverstone, como mãe de Martin, e o próprio Martin, vivido pelo Barry Keoghan. Ambas atuações são irretocáveis. Existe algo que me encanta nos trabalhos de Lanthimos quando o assunto é atuação: todos são sempre muito contidos e caminham juntos para o ápice, onde as explosões dos personagens passam a ser propositais e causam a estranheza que o diretor quer de fato que cause.




Além das atuações, direção e roteiro eficientes, a fotografia (quarto filme que Thimios Bakatakis colabora com Lanthimos) é um recurso narrativo à parte. Algumas cenas são um verdadeiro delírio à parte, como a que Bob cai da escada rolante no hospital e a câmera está no teto do hospital, como se Deus estivesse participando daquela tragédia/vingança familiar.





Título Original: The Killing of a Sacred Deer
Direção: Yorgos Lanthimos
Duração: 121 minutos
Elenco: Colin Farrell, Nicole Kidman, Barry Keoghan, Alicia Silverstone, Raffey Cassidy, Sunny Suljic e Bill Camp.

Sinopse: Steven é um cirurgião casado e pai de dois filhos que leva uma vida relativamente tranquila até encontrar Martin, um garoto de 16 anos a quem resolve cuidar. Quando Martin entra em sua família, o mundo de Steven se torna caótico.

Trailer:


Curtiram a escolha do Rodrigo? Ainda tem muito filme bom para vocês conferirem aqui conosco nesse especial! 😉

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