Star Wars: A Ascensão Skywalker chega aos cinemas com a promessa de encerrar a saga Star Wars, de por um ponto final em uma história que está sendo contada há 42 anos, a maior franquia da história do cinema, amarrando todos os 9 filmes em uma conclusão de certa maneira definitiva, se não contarmos os constantes spin-offs. Tudo isso na mesma medida em que traria algumas respostas envolvendo os personagens principais da nova trilogia, tão desejadas pelos fãs dos filmes. Contudo o resultado não poderia ser mais decepcionante. Em sua incansável tentativa de agradar e respeitar as expectativas dos fãs, o filme sublinha o caráter absolutamente contraditório da nova trilogia, que os diretores criativos da Disney não sabiam, nem tinha a pretensão de ter, seu real objetivo e discurso. Cada filme tem uma voz própria, mas elas gritam uma com a outra.
Portanto, o filme possui problemas gravíssimos de ritmo na medida em que acontecimentos importantes se desenrolam em uma rapidez nauseante, que tira o peso de todos os grandes acontecimentos do filme, que a propósito são muitos. Há uma enorme relutância em fazer com que os personagens principais percam coisas por muito tempo: quando há um fato ou uma perda marcante ela logo é anulada nos minutos seguintes. Na tentativa de agradar e dar aos fãs o que eles queriam o filme de Abrams se perde, fica confuso, e deixa diversos pontos sem nó. O ressurgimento da figura do Imperador, antes uma espécie de Dr. Mabuse de George Lucas, sintetiza o acovardamento do estúdio frente ao ressentimento de parte da comunidade, e o máximo que é dito a respeito de seu papel é feito através de poucas falas: “ele sempre esteve lá”. É como se J.J. Abrams e a Disney entrassem no próprio filme implorando pela atenção de seus estimados clientes, ao trazer de volta os símbolos clássicos de Star Wars por um suposto respeito ao legado da franquia, dando aos fãs em teoria o que eles queriam. E é exatamente na discussão sobre legado que as contradições no discurso da nova trilogia vem à tona. Recentemente, por exemplo, J.J. Abrams que acredita que o 8° filme fosse “muito meta”. Entretanto, a abordagem de seu primeiro Star Wars, de 2015, seria considerada da mesma forma.

Apesar de alguns momentos inspirados, o 9°, e teoricamente o último filme da saga, infelizmente é inerte. Não vai para frente, não vai para trás, apenas permanece. Constantemente busca arrancar a emoção do espectador, mas ela raramente vem, e quando vem dificilmente é merecida. Fosse antes um filme que efetivamente irritasse e indignasse, a frustração não surge por conta de um sentimento de raiva por uma má qualidade do filme. Na verdade, ela surge por conta de um estado de indiferença, uma sensação de que falta algo, de que o filme não cumpriu sua função, mas também não desagradou de todo. Infelizmente é notável a falta de clareza com que a franquia foi ressuscitada, a falta de propósito, objetivo e vontade clara do estúdio. Para uma trilogia em que a principal temática é o legado, o próprio será um gosto amargo na boca, com a sensação de que poderia ter sido melhor. É difícil dizer isso, mas A Ascensão Skywalker curva-se tanto que bate a cara no chão. Filmes finais tem um papel definidor na maneira em que encaramos os que vieram antes, e infelizmente a da nova trilogia de Star Wars é um extremamente contraditório.

Título Original: Star Wars: Rise of Skywalker
Direção: J.J. Abrams
Duração: 142 minutos
Elenco: Daisy Ridley, Adam Driver, Oscar Isaac, John Boyega, Ian Mcdiarmid, Mark Hammil, Carrie Fisher, Billy Dee Williams
Sinopse: A Resistência sobrevivente enfrenta a Primeira Ordem mais uma vez, enquanto a jornada de Rey, Finn e Poe Dameron continua. Com o poder e o conhecimento de gerações por trás deles, a batalha final começa.
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