Especial: Mulheres no Cinema – Parte 1


          Apresento a vocês, queridos leitores, esta nova lista que vai sempre evidenciar o trabalho de cineastas mulheres no panorama mundial do cinema. Mas nas primeiras listas vou dar prioridade para as brasileiras. A cada edição contarei a trajetória de uma mulher cineasta, então saberemos mais sobre sua biografia e filmografia! Vamos estrear com Anna Muylaerte! 



     

     Anna Muylaerte já esteve envolvida em várias produções e nem sempre como diretora. Com certeza você já deve conhecer pelo menos uma dessas produções que vou citar agora: roteirista em castelo Rá-tim-bum (1995) e Mundo da Lua (1991), na TV Cultura; e também escreveu Um Menino Muito Maluquinho (2006) na TV Brasil e fez o último tratamento do roteiro do aclamado filme: O Ano em que Meus Pais Saíram de Férias, dirigido por Cao Hamburgo. E em 2002 levou o prêmio de melhor filme e melhor diretora no Festival de Cinema de Gramado com seu filme Durval Discos. Em 2015 lançou o Que Horas Ela Volta, que foi um estouro no mundo todo! Em 2016, lançou o: Mãe Só Há Uma, vencendo o prêmio de melhor filme eleito pelo júri de leitores da revista alemã Manner

      Embora Mãe Só Há Uma tenha sido um filme muito aclamado e também polêmico, vamos nos ater ao Que Horas Ela Volta, que foi provavelmente o maior sucesso já consagrado por Muylaerte. 



        O filme narra a história de Val, interpretada pela incrível Regina Casé, no que talvez tenha sido a sua melhor interpretação principalmente se levarmos em conta que a atriz e apresentadora não costuma dar vida a papéis voltados para o drama. É verdade que Regina traz certa comicidade para a personagem, mas tem a ver muito mais com o jeito simpático de Val, do que algo escrachado. E também a intenção nunca foi essa. Regina Casé acerta na medida perfeita, a atuação é equilibrada e convincente. Val ganha a nossa empatia e simpatia. E ela tem que lidar com seus patrões que fingem que ela é “da família”, mas na verdade “usam e abusam” dela. 

        Val teve de vir para o sudeste na esperança de dar uma vida melhor para sua filha, Jéssica, que deixou no nordeste. O tempo passa e Jéssica toma certo rancor pela mãe que, ao seu ver, lhe abandonou. Val disse que foi a coisa mais difícil que teve que fazer, e só fez porque a ama. E ao mesmo tempo que isso é verdade, nos deparamos com a incoerência de que: para cuidar de sua filha lhe dando uma vida minimamente decente, Val teve de passar a vida longe dela. Não a viu crescer, não pode cuidar pessoalmente dela, mas cuidou inteiramente de Fabinho, o filho da patroa. E enquanto os gringos, à primeira vista, acharam que o filme se tratava de pura ficção, nós, brasileiros, sabemos que essa ainda é a realidade para muitas pessoas infelizmente. 

       O filme é predominantemente em câmera estática e sempre uma câmera voyeur, no sentido de é como se nós, espectadores, estivéssemos ali, dentro daquela casa, olhando tudo. Reparem que os planos dificilmente são mais fechados. Estamos sempre observando a ação por completa, pois 90% do filme são planos abertos, no máximo planos conjuntos ou planos médios. Dificilmente temos planos da cintura para cima. Pode ser que haja uma explicação mais específica para isso, ou é mero estilo/gosto da diretora, sendo que em todos seus filmes realmente a maior parte da decupagem assume essa postura mais “distante”, com planos abrangentes, e não tão fechados. Estilo esse, que Laís Bodansky também segue, ao meu ver, mas que deixaremos para adentrar seu universo na próxima lista. 



Trailer:




Outros Filmes de Anna Muylaerte:




E então, leitor? Conhecia alguns dos trabalhos dessa cineasta?
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#MulheresNoCinema






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