Retrospectiva Pânico – Parte I


É uma noite de sábado. Seus amigos foram a uma festa ou evento, mas você ficou em casa. Decidiu fazer uma pipoca, talvez assistir alguma coisa? Foi então que o telefone tocou e, ao atendê-lo, você ouviu a seguinte pergunta:

Qual é o seu filme de terror favorito?

Dado seu status como um ícone cultural do horror no fim dos anos noventa, é curioso que os três primeiros filmes da trilogia Pânico sejam lembrados principalmente por suas paródias. Essa mistura de memórias e noções, alimentada ainda mais pela metalinguagem utilizada nesses filmes, me deixou curioso para revisitar a franquia e os sentimentos associados com ela. Em três matérias, olharemos para Pânico (1996), Pânico 2 (1997) e Pânico 3 (2000).

Entremos, então, no mundo de Sidney, Gale, Dewey e, é claro, Ghostface.
Em Pânico, uma série de assassinatos deixa a população de uma cidade na Califórnia em um estado de paranoia. Entre os personagens estão Gale Weathers (Courtney Cox), uma jornalista decidida a conseguir uma matéria de qualquer forma, Dewey (David Arquette), um policial com dificuldades para ser levado a sério e, finalmente, Sidney Prescott (Neve Campbell), a protagonista da história. Em meio a um processo de luto após o assassinato de sua mãe, Sidney se torna um alvo principal e precisa lutar para escapar das tentativas contra sua vida. 
O fator mais surpreendente em rever o primeiro filme é o ênfase dado ao sofrimento de Sidney, especialmente na forma como ela se relaciona com seu namorado, Billy (Skeet Ulrich). Enquanto Gale, Dewey e os outros personagens representam um núcleo mais cômico, é Sidney quem carrega o drama do filme em suas costas, um fator que contribui muito para sentirmos a tensão conforme o filme avança e ela se vê cada vez mais sem saída. Muito do primeiro filme traz uma certa nostalgia, um certo sentimento de voltar para um universo que se conhecia e cujas memórias foram guardadas em algum lugar, mas não abandonadas.
Todas as etapas do desenvolvimento de Pânico foram bastante tumultuosas. O roteiro, fruto do desespero de Kevin Williamson em vender seu primeiro projeto, foi escrito em poucos dias e surgiu a partir do fascínio de Williamson por filmes de terror, em especial Halloween (1978). Wes Craven, o diretor escolhido, vinha de uma série de flops de bilheteria e considerava abandonar o gênero do terror antes de aceitar o projeto. Para além disso, a violência do roteiro seria um problema em todas as fases da produção, criando um cabo de guerra entre o diretor e as várias entidades que se posicionariam contra isso.
A famosa sequência de abertura em que Drew Barrymore é perseguida por Ghostface também quase aconteceu de uma forma diferente. Harvey Weinstein, um dos produtores, não confiava na forma que Craven escolheu para filmar a cena. Foi só quando o diretor editou a sequência inteira que Weinstein deixou a produção continuar sem intromissões, mas os problemas continuariam: a direção da escola onde parte do filme seria feito eventualmente negou acesso ao local em objeção ao roteiro violento. De forma semelhante ao que aconteceu em Halloween, a máscara icônica do assassino acabou sendo uma versão alterada da que a produção encontrou em uma loja de fantasias.
Após o processo inteiro de filmagem, Craven e os irmãos Weinstein ainda precisaram lidar com tentativas de censura do órgão responsável pela classificação indicativa nos Estados Unidos. Quando o filme estreou sem grande sucesso, muitos acharam que ele seria um fracasso, mas o boca-a-boca eventualmente levou Pânico a atingir 173 milhões de dólares em cima de um orçamento de apenas 15 milhões. De certa forma, até o sucesso do filme foi prejudicial para as produções subsequentes, já que várias entidades ligaram essa popularidade com assassinatos similares ocorridos nos EUA posteriores ao lançamento do filme. 
A inventividade da história, o uso divertido da metalinguagem e o suspense conseguiram elevar Pânico para algo muito além do que sua produção complicada indicaria, mas o mesmo não aconteceu nas continuações. A forma como o filme nunca se perde na mistura de tons e núcleos do roteiro é uma prova da capacidade de Craven de concretizar a visão original de Williamson. Através de seu uso de sátira, violência e sequências inesquecíveis, Pânico é o ápice de uma franquia que nunca realmente conseguiria lidar tão bem com todos esses elementos novamente.
Título Original: Scream
Diretor: Wes Craven
Duração: 111 Minutos
Elenco: Neve Campbell, Courtney Cox, David Arquette, Skeet Ulrich, Drew Barrymore
Sinopse: Um grupo de jovens enfrenta um assassino mascarado que testa seus conhecimentos sobre filmes de terror. A pequena cidade de Woodsboro nunca mais será a mesma. 
Trailer:
Qual é o seu filme favorito da franquia Pânico? Deixe sua opinião nos comentários e acompanhe as próximas matérias!

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