Crítica: Peixe Grande e Suas Histórias Maravilhosas (2003, de Tim Burton)


”Eles dizem que, quando você conhece o amor de sua vida, o tempo para e isso é verdade. O que eles não dizem é que quando começa de novo, o tempo se move muito rápido para recuperar o atraso.”

Tim Burton atinge, com este filme, o ápice de sua carreira como diretor. Peixe Grande e Suas Histórias Maravilhosas é a adaptação do livro Big Fish, escrito por Daniel Wallace, uma grande metáfora sobre a vida e a difícil, porém sincera, relação entre pai e filho.

Tudo começa quando Willian recebe a notícia de que seu pai, Edward Bloom, está doente. Com isso ele precisa viajar para ir ficar com ele, porém, a relação entre os dois sempre foi muito difícil, já que Ed Bloom sempre lhe contou histórias fantásticas sobre seu passado, nada que pareça ser realmente verdade. E isso sempre afetou Willian, pois ele não acredita em nenhuma dessas histórias e por isso sente que não conhece realmente seu pai.


Durante o andamento da obra vamos conhecendo algumas dessas histórias, todas com teor fantasioso e espetacular. A cena em que Ed vê pela primeira vez sua futura esposa Sandra Bloom é brilhante, o tempo para, todos estão congelados com exceção de Ed, que atravessa uma multidão dentro de um circo até chegar bem próximo de sua amada, o genial é que quando o tempo volta, ele acelera e com isso Bloom não consegue ver para onde Sandra foi.

O que se sucede são grandes aventuras vividas por ele em busca do amor de sua vida. Tim Burton não tem medo de colocar até as coisas mais fantasiosas como lobisomem, cidades fantasmas, uma bruxa com o poder de te mostrar a maneira que irá morrer e até mesmo um gigante. É muito divertido acompanhar todas essas histórias, pois assim como Willian, nós não sabemos se elas são reais ou até que ponto são somente fantasias.

Edward Bloom em sua forma mais jovem, foi interpretado de maneira magnífica por Ewan McGregor, é uma atuação que te faz gostar e torcer pelo personagem, extremamente carismático, charmoso, engraçado, dá pra perceber que o ator estava super à vontade no papel. Já o ator que o interpreta em sua versão mais velha é Albert Finney, ele faz um Ed Bloom completamente diferente, um senhor cabeça dura, rabugento e até chato em alguns momentos, sem o carisma de sua versão mais jovem, o que acaba incomodando um pouco e causando até certa estranheza, pois não parece ser a mesma pessoa.

Billy Crudup (Willian Bloom) também está bem à vontade, nós conseguimos perceber sua frustração por não acreditar nas histórias que seu pai conta, é muito fácil simpatizar e se colocar no lugar dele. A diva Jessica Lange (Sandra Bloom) dispensa comentários, é sempre bom vê-la em cena. A versão mais jovem de Sandra Bloom é feita por Alison Lohman, que não tem muito texto para trabalhar, mas é eficiente no que se propõe a fazer. O elenco ainda conta com vários outros rostos conhecidos, destaques para Helena Bonham Carter, Steve Buscemi e Danny DeVito.

O roteiro escrito por John August é delicado e exagerado na medida certa, o humor e o drama estão entrelaçados de forma natural, um não atropela o outro, com isso o filme nunca fica cansativo. A edição e montagem feita por Chris Klein colabora muito para o bom andamento da trama, pois acompanhamos o presente e em paralelo as histórias contadas por Ed, porém nunca fica confuso, as mudanças são sutis e isso mantém o espectador sempre engajado.

A fotografia de Philippe Rousselot é digna de aplausos, cada cena é fotografada de forma única e com um cuidado muito especial. As cores são sempre mais vibrantes quando a jovem Sandra Bloom está em cena, nos momentos em que o filme está no presente são cores mais frias. As cores representam de certa forma o estado emocional de Ed Bloom, mais coloridas e claras quando ele é jovem e está feliz. E mais escuras e frias quando está mais velho e doente.

Tim Burton dirige esta obra de forma inspiradíssima, ele acerta em todos os gêneros que aborda dentro da trama, comédia, drama, romance, suspense e até umas pitadas de terror. Esse filme serviu para tirar o gosto amargo que ele havia deixado com Planeta dos Macacos dois anos antes.

Peixe Grande e Suas Histórias Maravilhosas é um filme obrigatório para todo mundo, ensina muito sobre família, amor, o poder e a influência que tem a relação de um pai com seu filho. Irá te fazer rir, refletir e com toda certeza chorar, com um final surpreendente e emocionante.

”O fascinante dos icebergs é que só podemos ver 10% deles, os outros 90% estão abaixo da água. Com você é a mesma coisa pai, só vejo um pedaço que aparece por cima da água.”

Título Original: Big Fish

Direção: Tim Burton

Duração: 125 minutos

Elenco: Ewan McGregor, Albert Finney, Billy Crudup, Jessica Lange, Alisson Lohman, Helena Bonham Carter, Robert Guillaume, Matthew McGrory, Marion Cotillard, Danny DeVito, Steve Buscemi

Sinopse: Quando Edward Bloom fica doente, seu filho William viaja para ficar com ele. William tem uma relação tensa com Edward porque seu pai sempre contou histórias exageradas sobre sua vida e William sempre achou que ele nunca disse a verdade. Mesmo no leito de morte, Edward narra histórias fantásticas. Quando William, que é um jornalista, começa a investigar os contos de seu pai, ele começa a entender o homem e sua mania de contar histórias.

Trailer:
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