A Equipe do Blog Comenta: Stranger Things – 3ª Temporada (2019, de Matt Duffer e Ross Duffer)

Com a recente estreia da terceira temporada da série nostálgica preferida de todo mundo, Stranger Things com certeza mostrou que mesmo quase depois de dois anos de espera, ainda é a série com  força e prestígio que conquistara desde a sua estreia. Entre considerada a melhor, a pior ou mesmo a repetição de elementos, essa temporada quando comparada com suas antecessoras, a equipe do blog fez comentou suas impressões e opiniões sobre o retorno da tão aguardada série e suas crianças não mais tão crianças assim.

Ettore Migliorança comenta:


Parece que foi ontem quando em 2016, a Netflix adicionou em seu catálogo essa simples, porém ótima série que exalta tudo o que teve de melhor na década mais viva em termos de cultura pop, que foi a década de 1980. Stranger Things passou por muitas transformações desde de seu lançamento e o que a sua nova temporada comprova que ela está se tornando algo muito maior do que ela parecia em sua primeira temporada.

Aprendendo com os erros e potencializando os acertos das temporadas anteriores, essa nova temporada abraça os clichês e temas dos filmes de verão dos anos 1980 sobre dinâmicas de transição da infância para a adolescência, apostando em dinâmicas novas como a da Eleven (Millie Bobby Brown) e Max (Sadie Sink) e estendendo a dinâmica de Dustin (Gaten Matarazzo) e Steve (Joe Keery) incluindo novas adições com a personagem Robin (Maya Hawke), que torna a aventura agradável de se assistir e se maratonar.

Mesmo com a comédia e carisma de certo ponto na trama, a série não abandona o clima de terror e sobrenatural, agora mais refinado e tenso do que nunca, com direito a gore que lembra os filmes de David Cronneberg, além um mistério que relembra Enigma de Outro Mundo e Invasores de Corpos.
Apesar de manter certas dúvidas no ar que muito provavelmente serão estendidas na quarta, ou possível quinta, temporada, Stranger Things 3 se revela a possível melhor temporada e que garante o status de série fenômeno que tanto merece.

Igor Motta comenta:
Foi uma temporada que seguiu os padrões da série. Mas, olha a armadilha, temos coisas muito boas e coisas que estão quase no campo de cansaço por repetição. Em coisas boas, temos a continuidade do título de “série de maratona”, as temporadas anteriores eu assisti em uma sentada e essa também (e aposto que praticamente todos assim o fizeram). Stranger Things é uma série bem encadeada dentro da temporada em si que sempre gera a sensação de que estamos vendo um filme, a diferença é que esse filme tem quase oito horas.
O tom de terror da terceira temporada foi muito bom. Entres as três, fora a que mais tivera mortes, desde personagens secundários a até protagonistas. O gore está bem mais presente, o suspense e a sensação de ameaça então realmente salientes. Isso se junta perfeitamente ao contorno que a série está desenhando: a inocência de todos ali em Hawpkins, pouco a pouco, não mais existe.

A passagem do tempo é um dos pontos altos da temporada. Ver aquelas doces crianças agora já na pré-adolescência, namorando às escondidas, inventado desculpas para os amigos e preferindo outras relações sociais do que jogar D&D, foram perfeitas para a ideia de que as coisas não são as mesmas, e nunca mais serão. Até mesmo para Nancy, Jonathan, Steve e Billy, que não mais estão no ensino médio e já trabalham.

O ápice da temporada é a relação de alguns personagens com outros. Se em Stranger Things 2 tivemos alguma faísca de inimizade entre Eleven e Max, agora temos o completo oposto. A química entre as duas personagens é incrível, dando espaço para o desenvolvimento delas fora do mero contexto de “as garotas da turma”. Ainda, temos o quarteto fantástico da temporada: Steve, Dustin, Erica e Robin. Os roteiristas acertaram ao colocar esse quarteto no mesmo lugar, embora um pouco questionável de Dustin ter ficado mais com eles do que seu grupo de amigos original, mas isso ocasionou em cenas divertidas e tensas na mesma tacada. Queria também ressaltar o ponto de Robin não ser reduzida ao par romântico alternativo de Steve. A construção fora toda para isso ao decorret da temporada, mas com uma linda quebra de expectativa. Saber da sexualidade da personagem deixou a relação deles e o desenvolvimento de ambos bem mais interessante, dando maior espectro aos tipos de relação que podem existir na série.

O encerramento foi, sim, muito bom. Talvez não tenha sido melhor por não ser o final concreto da série, e apenas da temporada. Os acontecimentos que levaram ao luto e lágrimas de todos que assistiram serviriam mais do que bem para finalizar com chave de ouro a história. Os criadores parecem ter seguido alguns conselhos e deixado a porta aberta em três centímetros para a continuação da história (sim, estou falando do “americano” na cena pós-crédito).


E aqui entro nos pontos ruins. Para onde continuar? Stranger Things já começa a enjoar a própria fórmula que ressignificara. Preferiram reciclar o The Mind Flayer, vilão da temporada passada, do que explorar o vasto e misterioso mundo invertido, e por isso reduziram o personagem de Will ao detector do monstro. A posição eterna de Eleven como a salvadora da pátria está cansando e não mais cola como antes. Talvez haja algum desenvolvimento nesse ponto, da forma como ela terminou a temporada na já confirmada Stranger Things 4, mas também é triste pensar que fizeram um gancho bem grande para a história de todas as outras experiências antes (e depois?) de Eleven, que seria perfeito nessa questão para, nessa temporada, ser simplesmente ignorada, deixando  esse arco bem proveitoso ou no limbo, ou no lixo. E demagorgons outra vez? O mundo invertido realmente só possui duas criaturas?



Foi uma boa temporada, é uma boa diversão e mantém o nível das outras, mas justamente por manter a zona de conforto por três edições seguidas que começa a dar pequenos sinais de cansaço. Espero que Stranger Things 4 traga algumas novidades.



Natália Viera comenta:

Definitivamente essa temporada não foi para crianças. A evolução da trama se mostra excepcionalmente superior à segunda temporada e tivemos que lidar com muitas coisas esse ano. Nossos personagens cresceram e muito, tivemos muitas lições sobre amadurecimento pessoal. 

As mulheres tiveram grande foco esse ano, Max que ensinou a El sobre empoderamento e a gostar de si mesma antes do Mike; Nancy que mesmo sendo humilhada todos os dias por pessoas que se achavam superiores à ela, não deixou de seguir seus instintos; Joyce que mesmo sofrendo foi capaz de descobrir sozinha que algo estava errado na cidade, tentou descobrir tudo sozinha, mesmo quando ninguém acreditou nela; Robie que mesmo sem saber no que estava se metendo, ajudou seus amigos sem pestanejar. Sem elas a série não iria a lugar nenhum. 

Claro que houve algumas mudanças em relação à amizade, Dustin por exemplo passou toda a temporada ao lado de Steve, mas isso não significa que ele goste menos dos seus amigos, apenas é uma coisa natural, ao passar do tempo, não somos mais tão achegados aos mesmos amigos, mas isso não significa que eles não estarão lá por nós quando precisarmos. E quando crescemos, temos que lidar com algumas perdas, claro que nada se compara com um Devorador de Mentes destruindo tudo que você ama, mas os sentimentos foram muito bem trabalhados essa temporada, que teve grandes e importantes perdas que tenho que dizer que não serão esquecidas tão cedo. 

Acredito que por baixo dos panos, a série quis nos mostrar o valor do diálogo e como expressar os sentimentos pode ser capaz de evitar grandes perdas, não deixando para a última hora o que podia ser dito antes. Tirando algumas coisas bizarras de mais para levar a sério, a história foi dolorida e mostrou como é difícil amadurecer, mas as mudanças nem sempre são para pior e essa temporada vem nos provar que, para os nossos personagens, ainda há muito o que viver e descobrir. 

Leonardo Costa comenta: 
Acho que à esta altura do campeonato a série dispensa apresentações, mas falando rapidamente para quem ainda está na dúvida se assiste ou não: a obra é uma ode, uma homenagem pura à cultura POP dos anos 80 e tudo, tudo que envolve a lendária década. Através de incontáveis referências, são retratadas séries, games, livros, brinquedos, artistas, músicas, visual, tecnologia, utensílios do dia a dia e principalmente, o cinema. Dito isto, a terceira temporada mantém alta a dose de nostalgia, sendo uma verdadeira caça à referências. 


Algumas são mais explícitas no andamento da trama, como cenas que remetem A Bolha Assassina, O Enigma do Outro Mundo, Invasores de Corpos, Alien e diversas outras fontes. Outras são mais sutis, como em diálogos, camisetas e brinquedos (note as pelúcias de Gremlins e vários outros no parque). O clima continua bastante próximo à uma obra do Spielberg (E.T.), porém aprofundando mais no terror gráfico como as obras citadas acima, adicionando uma pegada Stephen King (IT) no desenvolvimento dos personagens. Personagens e atores, que a cada nova temporada estão mais velhos e maduros, e por isso, a narrativa do roteiro amadurece junto.

Nesta 3° temporada temos acontecimentos mais urgentes e chocantes, embora certa leveza e um ótimo humor ainda presentes, sentimos a gravidade do perigo de verdade e há consequências nisso. A série aposta nas referências e numa série de clichês que você já viu antes e normalmente isso é ruim. Mas como aqui o clima é um tanto descontraído e a intenção é essa, mesmo sem uma trama realista ou social, Strangers Things se sustenta ao fazer tudo muito bem feito. A trama pode ser fantasiosa e longe de profunda, mas toda a brincadeira que o roteiro propõe é muito bem feito e funciona. 

Os efeitos especiais estão cada vez melhores, a trilha sonora é uma das melhores coisas da série não apenas pelas clássicas canções 80’s, mas também pelas batidas de sintetizadores eletrônicos que dão uma nostalgia. E a cereja do bolo continua sendo o elenco, maravilhoso! Cada personagem, seja cômico ou sério, funciona, e muito! Millie Bobby Brown (a Onze) é uma ótima heroína. Dacre Montgomery (Billy) entrega um vilão de respeito e com camadas. A novata Maya Hawke (Robin) é maravilhosa, chegou agora e já roubou a cena. E todo elenco manda bem!

Com 8 episódios de 1 hora cada, a série parece mais um filme, uma superprodução. São 8 horas ininterruptas, que passam voando. São tantos personagens, tantas referências, as piadas funcionam tão bem, o terror funciona bem também, há bastante ação e um aprofundamento nas características de cada personagem, tudo tão bem editado, com um visual e som tão bons, que os episódios passam voando, chegando à um clímax eletrizante e bastante emocionante.

Homenageando o passado, mas adicionando elementos novos, adentrando no terror mas ainda mantendo uma leveza no sensacional elenco, Stranger Things caminha para ser uma das melhores séries de fantasia já feitas. Tomara que mantenha a qualidade nas próximas temporadas, que segundo fontes, pode chegar ao fim em breve, o que é uma boa, ter poucos, mas excelentes episódios. 


Título Original: Stranger Things

Direção: Matt Duffer e Ross Duffer

Episódios: 8

Duração: 50 minutos

Elenco:  Winona Ryder, David Harbour, Millie Bobby Brown, Finn Wolfhard, Natalie Dyer, Caleb McLaughlin, Sadie Sink, Gaten Matarazzo, Noah Schnapp e Maya Hawke

Sinopse: É 1984 em Hawkins, Indiana. Um novo shopping foi inaugurado na cidade, tornando-se a diversão do verão. O grupo de protagonista. Enquanto isso, um novo perigo surge. Com a cidade ameaçada novamente, Eleven e seus amigos percebem que o mal nunca acaba, apenas evolui.

Trailer: 






O que acharam da terceira temporada? Quais são as expectativas e teorias que esperam para a continuação? Deixem nos comentários e não deixem de acompanhar a programação do MVDC

Deixe uma resposta