Crítica: Turma da Mônica : Laços (2019 , de Daniel Rezende)

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Você
já leu Turma da Mônica! Sim, isto não é uma pergunta e sim uma afirmação. Você
é parte de múltiplas gerações que foi tocado e emocionado pela turminha da
turma da Rua do Limoeiro, provavelmente a maior criação dos quadrinhos no
Brasil e as mais importantes figuras da cultura pop brasileira, é difícil
encontrar alguém que não tenha a figura dos personagens seja de quadrinhos,
desenhos animados, produtos de mercado, brinquedos, parques temáticos e agora
no cinema.


A princípio
fazer uma adaptação live-action desses
personagens seria difícil, perigoso e para alguns uma loucura, pois são mais de
50 anos de tradições de quadrinhos, com uma identidade visual muito específica
e muito em mente de milhares de brasileiros de diferentes gerações, a decisão
vinda de Mauricio de Souza, nossa mistura brasileira de Walt Disney com Stan
Lee, surpreendeu a todos e até receios da comunidade. Para que isso desse
certo, era necessário apostar na história certa, no diretor certo e,
principalmente, nas crianças certas. E é com muita felicidade que digo que o
longa Turma da Mônica – Laços acerta
absolutamente em
tudo isso e mais um pouco.


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A
história escolhida de se adaptar é a
graphic-novel
do selo da editora Graphic
MSP,
selo criado pelo próprio Mauricio para convidar grandes quadrinistas
brasileiros para contar histórias mais maduras e complexas 
de personagens clássicos e consagrados para um público mais
velho, que é em questão o
Laços dos irmãos Vitor e Lu Caffagi, o
quadrinho do selo de maior sucesso da editora e a maior do Brasil em termos de
venda.

O
novo longa respeita a tradução e proposta da graphicnovel de contar
uma história sobre “laços” de amizade e companheirismo, que aliás é muito
referenciada em filmes dos anos 80 como Os
Gonnies
e principalmente de Conta
Comigo
, mas ao mesmo tempo o roteiro de Thiago Dottori abre uma série de
liberdades que engrandecem o tema da história original, um bom exemplo disso é
a participação bem pontual, e m
uito divertida, do Louco, interpretado
brilhantemente pelo Rodrigo Santoro, que ajuda a engrandecer o arco do
Cebolinha.


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Outra
licença poética tomada pelo roteiro, é que na execução é que abrange um aspecto
muito particular e único dos quadrinhos do Mauricio de Souza, onde se pode
observar isto na direção de arte e de fotografia. Na parte de arte, a
cenografia e detalhes de composição de cenários e objetos feitos por
Cassio Amarante e Mariana Falvo onde ambos reforçam um ambiente de anos 60, desde carros, eletrodomésticos, roupas e etc, mas sem classificar que a
história tem um tempo bem especificado e apenas a deixa atemporal e até
universal como os próprios quadrinhos originais que  lançam até hoje. Outro aspecto
que reforça a composição é a fotografia de Azul Serra, sempre reforçando a luz
muito viva e forte que é capaz de preservar o lúdico e espírito do universo Turma
da Mônica dando destaque às cores nos ambientes urbanos e até mesm
o na
floresta.


A
direção feita no filme pelo Daniel Rezende é realmente digna de reconhecimento,
praticamente um prodígio no cinema nacional, o cineasta em seu segundo
longa-metragem de sua carreira como diretor, (o seu antecessor foi o ótimo Bingo – O Rei das Manhãs) ainda
demonstra muita segurança e muito cuidado e carinho com o material original,
principalmente por apostar não numa visão que seja 100% igual ao quadrinhos, e
sim como traduzir em carne e osso as crianças mais amadas do Brasil em
essência, espiritualidade e o mais importante, com coração.


Mas
o que realmente brilha no filme, e o que faz ele funcionar de fato, é o
elenco infantil, as crianças tem o domínio de tela absoluto em todo o filme e
demonstram muita química e sincronia em cena, as crianças realmente entendem
como os personagens agem, reconhecem os valores e defeitos de cada um deles, como
a durona de bom coração Mônica (Giulia Benite), o “espelto” e convencido
Cebolinha (Kevin Vechiatto), o medroso, mas alegre Cascão (Gabriel Moreira) e
gulosa e doce Magali (Laura Rauseo), e ambos conseguem carregar uma sincronia
de relação de amizade muito especial e bonita de se ver. Não somente relaciona
ao tema da Graphic-Novel, mas como
ajuda a trazer uma complexidade de temas que seguem todos esses anos nos
personagens e que muitas vezes podem passar despercebidos, que é melhor não
detalhar muito, pois os tais acontecimentos são belos e até emocionantes de se
ver em cena, engradecidos graças a trilha sonora de Fabio Goes, que tem um
aspectos muito corriqueiro e infantil que dá gosto de se ouvir, além de contar
com uma música nova cantada por Tiago Iorc que ajuda a compor a cena. Fora isso
o elenco adulto também merece reconhecimento, tanto pela composição visual  como a Mônica Iozzi como a mãe da Dona da Rua, a Fafá Rennó e Paulo
Vilhena como mãe e pai do Cebolinha, até mesmo o vilão do filme interpretado
por Ravel Cabral, que consegue ser ameaçador e engraçado ao mesmo tempo.


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Apesar
de isto não ser novidade no cinema nacional, a ideia de transpor personagens de
quadrinhos para live-action vinha
desde dos anos 90 com as duas adaptações do personagem icônico do Ziraldo, Menino Maluquinho, e que agora os
quadrinhos estão tendo um espaço no nosso cinema, como no ano passado com o
lançamento dos notórios Tungstênio e
o primeiro filme brasileiro de super-herói com O Doutrinador. Esta primeira incursão feita para os personagens de Mauricio de Souza realmente merece destaque, não apenas pela
ousadia e coragem, mas pelo cuidado e preciosismo com o que é tão importante na
memória para muitas gerações, e se prova uma verdadeira pérola para o cinema
nacional. Por isso não tenha receio ou dúvida sobre se é estranho ver
personagens tão consagrados em carne e osso, Turma da Mônica – Laços é leve, gostoso de assistir, divertido e
emocionante na medida ideal e prova como a turminha do limoeiro é tão poderosa que consegue engradecer e fazer parte de tantas gerações, provando que um live-action sempre foi uma boa ideia a se fazer.



Titulo Original: Turma da Mônica: Laços

Diretor: Daniel Rezende

Duração: 97 min

Elenco: Giulia Benite, Kevin Vechiatto, Laura Rauseo, Gabriel Moreira, Rodrigo Santoro, Mônica Iozzi, Paulo Vilhena e Ravel Cabral.

Sinopse: Quando misteriosamente o cachorrinho do Cebolinha, o Floquinho, desaparece, seus amigos Mônica, Cascão e a Magali se unem com o dono para uma jornada que testará o laços de amizade que torna tão forte por muitos anos.

Trailer:


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