Comédia romântica é um gênero sempre tão explorado (infelizmente nem sempre tão bem quanto gostaríamos), que a cada nova estreia, instantaneamente, alguns de nós torcem o nariz antes mesmo de saber um pouco mais sobre o projeto. Eu, particularmente, fiz exatamente isso depois que vi o trailler de Casal Improvável. O elenco, entretanto, me fez dar um voto de confiança e conferir o longa, e agora, posso dizer a quem está iniciando esta leitura: Ainda bem! Finalmente temos uma comédia romântica must-see.
O filme conta a história de Charlotte Field (Charlize Theron), secretária de Estado, que inicia sua campanha rumo à presidência dos Estados Unidos. Sabendo que seus índices de popularidade, apesar de altos, escorregam quando o assunto é bom humor, Field vê a oportunidade de aliar o útil ao agradável, convidando Fred Flarsky (Seth Rogen) jornalista desempregado e antigo conhecido que reencontra por acaso em um evento, para escrever seus discursos.
O filme tem seus momentos “comédia burocrática”, fazendo algumas piadas manjadas em momentos pra lá de aguardados. Mas, não se enganem! Casal Improvável vai bem mesmo quando o assunto é comer pelas beiradas. O filme desde o início já dá indícios de que entregará piadas contextualizadas e acima da média, mas, vai além e a piada que usa para começar o filme, serve para iniciar o segundo ato e finalizar o terceiro: GENIAL!
Notar que o roteiro ao mesmo tempo que empodera a secretária de Estado, entrega dezenas de críticas ferrenhas em como a mulher é enxergada na sociedade (e notar os âncoras da TV apresentando o programa de forma machista, é o tipo de exagero que nem todo mundo notará) é um delírio a parte. Ainda sobram críticas para a pouca importância dada a cargos estratégicos e de comando nos países (a notar a estratégia do Presidente), republicanos, críticas raciais e até religião. Nada fica como tabu no longa. Os responsáveis por este roteiro afiadíssimo são Dan Sterling (South Park e The Office) e Liz Hannah (The Post: A Guerra Secreta).
Antes de citar o casal protagonista, devemos dar os louros também a June Diane Raphael (Grace and Frankie e New Girl), que não se intimida em momento algum com a presença dos colegas de cena, e entrega uma megera que no fundo tem um bom coração.
Theron e Rogen, no entanto, são quem carregam o filme com maestria. A química dos dois é impressionante. O fato de ambos se reencontrarem no filme e decidirem estar juntos (ao menos num primeiro momento), para que ele insira mais senso de humor nos discursos dela, faz com que a química ocorra de forma mais que natural, ficando visível que ela admira a posição firme que ele mantém (e ela por dezenas de motivos não “pôde” mais manter) e o senso de humor e sagacidade, enquanto ele admira nela a força para num mundo tão machista, conseguir prosperar e mostrar que ela vai muito além de uma mulher bonita e de atributos físicos invejáveis.
É assim, inclusive, que o filme foge do clichê bobo de filme onde duas pessoas fisicamente opostas se atraem e aposta em como atributos comportamentais que estão demasiados em uma pessoa, podem ser reacendidos em outra.
Título Original: Long Shot
Direção: Jonathan Levine
Duração: 125 minutos
Elenco: Charlize Theron, Seth Rogen, June Diane Raphael, O’Shea Jackson Jr., Ravi Patel, Bob Odenkirk.
Sinopse: Fred Flarsky é um jornalista que, devido à sua escrita (excessivamente) arrebatada, está novamente desempregado. Um dia, por casualidade, encontra Charlotte Field, que em tempos foi sua “babysitter” mas que hoje se transformou numa das mais influentes mulheres do mundo. De secretária de Estado, ela concorre agora à presidência dos EUA. Contente por voltar a vê-lo, Charlotte contrata Fred, que a conhece há várias décadas, para escrever os seus discursos e para os transformar em algo menos solene do que o habitual. Contudo, o que parecia ser uma parceria estritamente profissional depressa vai dar lugar a algo mais.
Trailer:
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