A Equipe do Blog Comenta: Chernobyl (2019, de Craig Mazin)


A minissérie que está dando o que falar é tudo isso mesmo? Acredite quando dizemos que sim! Baseada em uma tragédia real, a história conta todos os fatos que levaram ao pior acidente nuclear da história e suas consequências terríveis para o meio ambiente e para a humanidade em si. Uma série forte que nos faz pensar em todos os viés que os responsáveis na época tiveram que lidar e lidam até hoje! Saiba o que a nossa equipe achou.



Ettore Migliorança comenta:



No meio do embalo do final da maior série da atualidade (Game of Thrones), a HBO lança esta grata surpresa. Chernobyl demonstra que o canal ainda tem força para fazer produções de dramas históricos com aquela pegada especial que teve anos atrás com Band Of Brothers, que é pegar um momento marcante na história da humanidade e trazer todo o esmero de qualidade do canal, tanto em roteiro quanto de produção, para reconstituir o maior desastre nuclear da história de maneira fria, pesada e instigante para o espectador.
Assim como produções anteriores, a minissérie reconta de maneira cinematográfica e simulando uma linguagem de documentário ao recontar todos os passos do desastre nuclear, no sentido de passar informações sobre o caso de maneira correta e ainda chocar o espectador com a realidade, sem apelar para posicionamento ideológico para simplesmente debater como a mentira e o medo da humilhação podem causar uma tragédia. O que é algo muito universal, independentemente de ser de época ou não, deve ser a razão pela qual essa produção foi tão comentada, especialmente no Brasil, afinal vivemos uma tragédia não muito diferente dessa no começo do ano em Brumadinho, Minas Gerais. 






Certamente a melhor série do ano, e uma das melhores produções televisivas dos últimos anos!


Eduarda Souza comenta:

Neste ano grande parte dos fãs se decepcionaram com o final do carro-chefe da HBO, Game of Thrones. Parecendo já saber que não acertaria com essa série, o canal nos presenteou com a melhor série de 2019, até então. Com poucos episódios, um roteiro e fotografia de deixar qualquer um perplexo, tamanha maestria, a série pretende uma tentativa de apontar culpados pelo grande acidente ocorrido.


Contudo, vale ressaltar o perigo que esta série revela. De produção americana, ou seja, o lado arqui-inimigo da extinta União Soviética, a série, por mais que tente se esquivar, revela um objetivo claro de eximir de toda e qualquer culpa os Estados Unidos da América do desastre ocorrido. Do ponto de vista da série, não temos dúvidas de que foi exatamente isso que ocorreu, entretanto é necessário que se assista a este precioso material com um senso muito crítico para que não se caia no erro de vilanizar grandemente somente a antiga potência, enquanto a outra, conforme a história pode claramente apontar, carrega muito (mas muito!) sangue em sua bandeira.


Com base somente na qualidade técnica da obra, é realmente inquestionável o quanto a HBO possui um esmero em suas produções, o que é muito ajudado pelo competente elenco central que conduz, com muita competência, a história. Uma vez li um comentário meio non-sense de André Forastieri, mas que em certo nível, concordei: “Não tem recurso cinematográfico mais repulsivo que fotografar lindamente o horrível.” Não chega a ser algo repulsivo o que ocorre em Chernobyl, mas a forma como a fotografia reproduz não somente lindamente, mas fielmente esse horrendo episódio da história é algo que choca e desperta não somente uma tristeza imensa, mas uma indignação coletiva para com tudo o que ocorreu. Veja o vídeo comparativo de takes reais com passagens da séries:



João França comenta:

O primeiro monólogo sobre o jogo de mentiras e verdades e o alerta de que o principal risco não é a de acreditarmos na mentira, mas sim, não reconhecermos mais a verdade, dá a tônica do que encontraremos no decorrer dos 5 episódios desta incrível série, sobre um assunto tão importante/triste e que até então havia sido explorado para TV/cinema de maneira meio sórdida (só consigo lembrar do terrível e de péssimo gosto  Chernobyl: Sinta a Radiação.)

É difícil falar do que impressiona aqui. São muitos motivos, que vão desde os aspectos técnicos (maquiagem incrível e design de produção de causar inveja em muita produção de cinema – marca registrada da HBO, diga-se de passagem), passando pelas convincentes atuações (as motivações de todos os personagens são críveis, e isso ajuda a não julgarmos a série em nenhum momento) e principalmente pelo roteiro.

Roteiro que merece um parágrafo a parte! Ao focar nos acontecimentos, desenrolar e em como tudo aquilo precisou ser contido, naturalmente, o roteiro vai nos entregando os verdadeiros heróis dessa tragédia. Todos sem nome, com pouco tempo em tela talvez, mas, dificilmente você esquecerá as cenas que eles protagonizaram. Para quem está acostumado com filmes de herói, talvez nem os consiga reconhecer aqui, mas, este é o exercício mais humano que alguém pode fazer, seja numa homenagem como a deste roteiro, seja a nossa ao assistir esta obra-prima.


Natália Vieira comenta:


É difícil imaginar que algo assim possa ter acontecido cerca de 30 anos atrás e praticamente ninguém mais falar sobre isso. A série é densa, melancólica e terrivelmente verdadeira, o que causa uma sensação de terror ao ser assistida. Tudo o que acontece na minissérie é baseada em informações verdadeiras ou pelo menos, o mais perto disso possível. 


Todo o sofrimento, o desespero e as consequências dessa tragédia são colocadas de maneira excepcional pela HBO, que tenho a coragem de dizer, que talvez tenha sido uma das melhores coisas já feitas pela emissora nos últimos tempos. 

 

Temos todos os lados apresentados, a política da época, as pessoas envolvidas e principalmente o despreparo que a população enfrentou em uma situação de risco como essa. Mas deixando a história em si de lado, o roteiro é um banquete a ser degustado com calma, em apenas 5 episódios, tudo é mostrado nos mínimos detalhes, temos atores talentosos e precisos em seus papéis, sem contar a semelhança deles com as figuras que, de fato, estavam envolvidos na tragédia. 


Acredito que a série tentou honrar e homenagear à sua maneira, tantas e tantas pessoas que estiveram ali, tentando evitar que o pior acontecesse e devemos de fato respeitar a coragem de todos, afinal, era uma missão suicida que eles tinham em mãos. Esses eventos servem para nos lembrar que somos um nada comparado com a grandiosidade da natureza e quando brincamos com ela, tudo volta da pior maneira possível, sem nunca esquecer que muitas tragédias se devem a soberba humana e a irresponsabilidade/ignorância, daqueles que se julgam no poder.

Direção: Craig Mazin

Episódios: 5

Duração: 60 minutos aproximadamente

Elenco: Stellan Skarsgard, Jared Harris, Emily Watson, Paul Ritter, Jessie Buckley, Con O’Neill, Barry Keoghan, Fares Fares, Robert Emms, Adrian Rawlins

Sinopse: Homens
e mulheres corajosos agem heroicamente para mitigar danos catastróficos
quando a Usina Nuclear de Chernobyl sofre um acidente nuclear em 25 de
abril de 1986.



Trailer:

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