Crítica: Todas as Canções de Amor (2018, de Joana Mariani)



A intenção é boa: Todas as Canções de Amor relata todos os estágios de um relacionamento amoroso embalados por canções românticas emblemáticas que marcaram gerações. A trilha sonora do longa tem de tudo: Cazuza, Blitz, Bethânia, Cartola, Chico Buarque (…), a fina flor da música brasileira está ali. Até Gilberto Gil faz uma pequena aparição no longa. A trilha sonora é bem caprichada e as canções da obra são escolhidas a dedo, mas, infelizmente, todo o primor acústico não se mostra presente na elaboração de um bom roteiro. 


Na trama, Chico (Bruno Gagliasso) e Ana (Marina Ruy Barbosa) se mudam para um novo apartamento em São Paulo. Enquanto arrumam as coisas, ela acha uma fita K7 e decide escutar. Trata-se de uma seleção que Clarisse (Luiza Mariani) fez 20 anos atrás para seu marido, Daniel (Júlio Andrade), no momento em que eles estavam se separando. Sendo assim, nós acompanhamos os dois estágios cruciais de um relacionamento amoroso: o início enérgico e o final melancólico. Ana fica obcecada pelas gravações da fita e decide escrever um livro sobre elas.


Marina Ruy Barbosa e Bruno Gagliasso – os atuais protagonistas da novela O Sétimo Guardião – não convencem como casal. Toda a boa proposta do longa escorre pelas mãos diante de tamanha artificialidade do elenco principal. Marina, ao contrário de Luiza Mariani, não parece realmente gostar daquelas músicas. Aliás, não podemos negar que Marina desempenha muito bem o papel de mocinha de novela, mas a sua Ana exigia uma certa astúcia e malícia que a atriz não consegue imprimir. Parece que Marina está levando para os cinemas a mesma comodidade dos papéis que ela está acostumada a fazer na TV. O arco dramático dos personagens também é pífio, não surgem grandes problemas na trama, não existe um clímax, tudo parece uma desculpa barata para colocarem as ótimas músicas ao fundo. 

Júlio Andrade e Luiza Mariani são mais felizes na composição do casal em crise. Especificamente Luiza, que está maravilhosa no papel de mulher fumante, desequilibrada e apaixonada por música. A cena em que ela derrama lágrimas pela morte de Cazuza é uma graça. Aliás, todos os belos momentos do filme são protagonizados por eles. No fim das contas, fica a impressão de que Todas as Canções de Amor não faz jus às músicas de sua trilha sonora.  Até porque, nós estamos falando de um filme que abre ao som de Bethânia recitando um poema e termina com uma bela regravação de I Will Survive cantada por Iza, Nina Maia e Liniker, as novas vozes da música brasileira. A trama, apesar de bem bolada, requeria mais entrega, mais intensidade. Fica pra próxima.

Título Original: Todas as Canções de Amor




Direção: Joana Mariani





Elenco: Marina Ruy Barbosa, Bruno Gagliasso, Luiza Mariani, Júlio Andrade.

Sinopse: Chico (Bruno Gagliasso) e Ana (Marina Ruy Barbosa) se mudam para um novo apartamento em São Paulo. Enquando arrumam as coisas, ela acha um fita K7 e decide escutar. Trata-se de uma mixtape que Clarisse (Luiza Mariani) fez 20 anos antes para seu marido, Daniel (Julio Andrade). Os dois casais, apesar de distanciados pelo tempo, têm muito em comum.


Trailer:
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