Crítica: A Intervenção (2016, de Clea DuVall)

Uma casa de campo em frente a um imenso lago pode ser o lugar mágico e ideal para passar um final de semana romântico e tranquilo junto com o seu amor e amigos, certo? Certo. Mas e se todo esse incrível passeio fosse programado por seus amigos para fazer uma intervenção sobre o seu casamento, continuaria sendo tão bom assim? É, acho que não. Ninguém gosta muito que terceiros se metam em sua relação, praticamente obrigando-lhe a se divorciar, justo quando você está tentando salvar seu casamento de uma crise. 

Aqui percebemos o quanto as pessoas se preocupam muito em olhar e querer resolver os problemas dos outros do que os próprios. Quatro casais tentam “ajudar” duas pessoas que parecem não ter sido feitas para ficarem juntas mas insistem em uma relação, e às vezes dá a impressão que esses casais fazem isso para tirar o foco do próprio conflito de seus relacionamentos para não terem que falar sobre isso e enfrentar o que precisa ser enfrentado, independente do que aconteça.


Annie é uma alcoólatra que já adiou seu casamento quatro vezes, e seu namorado, Matt, já começou a demonstrar impaciência em relação ao motivo de ela não querer casar, qual não se sabe ainda. Natasha, após três anos de namoro quer dar um passo adiante em seu relacionamento, mas teme em falar sobre o assunto com a sua namorada, Jessie, porque a garota já demonstrou demasiada independência e desinteresse de morar junto com outra pessoa. Ruby e Peter são casados há muitos anos, tem filhos, mas estão com o casamento em crise e parecem não se suportar mais. Jack, viúvo há 1 ano e meio, acaba conhecendo Lola, uma jovem de 22 anos que traz vitalidade para uma vida que já estava cinzenta; ele é o tipo de homem que por mais que preze muito pela liberdade, gosta de estar em relacionamentos sérios, o que acaba sendo um impasse para a garota, que se acha muito nova e mostra medo de um compromisso sério.

Todos com os seus problemas para resolver e acabam focando nos problemas do casal amigo, o que leva a um jogar na cara do outro as suas imperfeições e é obvio que isso gera um conflito entre eles individualmente e entre os casais, mas como se conhecem há anos e se encontrarem naquela casa de campo é uma tradição antiga, nenhum deles cogita ir embora antes de estarem resolvidos, o que acaba sendo muito legal e decente da parte dos amigos. 


Temos aqui os famigerados clichês de ”tudo se resolve no final”, mas não da forma como estávamos esperando que fosse, e isso é um ponto positivo para o enredo. O filme, por ter uma pegada mais realística, não exige muito da atuação do elenco. No entanto, duas atrizes merecem destaque: Cobie Smulders, no papel de Ruby, pois consegue muito bem transparecer a total indignação, irritação e cansaço que um casamento aos pedaços pode causar, e Melanie Lynkskey, no papel de Annie, que está muito bem fazendo o papel de amiga bêbada inconveniente. 

É um filme com um ritmo mais lento que pode deixar aquele espectador ansioso por muita ação e reviravoltas um pouco entediado, mas vale a pena ser visto independente do que você espera de um filme ou do seu gênero preferido, pois a reflexão que traz é bastante valiosa: não adianta você querer resolver os problemas do mundo sem ter resolvido o que precisa em sua própria vida.



Título Original: The Intervention

Direção: Clea DuVall

Elenco: Clea DuVall, Cobie Smulders, Melanie Lynskey, Natasha Lyonne, Jason Ritter, Vincent Piazza, Ben Schwartz, Alia Shawkat e mais.

Sinopse: Um final de semana de folga para quatro casais tem uma reviravolta quando um deles descobre que toda a viagem foi organizada para uma intervenção em seu casamento.

Trailer:

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