Crítica: O Mínimo Para Viver (2017, de Marti Noxon)



Pode conter spoilers (mas é bem pouquinho, eu prometo!).


A Netflix não está deixando a desejar em suas produções, e não fez diferente em O Mínimo Para Viver. Começar a falar desse filme só não é mais sufocante que viver na pele de Ellen (Lily Collins) e todas as inúmeras pessoas que sofrem com transtornos alimentares. Além de sufocante, é muito difícil e complicado criticar um filme cinematograficamente, quando na verdade, seria muito melhor abordado caso fosse criticado explorando todos os temas psicológicos. Então, já peço perdão de antemão aos conhecedores e entendedores da mente e corpo humano, e aqui vai uma crítica um pouco mais técnica (mas com compaixão e empatia) do que talvez você estivesse esperando…

A ideia desse filme ainda é novidade no mundo de hoje, mundo esse em que vivemos tentando nos reajustar a padrões inalcançáveis extrapolando os próprios limites do corpo por uma perfeição que não existe. E essa busca inalcançável pela perfeição acaba deixando as pessoas muito doentes, sendo que algumas nem conseguem sobreviver.

O visual do filme é muito limpo, não há cenas com muitas informações. As imagens mostram aquilo que é para ser abstraído em cada momento e, muitas vezes, as cenas acabam se tornando pesadas, não no sentido ruim, mas pesadas por mostrarem as situações como são na realidade. E isso acaba sendo bastante chocante, mas necessário.

Além de ter uma filmografia limpa, interessante e super chocante, isso é resultado dos nossos talentosos atores e atrizes. Muitos rostos super familiares nessa produção, como Lily Collins (OKJA, Simplesmente Acontece, Sem Saída), Keanu Reeves (Matrix, Constantine, Versões De Um Crime), Liana Liberato (O Melhor De Mim, Ligados Pelo Amor, Confiar) e Lili Taylor (Invocação Do Mal, Anne Frank – Uma Biografia, Atraídos Pelo Crime). Tanto esses atores mais conhecidos no mundo do cinema, quanto os outros, tiveram atuações impecáveis e conseguiram passar com maestria toda a dor e sofrimento em suas encenações.


Esse filme está sendo muito 8 ou 80. Adorado ou odiado. E por motivos muito pequenos e por vezes banais. Por isso é importante destacar alguns pontos antes de você abrir a Netflix e dar play. Transtorno alimentar não deriva do nada, geralmente acabam desencadeando pela fragilidade que algumas pessoas têm ao não saberem lidar com os padrões impostos por essa sociedade asfixiadora. A própria personagem fala isso de forma intrínseca com seu médico. O gatilho da doença foi sutilmente desenvolvido ao longo do filme, não sendo necessário uma introdução. Então, preste atenção aos mínimos detalhes. Cada fala importa! E cada cena também!

Algumas pessoas reclamaram que a temática do filme é forte demais para ter sido conduzida da maneira que foi, mas amigo querido, desculpe te informar: foi intencional. A intenção foi justamente essa, de mostrar certas “coisas” didaticamente. A Netflix há algum tempo vem usando suas produções com temas que precisam de debate e querendo ou não, ainda são grandes tabus. Como o suícidio (Os 13 porquês – “13 Reasons Why”), uso de animais para consumo (OKJA), relacionamentos não convencionais (Eu, Tu e Ela), profissionais antiéticos (Gypsy), racismo (Cara Gente Branca), entre outros.

Algumas outras pessoas também reclamaram que o filme foi romantizado, que a anorexia foi romantizada e que é muito fácil se livrar dela. Não, o filme não foi romantizado. Tampouco a anorexia. Quem dirá mostrou que é fácil de sair dela. Como eu disse. Preste. Atenção. Aos. Mínimos. Detalhes. Tudo nesse filme importa! Tudo, tudo, tudo! Tente assisti-lo da perspectiva de quem está sofrendo passando pelo problema, não de quem está observando quem sofre. E perceba que se fosse você na pele de uma pessoa que passa por isso (ou qualquer outro tipo de problema), qualquer coisa boa que a vida proporciona já é uma grande ajuda, sendo um banho de chuva, uma exposição de arte ou um beijo. Usar o amor pelas pessoas, pelas coisas, pela VIDA, não é romantizar um tema complexo, é nada mais nada menos que mostrar que o amor (principalmente a si mesmo) além de humanizar, cura! 

Por mais que a vida seja difícil e te coloque a prova de fogo algumas vezes, ela ainda assim está aqui o tempo todo para te mostrar e te proporcionar coisas pelas quais valem a pena a queimadura. Valem a pena à luta para serem sentidas e vividas!

Título original: To The Bone

Direção: Marti Noxon 

Elenco: Lily Collins, Keany Reeves, Lili Taylor, Brooke Smith, Alex Sharp, Kathryn Prescott, Liana Liberato, Carrie Preston, Ciara Bravo, Hana Hayes, Joanna Sanchez, Leann Lei, Michael B. Silver, Rebekah Kennedy, Yindra Zayas. 

Sinopse: Uma jovem (Lily Collins) está lidando com um problema que afeta muitos jovens no mundo: a anorexia. Sem perspectivas de se livrar da doença e ter uma vida feliz e saudável, a moça passa os dias sem esperança. Porém, quando ela encontra um médico (Keanu Reeves) não convencional que a desafia a enfrentar sua condição e abraçar a vida, tudo pode mudar.

                                   Trailer:



Galeria de Imagens:




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